“(...) Vários críticos já disseram que sou um ‘poeta da memória’. E, quando alguém me falava disto, eu sempre perguntava: e qual não é? Porque, segundo a minha vida e as minhas leituras, a grande força da qualquer poesia vem frequentemente da memória, do passado, da juventude, da infância. Quem lê os poetas sabe disso. E não só os poetas: todos os artistas vão sempre à memória. E não só os artistas: todos os seres humanos. Aos meus alunos da universidade, eu às vezes dizia que o que realmente temos é de nosso passado, porque o presente é uma iluminação fugaz, e o futuro mera especulação. O passado é algo que realmente houve e continua vivo em nós, embora possa também se transformar em ficção, ao menos parcialmente, porque a memória às vezes imagina... Conseguem conceber um ser humano sem lembranças da vida? O que terá ele de seu, sobretudo no avançar da idade? Vazio. Um grande vazio. Sim, o que fará dele um ser tristemente desabitado.” “(...) voltemos ...
O lampião e a peneira do mestiço