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Mostrando postagens de julho, 2021

Discografia Emmanuel Mirdad: Orange Poem (2021), do Orange Poem

Pense que num mesmo disco de rock você pode encontrar as vozes de Glauber Guimarães (ex-Dead Billies), Teago Oliveira (Maglore), Nancy Viégas (Radiola) e Mauro Pithon (ex-Úteros em Fúria), e que apresenta a sensível voz folk de Rodrigo Pinheiro (Mulher Barbada). E que, por mais inacreditável que pareça, tem a ilustre presença da voz de floresta, ancestral, do mestre Mateus Aleluia (ex-Os Tincoãs), um dos mais importantes e referenciais artistas da música afrobaiana. Que disco é esse? Trata-se do autointitulado álbum da banda de rock progressivo & blues psicodélico Orange Poem , de Salvador, Bahia, com 18 canções , disponível nas plataformas digitais. Produzido pelo compositor, escritor e produtor Emmanuel Mirdad , criador e coordenador da festa literária Flica , o álbum foi gravado pelo experiente Tadeu Mascarenhas , do estúdio Casa das Máquinas, responsável por vários discos da nova música baiana, uma referência no mercado. Mais informações, acesse o release aqui Ouça no Sp

Dez passagens de Buddhadeva Bose no romance Meu tipo de garota

Buddhadeva Bose (foto daqui )           “(...) ‘Então, será que tudo é ilusão? Nada permanece? Você que é escritor, por que não conta para nós?’.           O magrinho pareceu envergonhado de receber assim o título de escritor, mas não demorou a responder.           ‘A memória permanece. Por fim apenas as lembranças permanecem, e nada mais.’           ‘E qual é o valor da memória?’           ‘Nenhum’, anunciou alegremente o homem de Delhi. ‘Ela corrói o trabalho, desperdiça o tempo, deixa a gente triste.’”           “(...) Uma vela ardia sobre a mesa, grandes sombras tremiam nas paredes: parecia que a luz ia abandonando sua luta desigual com a escuridão. Eu também não conseguia lutar contra o sono. Como um pirata, o sono me cortava as mãos e as pernas; meu corpo derretia como cera, e cada vez que eu me chicoteava para não ceder, uma enorme onda de sono se erguia lá das profundezas. E enquanto eu me afogava, pensava, ó Mona Lisa, será que você também está lutando contra a morte dessa man

Seleta: Renato Russo

Renato Russo (foto: Ricardo Junqueira) Renato Russo é o meu cantor predileto. Em abril desse ano, quando postei uma Seleta com a Legião Urbana  (ouça aqui ), afirmei: “é o meu letrista favorito, a referência que me motivou a cantar, compor e formar uma banda [o seu timbre e interpretação me impressionam demais!]”. É bem isso. Uma pena que morreu tão jovem, aos 36 anos . Como eu queria ouvi-lo agora, com um novo álbum, como intérprete ou compositor, valendo até música cafona (de novo)! Enfim, “os bons morrem antes”. Na Seleta de hoje, as 60 músicas que mais gosto, gravadas por Renato Russo na sua carreira solo, presentes em seis álbuns desta discografia (apenas dois foram lançados por ele em vida, e “ Stonewall Celebration Concert ” é o meu predileto, sempre em repeat eterno quando o toco). Ouça no Spotify aqui  [não tem todas as músicas] Ouça no YouTube  aqui 01) If Tomorrow Never Comes [Stonewall Celebration Concert, 1994] 02) The Heart of the Matter [Stonewall Celebration Conce

