Pular para o conteúdo principal

Martha Anísia — Músicas para Idosos na Pandemia (Vol. 1)

Martha Anísia e o seu violão Alhambra. Foto: Emmanuel Mirdad


Martha Anísia, 82 anos, passou os meses de abril a agosto em quarentena irrestrita. Isolada no seu apê, manteve contato com as amigas via WhatsApp, quando teve a ideia de gravar músicas e enviar para elas. Com mais de 70 anos de música, uma vida dedicada à arte e ao ensino, acompanhada pelo seu violão Alhambra, registrou diversas canções no celular, e fez a alegria da família & geral com um canto doce, singelo, bonito & o seu violão que sempre nos encantou. Agora, resolve compartilhar com a internet o registro da sua quarentena [ao vivo sem cortes ou edição]. Parabéns, mãe, é um presentão!



Não consegue visualizar o player? Veja no YouTube aqui


MÚSICA PARA IDOSOS NA PANDEMIA

Martha Anísia


A pandemia surgiu, como um vendaval, como uma tempestade, como um tsunami e as pessoas foram pegas de surpresa. Violentamente sacudiu, arrastou padrões, conceitos, estruturas que a humanidade tinha construído. E algo invisível mostrou que nada visível é permanente. Tudo muda.


Ao refletir sobre isso, eu cantei “Como uma onda”, música de Lulu Santos, e enviei para as pessoas da minha amizade, para lembrar-lhes que tudo passa. Então, uma amiga escolheu uma música e me pediu que eu cantasse para ela. Assim eu fiz, apesar de não ser cantora e reconhecer as limitações que poderiam me impedir de realizar o seu pedido — estou nesse corpo há 82 anos, e o corpo tem limites.


E aconteceu um encadeamento de pedidos das amigas que escolhiam uma música e me pediam para cantar, e eu fui realizando os seus pedidos. Vejo, observo que existem muitas falhas, não há perfeição. Existem limitações do corpo onde estou, mas o sopro da minha alma tem chegado nos corações abertos para recebê-lo. É só isso.


Música para Idosos na Pandemia Vol. 1

01. As Rosas Não Falam (Cartola)

02. Hino ao Amor (Edith Piaf/M. Monnet)

03. Eu Sonhei que Tu Estavas Tão Linda (Lamartine Babo/Francisco Matoso)

04. Sorri (Turner/Parsons/Charles Chaplin)

05. O Doce Mistério da Vida (V. Herbert - Versão Alberto Ribeiro)

06. A Noite do Meu Bem (Dolores Duran)

07. Carinhoso (Pixinguinha/João de Barro)

08. Lua Branca (Chiquinha Gonzaga)

09. A Deusa da Minha Rua (Newton Teixeira/Jorge Faraj)

10. Siá Mariquinha (Luiz Assunção)

11. Índia (J. Flores/M. Guerreiro)

12. Rosa (Pixinguinha)

13. Noite Cheia de Estrelas (Cândido Neves)

14. Paz do Meu Amor (Luiz Vieira)

15. Normalista (Benedito Lacerda/David Nasser)


Voz e violão: Martha Anísia

Gravado no Voice Recorder do celular entre abril e agosto de 2020, em Salvador, Bahia.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Oito passagens de Conceição Evaristo no livro de contos Olhos d'água

Conceição Evaristo (Foto: Mariana Evaristo) "Tentando se equilibrar sobre a dor e o susto, Salinda contemplou-se no espelho. Sabia que ali encontraria a sua igual, bastava o gesto contemplativo de si mesma. E no lugar da sua face, viu a da outra. Do outro lado, como se verdade fosse, o nítido rosto da amiga surgiu para afirmar a força de um amor entre duas iguais. Mulheres, ambas se pareciam. Altas, negras e com dezenas de dreads a lhes enfeitar a cabeça. Ambas aves fêmeas, ousadas mergulhadoras na própria profundeza. E a cada vez que uma mergulhava na outra, o suave encontro de suas fendas-mulheres engravidava as duas de prazer. E o que parecia pouco, muito se tornava. O que finito era, se eternizava. E um leve e fugaz beijo na face, sombra rasurada de uma asa amarela de borboleta, se tornava uma certeza, uma presença incrustada nos poros da pele e da memória." "Tantos foram os amores na vida de Luamanda, que sempre um chamava mais um. Aconteceu também a paixão

Dez passagens de Clarice Lispector nas cartas dos anos 1950 (parte 1)

Clarice Lispector (foto daqui ) “O outono aqui está muito bonito e o frio já está chegando. Parei uns tempos de trabalhar no livro [‘A maçã no escuro’] mas um dia desses recomeçarei. Tenho a impressão penosa de que me repito em cada livro com a obstinação de quem bate na mesma porta que não quer se abrir. Aliás minha impressão é mais geral ainda: tenho a impressão de que falo muito e que digo sempre as mesmas coisas, com o que eu devo chatear muito os ouvintes que por gentileza e carinho aguentam...” “Alô Fernando [Sabino], estou escrevendo pra você mas também não tenho nada o que dizer. Acho que é assim que pouco a pouco os velhos honestos terminam por não dizer nada. Mas o engraçado é que não tendo absolutamente nada o que dizer, dá uma vontade enorme de dizer. O quê? (...) E assim é que, por não ter absolutamente nada o que dizer, até livro já escrevi, e você também. Até que a dignidade do silêncio venha, o que é frase muito bonitinha e me emociona civicamente.”  “(...) O dinheiro s

Seleta: Gipsy Kings

A “ Seleta: Gipsy Kings ” destaca as 90 músicas que mais gosto do grupo cigano, presentes em 14 álbuns (os prediletos são “ Gipsy Kings ”, “ Este Mundo ”, “ Somos Gitanos ” e “ Love & Liberté ”). Ouça no Spotify aqui Ouça no YouTube aqui Os 14 álbuns participantes desta Seleta 01) Un Amor [Gipsy Kings, 1987] 02) Tu Quieres Volver [Gipsy Kings, 1987] 03) Habla Me [Este Mundo, 1991] 04) Como un Silencio [Somos Gitanos, 2001] 05) A Mi Manera (Comme D'Habitude) [Gipsy Kings, 1987] 06) Amor d'Un Dia [Luna de Fuego, 1983] 07) Bem, Bem, Maria [Gipsy Kings, 1987] 08) Baila Me [Este Mundo, 1991] 09) La Dona [Live, 1992] 10) La Quiero [Love & Liberté, 1993] 11) Sin Ella [Este Mundo, 1991] 12) Ciento [Luna de Fuego, 1983] 13) Faena [Gipsy Kings, 1987] 14) Soledad [Roots, 2004] 15) Mi Corazon [Estrellas, 1995] 16) Inspiration [Gipsy Kings, 1987] 17) A Tu Vera [Estrellas, 1995] 18) Djobi Djoba [Gipsy Kings, 1987] 19) Bamboleo [Gipsy Kings, 1987] 20) Volare (Nel