Paulo Bono (foto: Vinicius Xavier) “(...) Foram anos matando somente por dinheiro. Matando e morrendo por dentro. Mas agora finalmente eu havia encontrado meu propósito. Eu já havia escutado que eles também vendiam brownies com afeto, advocacia com afeto, limpa-fossa com afeto. Eu acompanharia a tendência e lançaria a execução com afeto. Não bastaria dinheiro nem qualquer motivação. Eu tinha que acreditar que o alvo merecia bater as botas. A depender do grau desse merecimento, eu ainda daria de boa vontade ao contratante um belo desconto. Era minha nova vida. Dez mil pra acabar um contador inescrupuloso. Não aceitei. Mas ele roubava a própria mãe. Fiz por 8 mil. Quinze mil adiantados por uma testemunha de homicídio. Nada feito. Mas era abusadora de idosos. Fiz com 30% de desconto. Doze mil por um empresário caloteiro. Eu preferia descansar. Mas batia em puta. Fiz por 7 mil mais despesas. Dez mil por um traficante playboyzinho do Itaigara. Esquece. Ele votou em Bolsonaro. Vivemos numa d...
O lampião e a peneira do mestiço