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Epígrafes de Ruy Espinheira Filho — Parte 02

Ruy Espinheira Filho
Foto: Ricardo Prado (interferida por Mirdad)


“Antigamente é um país mágico”

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“Uma característica do tempo: subtrair-se avaramente, sobretudo quando gostaríamos que permanecesse mais”

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“Às vezes me ocorre que escrever é exatamente isso: ofício de quem não sabe aonde ir”

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“Das viagens não regresso jamais”

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“No silêncio repousa o seu cansaço”

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“Creio ter merecido de Deus, por fim, a misericórdia que concede a grande paz de Sua altíssima indiferença”

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“No ventre, o dom de semear novas infâncias numa terra distante”

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“Diremos outra vez as mesmas palavras e elas serão novas, embora tenha havido o que houve e saibamos o que sabemos”

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“Há um frio de horas velhas na alma que se medita”

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“Há sempre uma mulher cintilando em algum lugar do tempo”

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“As vozes da sabedoria são águas pesadas que despertam sujeiras e chagas onde tocam”

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“Sob esta luz o mundo inteiro some: só há o luar compondo em mim teu rosto, e o mar, que arde no aroma do teu nome”

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“Depois de certo tempo, a única certeza que temos em nós é a da implacável beleza das mulheres que amamos um dia, loucamente e até, em casos mais graves, eternamente”


Todas as epígrafes sugeridas acima estão presentes no volume Estação Infinita e outras estações (Bertrand Brasil, 2012), de Ruy Espinheira Filho, retiradas dos poemas Frio; Do súbito, do nada, uma carta; Condição; Depois; No silêncio; Elas; A avó; 31 de dezembro; Canção da alma meditativa; Bilhete a Guido Guerra; Adeuses; Soneto do nome e Depois de certo tempo, respectivamente.

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