Orange Poem nas plataformas digitais

Pense que num mesmo disco de rock você pode encontrar as vozes de Glauber Guimarães (ex-Dead Billies), Teago Oliveira (Maglore), Nancy Viégas (Radiola) e Mauro Pithon (ex-Úteros em Fúria), e que apresenta a sensível voz folk de Rodrigo Pinheiro (Mulher Barbada). E que, por mais inacreditável que pareça, tem a ilustre presença da voz de floresta, ancestral, do mestre septuagenário Mateus Aleluia (ex-Os Tincoãs), um dos mais importantes e referenciais artistas da música afrobaiana. Que disco é esse? Trata-se do autointitulado álbum da banda de rock progressivo & blues psicodélico Orange Poem , de Salvador, Bahia, que será lançado nas plataformas digitais na próxima sexta, 30 de julho . Produzido pelo compositor, escritor e produtor Emmanuel Mirdad , criador e coordenador da festa literária Flica , o álbum foi gravado pelo experiente Tadeu Mascarenhas , do estúdio Casa das Máquinas , responsável por vários discos da nova música baiana, uma referência no mercado. Clique aqui e f

Quinze passagens de Carlos Marcelo na biografia Renato Russo — O filho da revolução

          “(...) ao longo da carreira, Renato Russo soube se comunicar com maior desenvoltura com os fãs do que com os colegas de palco. Talvez pelo fato de sua força se concentrar mais na poética do que na busca de uma nova sonoridade — que, para muitos músicos, era demasiadamente simples e assemelhada ao formato consagrado no rock internacional. Mas a cada disco, a cada improvável sucesso radiofônico, Renato foi ampliando o seu espaço. E nem a morte o impediu de prosseguir. Nos últimos vinte anos, versos legionários foram cantados em toda parte: festivais de rock, trios elétricos, feiras agropecuárias, rodas de pagode, churrascos, festas de debutantes, karaokês, manifestações de esquerda e de direita, nas favelas e nas coberturas. Assim, por mérito próprio, Renato Russo passou a integrar o primeiro escalão da música popular brasileira. ‘Que país é este’, ‘Pais e filhos’, ‘Faroeste caboclo’, ‘Será’... Não se iluda, elas não pertencem a você. Nem a mim. Pertencem a todos. São incontorn

Seleta: Flávio José

Flávio José (foto: divulgação ) O artista de forró que mais gosto é o cantor, sanfoneiro e compositor Flávio José . Para mim, ele é a Voz do Nordeste . Um timbre único, raro, fantástico. Ouvir o canto desse Assum Preto-Rei é sentir o cheiro da caatinga, arrastar os pés no chão de barro ao pé da serra, embalar o coração juntinho com a parceira que amo, deslizar os passos como se no paraíso estivesse, saborear a mistura de amendoim com bolo de milho, purificar o sorriso como Dominguinhos ensinou, banhar-se com as rezas das senhoras sábias, prestar atenção aos causos, lendas e histórias do povo que construiu e orgulha o Brasil . Celebrar a pátria nordestina é escutar o mestre Flávio José ! Natural da sertaneja Monteiro , na Paraíba , em 2021 vai completar 70 anos (no primeiro dia de setembro), com mais de 30 discos lançados e vários sucessos emplacados na memória afetiva do povo brasileiro (fez a alegria e o estouro da carreira de muitos compositores, que tiveram a sorte de serem grav

Dez passagens de Chris Fuscaldo no livro Discobiografia Legionária

          “Renato Russo era democrático: na banda, todos tinham que opinar e qualquer decisão devia ser tomada em conjunto. O vocalista era a cabeça pensante da Legião Urbana, mas os demais integrantes carregavam o mesmo grau de importância, dentro ou fora do estúdio, lembra José Emílio [Rondeau]: ‘Ele sabia quando o Bonfá não ia gostar, sugeria que falasse com o Dado, dizia que seria o Negrete quem responderia tal coisa. O Renato delegava’.           Dado era sério e responsável, e Bonfá não tinha medo de dizer ‘não’ quando algo não lhe agradava ou ia contra os interesses da banda. ‘Eu era mais velho e estava na defensiva, querendo fazer valer minha autoridade de produtor. Fiz muita besteira por causa disso. E acabei brigando muito com o Bonfá. Mas depois nos desculpamos um com o outro’, conta Rondeau.”           “O processo de composição da Legião Urbana era ‘inusitado’, como define Mayrton Bahia: ‘Era comum eles chegarem com a linha de baixo e a bateria prontas, mas sem melodia algu