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Mostrando postagens de novembro, 2013

Dedicatórias: Livros de Jessica Smetak, Carpinejar, Eduardo Bueno e Mariana Paiva

Livros de Jessica Smetak, Carpinejar, Eduardo Bueno e Mariana Paiva 2013 –  Walter Smetak – Som e espírito (ALBA, 2013) Jessica Smetak Paoli "Mirdad, você apostou nessa biografia e sonhou com esse grande dia assim como eu. Você tocou essa pedra! Obrigada pelo apoio e orientação incondicionais. Você também construiu esse momento. Beijos, Jessica Smetak. 7.11.13" ----------- 2013 –  Canalha! (Bertrand Brasil, 2008) Carpinejar "Cachoeira, 24/10/13. Para Boneco de Olinda, amado, a infância tem repescagem. Beijo Carpinejar" ----------- 2013 –  Brasil uma história (Leya, 2013) Eduardo Bueno "Pro Mirdad, aqui vai um mergulho no Brasil. Um abraço do Eduardo Bueno. Cachoeira 25/10/2013" ----------- 2013 –  Barroca (P55, 2011) Mariana Paiva "Para Emmanuel Mirdad, boa leitura! (e até que enfim!). Beijo, Mariana 25/10/13 (direto da Flica!)"

Vamos ouvir: Opanijé

Opanijé (2013) - Opanijé Não consegue visualizar o player? Ouça aqui Release disponível no soundcloud do grupo: " OPANIJÉ Dia 26 de novembro o grupo OPANIJÉ lança o primeiro disco da carreira, em parceria com o selo GARIMPO MÚSICA (www.garimpomusica.com.br). Com repertório formado em sua maioria por músicas autorais da dupla Lázaro Êre e Rone Dum-Dum o disco tem produção musical de André T, responsável por trabalhos importantes da cena musical (Pitty, BaianaSystem, Cascadura, Retrofoguetes). O álbum chega com 14 faixas e as participações especiais de Ellen Oléria em Aqui Onde Estão; os rappers G.O.G., Aspri e Gomez na faixa Sangue de Angola e Gomez e X em O Que Eu Quiser; Orquestra Rumpilezz em Deus que Dança; Robertinho Barreto (BaianaSystem), DJ Márcio Cannibal e Sereno Loquaz na faixa Vamuinvadi; Heider Soundcista em Encruzilhada; e ainda contaram com o auxílio luxuoso do percussionista Gabi Guedes em diversas faixas. Gravado, mixado e masterizado por an

O drible, de Sérgio Rodrigues — Parte 02

Sérgio Rodrigues Foto: Bel Pedrosa | Arte: Mirdad "Aquilo a paralisou. Ela ia dizer alguma coisa, travou. Neto teve a impressão de que seus olhos negros ficavam ocos de repente, não vidrados mas vazios, como se o espírito tivesse escapado feito gás por um buraco abaixo da linha da visão. Ou da cintura. A consciência de ter acabado de desferir um golpe de violência ultrajante o desequilibrou (...) Era a mesma sensação que tivera na infância ao matar a porretadas, indignado por ter sido arranhado de leve no braço, o filhotinho de gato amarelo encontrado atrás de uma moita do Parque Guinle. A vertigem de ter ido longe demais, de ter agido de forma atroz e já não poder recuar. A náusea de saber que viveria para sempre com a lembrança da carinha assustada do bicho. A consciência de ser um monstro. 'Tudo bem, Gleyce, eu pago o aborto. Você vai na melhor clínica do Rio'" "Sim, estava se aproveitando de uma vantagem socioeconômica para descolar sexo

O oco-transbordo, de Tiganá Santana — Parte 02

Tiganá Santana Foto: Rodrigo Sombra | Arte: Mirdad "A espera detona os explosivos por não pertencer ao tempo. E, no que não pertence ao tempo, repassa-o às mãos da realidade" "O rio talvez seja um caminho reverso arrumando a simplicidade das nascenças, a manutenção da prosa recuada, a permissão para lavar roupa que se limpa do trabalho. Um modo direto de aceitar a esquistossomose porque é o rio também uma fenda, uma ofensa que parece livre e descontrolada, acúmulo de água na pleura dos desertos" "Três coisas hão de mudar: o rio, a causa e a cicatriz. O primeiro, porque não regressa; o segundo, porque não segue e o terceiro, porque estanca. (...) nada passa pelo corte. ruptura da louça, da seiva e do que enverga" "A roda não gira por ser ilusão; afeiçoa-se por ser amiga da morte" "A ignorância de todos é o rio – não há o olhar em cheio – conforme a sua meritocracia e o seu arrepe

