“Nada do que é humano nos é estranho, para citar outra frase latina. Vemos as mesmas ilusões, as mesmas esperanças, os mesmos planos para a vida. As mesmas contingências que alteram, ou acabam, com os planos. O envelhecimento. A doença. A morte, em tom cômico ou trágico, tanto faz. E os filhos que chegam. E os filhos que partem. E os filhos que retornam — ou não. Histórias de amor que prometiam tanto e falharam tanto. Solidão. Arrependimentos. Ou nem por isso: segundas oportunidades. Depois, o tempo dá um salto e vemos tudo outra vez — na mesma sala, no mesmo espaço, no mesmo canto do mundo. A natureza humana é o supremo clichê. (...) excetuando um asteroide mal-humorado ou uma guerra nuclear, 2025 será igual a 1925, e a 1825, e a 1125. Do ponto de vista da eternidade. Basta instalar uma câmera na minha sala, ou na sala do leitor, e espreitar para o passado, para o presente e para o futuro. (...) Vejo pela lente a selva, os primeiros arruamentos, as primeiras iluminações. As primeiras ...
“(...) uma vez tive um date com uma garota. na primeira noite ela dormiu em casa. de manhã perguntou se podia se banhar. primeiro encontro é sempre esquisito. quis quebrar o gelo e entrei no banheiro com um livro e caguei na frente dela: — o que você está fazendo? — criando intimidade. ela nunca mais saiu comigo. devia ter avisado antes. quando a gente não avisa, dá merda.” “duas senhoras conversam enquanto tomam um café na padaria. (...) — sabe, quando perdemos o marido viramos viúva. (...) — quando perdemos os pais nos tornamos órfãs. (...) — quando se perde um filho não existe palavra.” “aquele corpo, que ...