Elisa Lispector “Cérebro de um movimento que depressa ganhou os mais ardorosos adeptos, via-se reduzido à inação. Fizera-se lema, transformara-se em mito, e tinha excedido a grandeza em que ele próprio e os outros o haviam enquadrado. Não mais se pertencia. A máquina que ele montara, acionavam-na agora seus sectários, cujas decisões já se antecipavam às suas. E nesse instante o homem projetava seu pensamento para além da contenda que se tratava, a considerar o quão pouco requeriam sua participação, e até que ponto os demais se encarregavam de conduzir os acontecimentos. (...) Melancolicamente percebia ser apenas um motivo em torno do qual seus companheiros se afanavam, mas um motivo tão impessoal e destituído de interesse quanto o seria um objeto inanimado. Nenhum laço de afeto os unia, empenho algum, senão o da autossuficiência e o desejo de supremacia de uns sobre os outros. E de repente teve uma extrema sensação de isolamento.” “Ele anuíra. Deixava-se ir e vir, afanar-se até não mai
O lampião e a peneira do mestiço