Pular para o conteúdo principal

Dez anos que ganhei o primeiro edital


Hoje, dez anos atrás, o Oi Futuro divulgou o resultado do edital nacional de patrocínios culturais incentivados, e, para a minha imensa surpresa, fui contemplado! Foi a primeira vez que ganhei um edital (na primeira vez que participava de um), com um projeto que criei sozinho (no Réveillon de 2006-2007 lá no paraíso de Barra Grande, Bahia).

Considero essa data de 28/02/2008 um marco para mim, pois foi o começo da profissionalização da carreira de produtor cultural, que havia começado em 1999 (produtor de discos e bandas com minhas composições e agente de shows de bandas de rock), e que culminou na abertura de uma empresa – até chegar em 2013, quando abri, com mais dois sócios, a Cali, o atual negócio.

O projeto contemplado foi a 1ª edição de um prêmio voltado ao rock na Bahia. A tarja preta na imagem acima é porque o nome homenageava um grande ícone do rock nacional, que uma parte dos herdeiros se recusou a liberar o uso. Depois, em 26 de junho, ele seria renomeado para Prêmio Bahia de Todos os Rocks, e foi o primeiro projeto que realizei através da parceria público-privada, viabilizado pela Oi através do Fazcultura, Governo da Bahia (o lançamento foi em 04 de agosto e a cerimônia em 24 de novembro).


Como não tinha empresa, assinei a realização como Flor da Cruz (tinha a intenção de abrir uma produtora com esse nome)


Posso dizer que a Flica, que é o carro-chefe da produtora Cali, também começou hoje, 10 anos atrás. Motivos:

1) Foi por conta da boa relação que construímos com a Oi, após a realização de duas edições do Prêmio Bahia de Todos os Rocks (2008 e 2010), que a empresa se tornou o capital semente da Flica em 2011, quando era apenas um projeto no papel (o nosso primeiro patrocínio, que viabilizou a chegada de outros).

2) Por conta também desses projetos (e outros) que comprovamos nossa capacidade de execução para os representantes do Fazcultura/Secretaria de Cultura e do Governo da Bahia, para o mercado e para a sociedade.

3) O primeiro parceiro de trabalho que arrumei, por conta do Bahia de Todos os Rocks, o produtor Alan Lobo (saiu da parceria em 07 de agosto), foi o cara que deu a ideia de uma festa literária em Cachoeira, numa reunião de elaboração de projetos a serem realizados, no dia 25 de março.

4) Por conta do Prêmio BTR, comecei a trabalhar com o produtor cultural Marcus Ferreira (foi o produtor executivo contratado), e nos demos tão bem na função (fizemos o milagre de realizar um evento desse com apenas R$ 80 mil), que viramos sócios e abrimos a produtora Putzgrillo Cultura, que realizou duas edições da Festa Literária Internacional de Cachoeira (entre outros eventos) – e essa parceria continua, como sócios da Cali (junto a Aurélio Schommer), detentora da marca Flica junto à produtora iContent, da Rede Bahia.

5) Com a repercussão do Bahia de Todos os Rocks, fizemos a primeira reunião com um representante da iContent na época, que se interessou pelo prêmio, no dia 05 de dezembro. O iBahia viria a ser nosso apoiador na 2ª edição do prêmio em 2010, e a repercussão dessa edição serviria como balizador de confiança para o apoio da Rede Bahia à Flica em 2011, e o contrato de sociedade no evento a partir de 2012.

Confira a matéria do Soterópolis sobre a 1ª edição do Prêmio Bahia de Todos os Rocks (a TVE e a Educadora FM foram apoiadores do evento):


Não consegue visualizar o player? Veja no YouTube aqui

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Dez passagens de Clarice Lispector nas cartas dos anos 1950 (parte 1)

Clarice Lispector (foto daqui ) “O outono aqui está muito bonito e o frio já está chegando. Parei uns tempos de trabalhar no livro [‘A maçã no escuro’] mas um dia desses recomeçarei. Tenho a impressão penosa de que me repito em cada livro com a obstinação de quem bate na mesma porta que não quer se abrir. Aliás minha impressão é mais geral ainda: tenho a impressão de que falo muito e que digo sempre as mesmas coisas, com o que eu devo chatear muito os ouvintes que por gentileza e carinho aguentam...” “Alô Fernando [Sabino], estou escrevendo pra você mas também não tenho nada o que dizer. Acho que é assim que pouco a pouco os velhos honestos terminam por não dizer nada. Mas o engraçado é que não tendo absolutamente nada o que dizer, dá uma vontade enorme de dizer. O quê? (...) E assim é que, por não ter absolutamente nada o que dizer, até livro já escrevi, e você também. Até que a dignidade do silêncio venha, o que é frase muito bonitinha e me emociona civicamente.”  “(...) O dinheiro s

Oito passagens de Conceição Evaristo no livro de contos Olhos d'água

Conceição Evaristo (Foto: Mariana Evaristo) "Tentando se equilibrar sobre a dor e o susto, Salinda contemplou-se no espelho. Sabia que ali encontraria a sua igual, bastava o gesto contemplativo de si mesma. E no lugar da sua face, viu a da outra. Do outro lado, como se verdade fosse, o nítido rosto da amiga surgiu para afirmar a força de um amor entre duas iguais. Mulheres, ambas se pareciam. Altas, negras e com dezenas de dreads a lhes enfeitar a cabeça. Ambas aves fêmeas, ousadas mergulhadoras na própria profundeza. E a cada vez que uma mergulhava na outra, o suave encontro de suas fendas-mulheres engravidava as duas de prazer. E o que parecia pouco, muito se tornava. O que finito era, se eternizava. E um leve e fugaz beijo na face, sombra rasurada de uma asa amarela de borboleta, se tornava uma certeza, uma presença incrustada nos poros da pele e da memória." "Tantos foram os amores na vida de Luamanda, que sempre um chamava mais um. Aconteceu também a paixão

Dez poemas de Carlos Drummond de Andrade no livro A rosa do povo

Consolo na praia Carlos Drummond de Andrade Vamos, não chores... A infância está perdida. A mocidade está perdida. Mas a vida não se perdeu. O primeiro amor passou. O segundo amor passou. O terceiro amor passou. Mas o coração continua. Perdeste o melhor amigo. Não tentaste qualquer viagem. Não possuis casa, navio, terra. Mas tens um cão. Algumas palavras duras, em voz mansa, te golpearam. Nunca, nunca cicatrizam. Mas, e o humour ? A injustiça não se resolve. À sombra do mundo errado murmuraste um protesto tímido. Mas virão outros. Tudo somado, devias precipitar-te — de vez — nas águas. Estás nu na areia, no vento... Dorme, meu filho. -------- Desfile Carlos Drummond de Andrade O rosto no travesseiro, escuto o tempo fluindo no mais completo silêncio. Como remédio entornado em camisa de doente; como dedo na penugem de braço de namorada; como vento no cabelo, fluindo: fiquei mais moço. Já não tenho cicatriz. Vejo-me noutra cidade. Sem mar nem derivativo, o corpo era bem pequeno para tanta