Mayombe, de Pepetela

Pepetela Foto: Divulgação | Arte: Mirdad O romance " Mayombe " do escritor angolano Pepetela tem um protagonista sensacional: o comandante Sem Medo . Primeiro, é um daqueles nomes perfeitos que alguém eterniza – Pepetela gastou essa ficha [como eu queria ter um personagem chamado Sem Medo !]. Segundo, que é um grande líder, firme, corajoso, companheiro e irônico, mordaz em críticas ao partido que segue, expondo o que interessa: a coerência. Sem Medo diz "Eu não posso manipular os homens, respeito-os demasiado como indivíduos. Por isso, não posso pertencer a um aparelho".  Fascinei-me por Mayombe , é um dos livros que quero adaptar ao cinema, pois renderia um filmaço. Trata de um grupo de guerrilheiros do MPLA em prol da independência de Angola, mas também apresenta um sedutor triângulo amoroso. E muitos diálogos certeiros, como na "cena" em que Sem Medo questiona as intenções políticas do seu grupo com o segundo em comando, o Comissário.

Crônicas: Barquinho Amarelo

Outubro de 1985 Na legenda do álbum de fotos da infância, D. Martha [minha mãe] escreveu: “Salvador, 7/10/85. Aniversário de Mirdad de 5 anos na escola ‘Barquinho Amarelo’. Ele está aí com a 1ª paixão” . Na foto, me impressiona a cumplicidade do abraço, como a menina entrelaça confortavelmente seus bracinhos no pescoço do menino, e ele retribui o enlace com as mãozinhas em força, no típico entrelaçamento robusto de quem possui por amor. Primeira paixão. É algo tão remoto e inocente que nem restou o nome. Como você se chama? Quem é você? Aliás, o que você se tornou? No poema “ Amor à primeira vista ”, a poetisa polonesa Wislawa Szymborska , em tradução de Regina Przybycien, diz: “Porque afinal cada começo é só continuação e o livro dos eventos está sempre aberto no meio”. Este trecho é lindo e de uma intensa verdade. A cada novo amor que a sorte e a persistência nos proporciona, continuamos o melhor do legado afetivo construído em parceria com quem passou por nós e leva agora a

Dedicatórias: Livros de Pepetela

Livros de Pepetela 2013 – Mayombe  (Leya, 2013) "Para Mirdad, com a amizade e o reconhecimento pela maneira como me receberam na Flica. Pepetela. 26.10.13" ----------- 2013 – A geração da utopia  (Leya, 2013) "Para Mirdad, com o afecto e estima do Pepetela. 26.10.13" ----------- 2013 – Predadores  (Língua Geral, 2012) "Para Mirdad, com um abraço. Pepetela. 28.10.13" ----------- 2013 – O planalto e a estepe  (Leya, 2013) "Para Mirdad, com a amizade do Pepetela. 28.10.13"

O drible, de Sérgio Rodrigues — Parte 01

Sérgio Rodrigues Foto: Bel Pedrosa | Arte: Mirdad "Muita coisa distancia vida afora pessoas que se contemplam sobre um abismo de vinte ou trinta anos – música, moda, política, costumes, tecnologia –, mas são praticamente indissolúveis os laços forjados na infância em torno das cores de uma camisa, do culto a ídolos vivos ou mortos, do frenesi terrível de se apertarem lado a lado entre milhares de seres humanos reduzidos a uivos primais, o menino de todas as épocas sentindo no estômago o pavor de ser engolido pela multidão e encontrando na presença do pai a segurança necessária para se perder em algo maior do que ele sabendo que, no fim da partida, fará o caminho de volta"  "É de supor que esteja frustrado pelo gol que não conseguiu fazer, mas parece tranquilo, de uma placidez até arrogante de quem dá a entender que na verdade nunca quis fazer o que parecia ter querido fazer, que tudo saiu conforme o planejado e aquela impressão deixada em todo mundo

