Com o mestre na Bienal em 2013.
Foto: Edmilia Barros
Foto: Edmilia Barros
Meu mestre, um gênio, um intelectual primoroso, um escritor de estilo único, um homem refinado, uma biblioteca de extensos volumes, o grande e hábil escultor do conto, Hélio Pólvora, faleceu hoje de madrugada. Luz, saudades extremas!
A última vez que estive com o mestre, junto com o amigo e também mestre Mayrant Gallo, foi em janeiro passado. Conversamos sobre literatura e cinema, e lhe mostrei a boneca do meu livro O grito do mar na noite, dedicado a ele. Não deu tempo pra lê-lo, mas ele ficou contente com a singela homenagem. Pois a sua obra permanece, e as boas lembranças também. E não há um dia sequer em que eu não revise meu trabalho com a sua esfinge ao meu lado me dizendo: melhora isso aí, Mirdad! – algo que a sua honradez nunca fez com palavras. Mayrant escreveu um belo texto em seu blog relembrando o encontro, leia aqui
De toda a obra do mestre Hélio Pólvora que li, o trecho abaixo é o que mais me impactou, retirado do conto Mar de Azov, que dá nome ao premiado livro lançado em 1986:
"O mar é um animal gigantesco que arqueia o dorso, rouqueja e bufa, rosna e geme ao seu lado, a seus pés. As ondas erguem-se a poucos metros em forma de vagas, cavalgadas por manchas de espuma que não tardam a quebrar — e ele tem a impressão de correr à beira de um túmulo líquido que poderá levantar-se de repente em forma de muralha e sepultá-lo."
Hélio Pólvora eterno! Leia a pílulas que selecionei de sua sensacional coleção de livro de contos aqui.
E, dos mestres que tenho, só me restou o amigo Mayrant Gallo, depois de perder Ildegardo Rosa, meu pai, André Setaro e Hélio Pólvora.
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