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Mostrando postagens de outubro, 2023

Dez passagens do livro de ensaios Rastejando até Belém, de Joan Didion

Joan Didion (foto: John Bryson) “Eu por acaso me sinto à vontade com (...) aqueles que vivem mais fora do que dentro, que são dotados de um sentimento de pavor tão agudo que se voltam para compromissos radicais e condenados. Eu mesma sei algo sobre o pavor, e aprecio os sistemas elaborados com que algumas pessoas conseguem preencher o vazio; aprecio todos os opiáceos que as pessoas usam, sejam eles de fácil acesso, como o álcool, a heroína e a promiscuidade, ou difíceis de encontrar, como a fé em Deus ou na História.” “Tudo volta. Talvez seja difícil enxergar o valor de lembrar-se de si nesse estado de ânimo, mas eu enxergo. Acho que é aconselhável continuarmos aceitando as pessoas que um dia fomos, quer as consideremos companhias atraentes, quer não. Caso contrário, elas vão aparecer sem avisar e vão nos pegar de surpresa, batendo sem parar na porta da mente às quatro da manhã de uma noite maldormida, e exigindo saber quem as abandonou, quem as traiu, quem vai fazer as pazes. Nos esqu

Os melhores versos de Robert Smith nos discos The Cure

Robert Smith (foto: John Stoddart) Em setembro deste ano, tive o prazer de me dedicar à obra da banda inglesa The Cure , ouvindo a sua discografia por vários dias, para elaborar a “ Seleta: The Cure ”, uma playlist com as 100 músicas que mais gosto. Daí, assim como fiz com Renato Russo em 2021 [leia aqui ] e Belchior em 2022 [leia aqui ], elaborei uma seleta com os melhores versos do cantor, compositor e letrista inglês Robert Smith , o grande ícone da banda The Cure . Leia abaixo, formatados como prosa, na ordem dos discos mais recentes aos mais antigos [Quer saber qual é a música de cada verso? Escute os discos e encontre!]. Uma carta para todas as Elisas que habitam a gente. PS: A tradução do Google (com alguns ajustes meus) dos versos para o português segue abaixo também. “4:13 Dream” (2008) “And everything gone, and all still to come as nothing to us. Together as one, in each others arms, so near and so far, forever as now, underneath the stars” “E tudo se foi, e tudo ainda e

Dez passagens de Jorge Amado no romance Os velhos marinheiros ou O capitão-de-longo-curso

“Afinal, digam-me os senhores com suas luzes e sua experiência, onde está a verdade, a completa verdade? (...) Está a verdade naquilo que sucede todos os dias, nos cotidianos acontecimentos, na mesquinhez e chatice da vida da imensa maioria dos homens ou reside a verdade no sonho que nos é dado sonhar para fugir de nossa triste condição? Como se elevou o homem em sua caminhada pelo mundo: através do dia-a-dia de misérias e futricas, ou pelo livre sonho, sem fronteiras nem limitações? (...) Quem dirige as mãos dos sábios a mover as alavancas na partida dos esputiniques, criando novas estrelas e uma lua nova no céu desse subúrbio do universo? Onde está a verdade, respondam-me por favor: na pequena realidade de cada um ou no imenso sonho humano? Quem a conduz pelo mundo afora, iluminando o caminho do homem?” “Amanheceu um sol de Dois de Julho de tão brilhante e cálido, o céu despejado, o mar como um lençol de aço reluzente cortado pelo orgulhoso ita de altaneira proa. (...) Espalhava-se p

Mirdad Cultura

A Mirdad Cultura é uma empresa autoral, focada na realização dos seus produtos (feitos em parceria com outras produtoras ou não), com expertise em criação, elaboração, realização e prestação de contas de projetos e festivais culturais, gestão de conteúdo (curadoria e coordenação da campanha promocional, das redes sociais e dos registros audiovisuais e fotográficos) e gestão de risco, aprovação, administração e captação de recursos para projetos via leis de incentivo, editais e mercado, especialista em grandes eventos literários. A Mirdad Cultura (CNPJ 50.207.266/0001-88) é uma produtora que acredita em festivais e busca oferecer a melhor experiência para o público, artistas e patrocinadores dos seus produtos, criando e realizando eventos inovadores, interessantes, criativos e que ofereçam um legado à cultura brasileira. Sediada na cidade de Cachoeira, Bahia, com disponibilidade para atuar em qualquer lugar do Brasil, a Mirdad Cultura é uma sociedade limitada unipessoal, composta p

Dez passagens do livro Assassinos da Lua das Flores, de David Grann

“Houve uma pergunta, uma única, que o juiz, os promotores e a defesa nunca fizeram aos jurados, mas que era fundamental para o processo judicial. Um corpo de jurados formado por doze brancos seria capaz de punir outro branco por matar um índio? Um repórter cético comentou: ‘A atitude de um criador de gado do interior do país em relação ao índio puro [...] é bem conhecida’. Um membro importante da tribo osage pôs a questão em termos mais francos: ‘Fico debatendo na cabeça se esse júri está julgando um processo de homicídio ou não. Para eles a questão consiste em decidir se o fato de um branco matar um osage é assassinato... ou apenas crueldade com animais’.” “(...) Para ela, como para todos os osages, o nascimento dos filhos tinha sido a maior bênção de Wah’Kon-Tah, a força vital misteriosa que perpassa o Sol, a Lua, a Terra e as estrelas; a força em torno da qual os osages tinham estruturado sua vida ao longo de séculos, esperando conferir alguma ordem ao caos e à confusão na Terra; a