O oco-transbordo, de Tiganá Santana — Parte 01

Tiganá Santana Foto: Rodrigo Sombra | Arte: Mirdad "A morte é o que a sinopse não abordou" "O instante é puir a cera do ouvido para cheirar as vistas enquanto o fogo circula a febre ou a fuga dos espíritos" "Fossem vitais os tecidos, não haveria rio, que delonga a emoção grossa do que é pisado pelo peso ou pelo fato" "Não há nada no mundo que se importe com o mundo enquanto coisa extrínseca. O rio, à noite, faz um sol esquecido do protagonismo" "Das moradas que invadimos, uma se dedica a ser espaço, a segunda, à desordem; a mesma, à autotrofia (...) Outras pontes conectam o corpo com o sumiço (...) é sempre solar a estagnação sobre a sombra (...) é sempre sombria a riqueza concentrada dum corpo mudo" "O lacre é o que permite identificar a nudez em novelo, na rua, geminando as oficinas de filosofia. Pra quando se ocupa de fazer o próprio ânimo, a paisagem de extremos. O blues na navalha ou

O filho eterno, de Cristovão Tezza

Cristovão Tezza Foto: Divulgação | Arte: Mirdad Demorei seis anos para chegar no romance " O filho eterno ", de Cristovão Tezza , mesmo após ele ter levado, de uma só vez, os seis mais importantes prêmios literários do país entre 2007 e 2009. Mesmo após todo o mercado comentar, e catapultar o escritor à sina "(I Can't Get No) Satisfaction" pra toda sua vida – sempre onde for, em cada entrevista ou palestra que der, vai ter que falar sobre o incrível romance. Engraçado que, dias antes de começar a leitura, dois escritores amigos, que tenho admiração pelo conteúdo e obra que empenham, menosprezaram o livro. Fiquei intrigado, pois o amigo Márcio Matos  tinha feito uma louvação à obra que não me deixou dúvidas ser merecedora de tantos louros. Pois bem, encarei " O filho eterno " com o atraso digno de um Barrichello com a disposição de ver quem estava correto. Márcio tinha razão – endosso seu comentário no Facebook: "Livraço aço aço!"

Mayombe, de Pepetela — Parte 04

Pepetela Foto: Divulgação | Arte: Mirdad "Quando um homem anda com uma pistola a gritar que vai matar outro, ninguém faz nada. É preciso que ele dispare para que se tomem medidas" "Para os homens que apreciam a vida humana, que lutam porque apreciam a vida humana, camarada, é muito difícil ser-se voluntário para executar à punhalada um homem, mesmo que seja um traidor miserável. Eu vi as caras dos outros. Os maiores combatentes viravam-se para não ver, os mais duros combatentes tapavam os olhos com as mãos. E estas mãos, camarada, estas mãos espetaram o punhal na barriga do traidor e rasgaram-lhe o ventre, de baixo para cima. E o meu corpo todo sentiu as convulsões da morte no corpo do outro. Queres mais detalhes?" "O soldado era um miúdo aterrorizado à sua frente, a uns quatro metros, as mãos fincadas na culatra que não safava a bala usada. Os dois sabiam o que se ia passar. Necessariamente, como qualquer tragédia. A bala de Sem Med

Canalha!, de Carpinejar

Carpinejar Foto: Divulgação | Arte: Mirdad Segundo a descrição no site do Carpinejar , a coletânea de crônicas " Canalha! – Retrato poético e divertido do homem contemporâneo " (Bertrand Brasil, 2008), vencedora do Prêmio Jabuti de crônica de 2009 , é "uma provocação desde o título. Um ato corajoso e irreverente contra os rótulos masculinos. Uma leitura divertida do homem contemporâneo, perplexo e desorientado com as transformações de comportamento e a dissolução dos papéis fixos familiares. O autor mostra que o canalha mantém o charme sexual, mas não é mais o mesmo apregoado pelo Nelson Rodrigues e tantos escritores da metade do século XX". Confira abaixo as pílulas de " Canalha! ": Parte I Leia aqui "Eu não me sinto sujo depois do sexo. Eu me sinto limpo, eu me sinto perfumado, eu me sinto enredado de nascimento. E não darei tão cedo minha memória para a água" ----------- Parte II Leia aqui "Sua morte não

