Pular para o conteúdo principal

Vamos ouvir: Abaporu, de Laura Lopes

Abaporu (2012), de Laura Lopes



Não consegue visualizar o player? Ouça aqui

Release disponível no site de Laura Lopes:

Cantora e compositora brasileira, Laura Lopes sempre teve o contato com as artes dentro de casa, fruto da musicalidade da mãe que além de se dedicar ao piano, fez questão de que todos seus 4 filhos fossem musicalizados e introduzidos ao universo da arte ainda quando crianças. A mãe, com razão, queria que seus filhos desenvolvessem a criatividade e a proximidade com a arte. Foi bem sucedida na sua intenção e, em especial, com a sua segunda filha que viraria cantora mais tarde. Laura começou a tocar violão quando adolescente e ali mesmo descobriu que seu maior prazer dentro da música era o canto.

Nascida em Belo Horizonte em 1985, Laura Lopes ainda tem na capital mineira o seu lar. A admiração não só pela cidade, sua história e cultura, mas principalmente pelas relações que estabeleceu com o espaço urbano e com as pessoas que ele ocupam são marcantes em seu caminho. Bons amigos, colegas da graduação em Música da UFMG, familiares e um amplo grupo de parceiros belo horizontinos compõem o retrato mais notável da trajetória da cantora.

Antes de assumir suas próprias canções, transitou por diversas vertentes da música popular, interpretando artistas de origens variadas. Quando atingiu seus 20 anos passou a compor material que de fato apreciava e assumia para sua produção musical.

O tempo vivido no Rio de Janeiro (entre 2009 e 2010)  foi profundamente importante para a sua formação como artista. Lá, Laura estudou na UNIRIO e conheceu diversos músicos e arranjadores, além de ter mergulhado no universo do samba.

Seu álbum de estréia é intitulado Abaporu. Representa o olhar para o estrangeiro com a mistura das particularidades da nossa cultura tradicional marcada pela força das cores, ritmos e apuro das poesias e melodias. É a viagem da cantora no universo artístico e sua relação com o homem. Laura bebeu de várias fontes para criar suas músicas, assim como fez Tarsila com o quadro que foi marco inspirador do movimento antropofágico e do próprio modernismo brasileiro.

A artista construiu um repertório de 11 canções compostas, em sua maioria, por ela mesma. Quando não, selecionou cuidadosamente músicas inéditas de parceiros que tem trabalhos alinhados ao conceito do disco.

Ao lado de artistas talentosos, Laura Lopes faz estréia sólida e criativa. Um deleite para os fãs da boa música brasileira.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Dez passagens de Clarice Lispector nas cartas dos anos 1950 (parte 1)

Clarice Lispector (foto daqui ) “O outono aqui está muito bonito e o frio já está chegando. Parei uns tempos de trabalhar no livro [‘A maçã no escuro’] mas um dia desses recomeçarei. Tenho a impressão penosa de que me repito em cada livro com a obstinação de quem bate na mesma porta que não quer se abrir. Aliás minha impressão é mais geral ainda: tenho a impressão de que falo muito e que digo sempre as mesmas coisas, com o que eu devo chatear muito os ouvintes que por gentileza e carinho aguentam...” “Alô Fernando [Sabino], estou escrevendo pra você mas também não tenho nada o que dizer. Acho que é assim que pouco a pouco os velhos honestos terminam por não dizer nada. Mas o engraçado é que não tendo absolutamente nada o que dizer, dá uma vontade enorme de dizer. O quê? (...) E assim é que, por não ter absolutamente nada o que dizer, até livro já escrevi, e você também. Até que a dignidade do silêncio venha, o que é frase muito bonitinha e me emociona civicamente.”  “(...) O dinheiro s

Oito passagens de Conceição Evaristo no livro de contos Olhos d'água

Conceição Evaristo (Foto: Mariana Evaristo) "Tentando se equilibrar sobre a dor e o susto, Salinda contemplou-se no espelho. Sabia que ali encontraria a sua igual, bastava o gesto contemplativo de si mesma. E no lugar da sua face, viu a da outra. Do outro lado, como se verdade fosse, o nítido rosto da amiga surgiu para afirmar a força de um amor entre duas iguais. Mulheres, ambas se pareciam. Altas, negras e com dezenas de dreads a lhes enfeitar a cabeça. Ambas aves fêmeas, ousadas mergulhadoras na própria profundeza. E a cada vez que uma mergulhava na outra, o suave encontro de suas fendas-mulheres engravidava as duas de prazer. E o que parecia pouco, muito se tornava. O que finito era, se eternizava. E um leve e fugaz beijo na face, sombra rasurada de uma asa amarela de borboleta, se tornava uma certeza, uma presença incrustada nos poros da pele e da memória." "Tantos foram os amores na vida de Luamanda, que sempre um chamava mais um. Aconteceu também a paixão

Dez poemas de Carlos Drummond de Andrade no livro A rosa do povo

Consolo na praia Carlos Drummond de Andrade Vamos, não chores... A infância está perdida. A mocidade está perdida. Mas a vida não se perdeu. O primeiro amor passou. O segundo amor passou. O terceiro amor passou. Mas o coração continua. Perdeste o melhor amigo. Não tentaste qualquer viagem. Não possuis casa, navio, terra. Mas tens um cão. Algumas palavras duras, em voz mansa, te golpearam. Nunca, nunca cicatrizam. Mas, e o humour ? A injustiça não se resolve. À sombra do mundo errado murmuraste um protesto tímido. Mas virão outros. Tudo somado, devias precipitar-te — de vez — nas águas. Estás nu na areia, no vento... Dorme, meu filho. -------- Desfile Carlos Drummond de Andrade O rosto no travesseiro, escuto o tempo fluindo no mais completo silêncio. Como remédio entornado em camisa de doente; como dedo na penugem de braço de namorada; como vento no cabelo, fluindo: fiquei mais moço. Já não tenho cicatriz. Vejo-me noutra cidade. Sem mar nem derivativo, o corpo era bem pequeno para tanta