Tiganá Santana (foto: José de Holanda)
“Os Sons do Pensamento” é uma minissérie documental com o cantor, compositor, poeta e filósofo Tiganá Santana, que apresenta ao público as sonoridades, filosofias e modo de estar no mundo a partir dos seus álbuns gravados e lançados ao longo da década de 2010. Os álbuns, aliás, intitulam os episódios dessa série proposta com base na música-filosofia do artista.
Veiculada no canal do YouTube do Sesc 24 de Maio, estreou os seus quatro episódios entre julho e agosto deste ano, e está disponível para ser contemplada a qualquer tempo. Logo abaixo, seguem os links e os releases de cada episódio. “Os Sons do Pensamento” é dirigida por Maria Carolina e produzida pela Akassá
Produções Artísticas.
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[Ep 01] Maçalê – você é um com a sua essência
O primeiro episódio centra-se em referências culturais e existenciais legadas, por exemplo, por cosmologias bantu-africanas e iorubanas ao Brasil. “Podemos aprender um mundo com as diversas filosofias africanas. Estão baseados em um pensar que inclui uma prática e um comportamento. Em muitos desses pensares, há um senso de comunidade que é absolutamente fundamental”, diz Tiganá Santana. “Maçalê” é o primeiro álbum na história fonográfica do Brasil em que um cantautor apresenta sua canções em línguas africanas.
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[Ep 02] The invention of colour (A invenção da cor)
No segundo episódio, Tiganá Santana segue com as suas leituras sobre ancestralidade, conduzidas pela sonoridade de um instrumento cujo timbre ele mesmo concebeu, o violão-tambor. Aqui, foca-se na própria ação criativa. Questões sobre o processo criativo, sobre não saber sobre ele de modo total, sobre a matéria escura da invenção poética que nos habita o corpo, como diria a pensadora Audre Lorde.
O álbum, gravado originalmente na Suécia, contou com a presença de outras artes na sua concepção, tais como as aquarelas que lhe compuseram a arte gráfica, criadas pelo artista-curador Emanoel Araújo especificamente para o álbum, e um poema do poeta Marcelo Ariel. Registra-se, ainda, a presença de musicistas de partes diferentes do mundo como Senegal, Noruega, Suécia, Cabo-Verde e Brasil.
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[Ep 03] Tempo & Magma
No terceiro episódio, o artista fala a partir do álbum “Tempo & Magma” e da ponte estético-musical que estabeleceu com países da África Ocidental, tendo experienciado uma residência artística de 4 meses, no Senegal, promovida pela UNESCO. Do Brasil, participaram do referido álbum duplo a cantora Céu e a ilustre sacerdotisa, escritora, pensadora e membro da Academia de Letras da Bahia — falecida, em 2018, aos 93 anos — Mãe Stella de Oxóssi. O álbum, que, assim como o “The invention of colour”, teve significativa repercussão e aceitação internacionais, apresenta a realização de um trabalho criativo em solo africano e tudo o que se associa a esse acontecimento.
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[Ep 04] Vida-Código e Milagres
O quarto e último episódio da série traz à cena os álbuns “Vida-Código” e “Milagres”, ambos lançados em 2020 (um antes da pandemia do COVID-19 e outro durante a pandemia). O primeiro, a propósito, após ter sido selecionado entre alguns dos melhores álbuns lançados no mundo por respeitadas referências como o World Music Charts Europe e Transglobal World Music Chart, foi eleito um dos melhores álbuns lançados, no ano de 2020, em todo o mundo, pelo jornal francês Le Monde. O trabalho, que marca o retorno de Tiganá Santana à sua terra nativa para gravar um álbum, após 10 anos, traz uma textura sonora bastante distinta dos trabalhos anteriores do artista, já que, por exemplo, conta com a presença estruturante de instrumentos eletrônicos ao lado dos acústicos (sobretudo, percussivos e alguns de cordas).
No que diz respeito a “Milagres”, a obra é uma releitura do emblemático álbum “Milagre dos Peixes”, de Milton Nascimento, lançado, originalmente, em 1973, com todas as suas letras censuradas. Essa releitura, feita conjuntamente com os músicos Sebastian Notini e Ldson Galter, realizou-se de modo bastante distinto da proposta aventada por Milton.
Tiganá Santana é compositor, cantor, instrumentista, poeta, produtor musical, diretor artístico, curador, pesquisador, professor e tradutor, que iniciou os seus estudos musicais de violão aos 14 anos. Desde que estreou em 2009 com “Maçalê”, recebeu reconhecimento imediato no Brasil e no exterior. O seu primeiro álbum foi viabilizado graças ao Edital de Apoio a Conteúdo Digital de Música, promovido pela Fundação Cultural do Estado da Bahia. O segundo foi premiado pelo Departamento de Cultura da Suécia e rendeu ao artista uma bolsa de estudos da UNESCO, no programa para artistas e profissionais de cultura, no Senegal. Após cinco meses de residência artística, Tiganá foi contemplado pelo Edital Petrobras Cultural e gravou, em conjunto com músicos do Senegal, Guiné-Conacri e Mali, o seu terceiro trabalho. O último álbum é uma homenagem a Milton Nascimento encomendada pela gravadora alemã Martin Hossbach.
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