Pular para o conteúdo principal

Os romances de Paulina Chiziane


Em 2024, tive a sorte de ler quatro romances da escritora moçambicana Paulina Chiziane. Até então, não havia lido nenhum da mestra africana, embora tenha endossado a presença dela na Flica 2017 (curadoria de Tom Correia) – e, como saí da festa antes dela acabar, perdi a oportunidade de conhecê-la (lamento até hoje). Depois de conferir dois livros do Nobel africano Abdulrazak Gurnah (que achei legal, bem escrito, e só), resolvi investir na vencedora do Camões 2021 e... bum!

Encanto puro. Viciei. Virei fã. Melhor: sou leitor de Paulina Chiziane. Para mim, a africana que deveria ter levado o Nobel. Recomendo os seus quatro romances (o predileto foi “O alegre canto da perdiz”), repletos de frases instagramáveis, emoções doídas, belas imagens, linguagem fluida e repleta de versos em prosa, personagens fortes, enredos polêmicos, reflexivos, duros, diversas questões que a humanidade não consegue resolver. Livros que sangram, como a alta literatura exige que aconteça.

Ao devorar os quatro romances, peneirei e divulguei no blog vários trechos geniais, de imensa beleza e potência criativa. Seguem abaixo, uma coleção dos seus melhores momentos. Viva Paulina Chiziane! Gigante!

Sobre a escritora: “Nasceu no seio de uma família protestante onde se falavam as línguas chope e ronga, e aprendeu a língua portuguesa na escola de uma missão católica. Estudou linguística, mas não concluiu o curso. Durante a juventude fez parte da FRELIMO, da qual se afastou, sobretudo devido às diretrizes do partido em relação à condição da mulher. Foi voluntária na Cruz Vermelha durante a guerra civil que sucedeu à independência. Começou a sua carreira literária com a publicação de contos na imprensa moçambicana. A sua primeira obra “Balada de Amor ao Vento” (1990), publicada após a independência de Moçambique, é considerada o primeiro romance de uma mulher moçambicana. Ficcionista ou “contadora de estórias”, os seus livros refletem as tensões políticas e sociais do universo multicultural do seu país, colocando em relevo as personagens femininas. Tendo por base a crítica de costumes, a sua obra questiona as dinâmicas das relações de gênero e da condição da mulher, numa perspectiva pouco explorada pela tradição literária. Foi a primeira mulher africana distinguida com o Prêmio Camões.”

“O alegre canto da perdiz” (2008)
“A eternidade é um instante”
Leia trechos aqui

“Niketche: Uma história de poligamia” (2002)
“De que vale viajar para a lua para quem ainda não viajou para dentro de si próprio? O paraíso está dentro de nós”
Leia trechos aqui

“Ventos do Apocalipse” (1993)
“Pouco falta para ser o que sempre fui, o que não sou e o que sempre serei”
Leia trechos aqui

“Balada de amor ao vento” (1990)
“Os melhores dias da minha vida são aqueles em que consegui sonhar”
Leia trechos aqui

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Seleta: R.E.M.

Foto: Chris Bilheimer A “ Seleta: R.E.M. ” destaca as 110 músicas que mais gosto da banda norte-americana presentes em 15 álbuns da sua discografia (os prediletos são “ Out of Time ”, “ Reveal ”, “ Automatic for the People ”, “ Up ” e “ Monster ”). Ouça no Spotify aqui Ouça no YouTube aqui Os 15 álbuns participantes desta Seleta 01) Losing My Religion [Out of Time, 1991] 02) I'll Take the Rain [Reveal, 2001] 03) Daysleeper [Up, 1998] 04) Imitation of Life [Reveal, 2001] 05) Half a World Away [Out of Time, 1991] 06) Everybody Hurts [Automatic for the People, 1992] 07) Country Feedback [Out of Time, 1991] 08) Strange Currencies [Monster, 1994] 09) All the Way to Reno (You're Gonna Be a Star) [Reveal, 2001] 10) Bittersweet Me [New Adventures in Hi-Fi, 1996] 11) Texarkana [Out of Time, 1991] 12) The One I Love [Document, 1987] 13) So. Central Rain (I'm Sorry) [Reckoning, 1984] 14) Swan Swan H [Lifes Rich Pageant, 1986] 15) Drive [Automatic for the People, 1992]...

Dez passagens de Clarice Lispector no livro Laços de família

Clarice Lispector (foto daqui ) “A mãe dele estava nesse instante enrolando os cabelos em frente ao espelho do banheiro, e lembrou-se do que uma cozinheira lhe contara do tempo do orfanato. Não tendo boneca com que brincar, e a maternidade já pulsando terrível no coração das órfãs, as meninas sabidas haviam escondido da freira a morte de uma das garotas. Guardaram o cadáver no armário até a freira sair, e brincaram com a menina morta, deram-lhe banhos e comidinhas, puseram-na de castigo somente para depois poder beijá-la, consolando-a. Disso a mãe se lembrou no banheiro, e abaixou mãos pensas, cheias de grampos. E considerou a cruel necessidade de amar. Considerou a malignidade de nosso desejo de ser feliz. Considerou a ferocidade com que queremos brincar. E o número de vezes em que mataremos por amor. Então olhou para o filho esperto como se olhasse para um perigoso estranho. E teve horror da própria alma que, mais que seu corpo, havia engendrado aquele ser apto à vida e à felici...

Seleta: Nirvana

A “ Seleta: Nirvana ” destaca as 80 músicas que mais gosto da banda norte-americana (entre covers e autorais), presentes em 12 álbuns da sua discografia (os prediletos são “ Nevermind ”, “ MTV Unplugged in New York ” e “ In Utero ”). Ouça no Spotify aqui Ouça no YouTube aqui Os 12 álbuns participantes desta Seleta 01) Lake of Fire [MTV Unplugged in New York, 1994] 02) Where Did You Sleep Last Night [MTV Unplugged in New York, 1994] 03) The Man Who Sold the World [MTV Unplugged in New York, 1994] 04) Heart-Shaped Box [In Utero, 1993] 05) Come as You Are [Nevermind, 1991] 06) Smells Like Teen Spirit [Nevermind, 1991] 07) Drain You [Nevermind, 1991] 08) Lithium [Nevermind, 1991] 09) In Bloom [Nevermind, 1991] 10) Plateau [MTV Unplugged in New York, 1994] 11) Oh Me [MTV Unplugged in New York, 1994] 12) Jesus Doesn't Want Me for a Sunbeam [MTV Unplugged in New York, 1994] 13) Something in the Way [Nevermind, 1991] 14) You Know You're Right [Nirvana, 2002] 15) Rape Me ...