Dedicatórias: Livros de Cristovão Tezza

Livros de Cristovão Tezza 2013 – O filho eterno  (Record, 2007) "Ao Mirdad, neste ótimo encontro em Cachoeira, com um grande abraço do Cristovão Tezza. Cachoeira, 23/10/13" ----------- 2013 – Um operário em férias  (Record, 2013) "Ao Mirdad, um operário da cultura sem férias, estas 100 crônicas escolhidas, com um grande abraço do Cristovão Tezza. 23/10/13" ----------- 2013 – Breve espaço  (Record, 2013) "Ao Mirdad, com um grande abraço do Cristovão Tezza. 23/10/13"

Mayombe, de Pepetela — Parte 03

Pepetela Foto: Divulgação | Arte: Mirdad "Eu não posso manipular os homens, respeito-os demasiado como indivíduos. Por isso, não posso pertencer a um aparelho" "Não acredito numa série de coisas que se dizem ou se impõem em nome do marxismo. Sou pois um herético, um anarquista, um sem-Partido, um renegado, um intelectual pequeno-burguês... Uma coisa, por exemplo, que me põe doente é a facilidade com que vocês aplicam um rótulo a uma pessoa, só porque não tem exatamente a mesma opinião sobre um ou outro problema" "Homens que trabalham há muito tempo juntos cada vez têm menos necessidade de falar, de comunicar, portanto de se defrontar. Cada um conhece o outro e os argumentos do outro, criou-se um compromisso tácito entre eles. A contestação desaparecerá, pois. Onde vai aparecer contestação? Os contestatários serão confundidos com os contrarrevolucionários, a burocracia será dona e senhora, com ela o conformismo, o trabalho ordenado ma

O filho eterno, de Cristovão Tezza — Parte 03

Cristovão Tezza Foto: Divulgação | Arte: Mirdad "Livre significa: sozinho" "Seria bom se fosse simples assim, ele suspira: uma explicação, qualquer uma. O problema é justamente o contrário: não há explicação alguma. Você está aqui por uma soma errática de acasos e de escolhas, Deus não é minimamente uma variável a considerar, nada se dirige necessariamente a coisa alguma, você vive soterrado pelo instante presente, e a presença do Tempo – essa voracidade absurda – é irredimível" "Simular que um gesto produzido pelo mundo da cultura é natural, autêntico, verdadeiro, uma expressão transcendente e inelutável, um fruto da natureza e não uma escolha contingente entre milhares de outras, pela qual somos responsáveis, é também a essência do messianismo. O messias, de qualquer tipo, é alguém que atribui ao próprio gesto, lapidarmente construído, uma naturalidade – quando não uma divindade – que ele jamais terá" "

Canalha!, de Carpinejar — Parte 02

Carpinejar Foto: Divulgação | Arte: Mirdad "É triste encontrar um livro autografado no sebo. O desconsolo de ser recusado pelos pais biológicos. A dedicatória ingênua acreditando na leitura, alheia ao desprezo que lhe será reservada. A data e os nomes evidentes, mal sabendo que seriam revendidos como artigo anônimo. O volume repudiado volta idoso e frágil às livrarias, sem a arrogância de lançamento, aguardando a adoção em nome do preço baixo" "Nada mais implacável do que perder a casa por falta de pagamento e baixar o olhar, impotente, aos filhos enquanto o oficial de justiça e os policiais empurram tudo para fora. No despejo, a única honra possível é recolher suas coisas antes dos estranhos (...) Não importa o grau de instrução, na dívida se é um iletrado. Um inconsequente. Um irresponsável. O devedor pede desculpa já no café da manhã. Nada mais implacável do que não contar com uma sombra familiar para repartir a inquietação (...) Nada mais im