Pular para o conteúdo principal

Orange Poem lança o EP Wide na segunda 02 de junho


Nancy Viégas é a voz do novo EP da Orange Poem

O produtor Emmanuel Mirdad continua a série de relançamentos da obra da banda psicodélica progressiva The Orange Poem, repaginados com vozes diversas. O novo EP se chama Wide, e será lançado na segunda 02 de junho, e a grande novidade é que pela primeira vez com a presença de um vocal feminino, da cantora, compositora, produtora e múltipla artista Nancy Viégas (atual Radiola e ex-Crac! e Nancyta e os Grazzers), considerada uma das divas do rock baiano (ao lado de Pitty e Rebeca Matta).

O EP Wide, que foi gravado por Tadeu Mascarenhas no estúdio Casa das Máquinas e tem Glauber Guimarães assinando a bela capa, traz duas composições de Emmanuel Mirdad, o blues "Wideness" e a psicodélica "Lost Mails", e a única música composta até então pela banda, o groove rock "Shining". Foi um desafio para Nancy gravar as músicas, já que o tom delas está numa região bem grave para sua voz, e o resultado surpreende, com a abertura de vozes pela artista, em interpretações distintas, do bluesy ao freak, da fluidez vibrante das divas à força rasgada do rock, da sutileza melódica suave do folk ao groove de quem é o vocal de muito suingue da Radiola.


Nancy Viégas grava a voz no
EP Wide no começo de
maio de 2014 – Foto: Mirdad

"Acompanho o trabalho de Nancy há anos com muita admiração em tudo que ela faz, e já trabalhamos juntos na 1ª edição do Prêmio Bahia de Todos os Rocks em 2008 (ela foi a apresentadora ao lado de Tiago Moura). Costumo brincar que ela é o Glauber de saias (o Guimarães, que gravou o 1º EP dessa nova fase laranja), tamanha a sua versatilidade de interpretação e timbre único, ácido & suave, afinadíssimo e com muita personalidade. É um luxo ter a diva no poema!", rasgando muita seda o produtor Mirdad. O EP Wide está disponível para audição e download a partir da segunda 02/06 no Soundcloud da banda: www.soundcloud.com/theorangepoem e também no Youtube aqui.

|||||

A BANDA

De 2001 a 2007, a Orange Poem apresentou sua singular sonoridade baseada no psicodélico rock progressivo em inglês, com pitadas de blues, folk, groove e hard rock setentista. Formada por desconhecidos do cenário do rock baiano (e até entre si mesmos), conduzida pelo multifacetado Emmanuel Mirdad (escritor, compositor e produtor da Flica), foi uma banda guitarreira de canções autorais do seu produtor e então cantor. Marcus Zanom e Saint, guitarristas tão antagônicos de estilo, combinaram como yin-yang seus timbres em solos de puro feeling ou velocidade intensa. Na gruvada cozinha laranja, a segurança e técnica dos músicos Hosano Lima Jr. (baterista) e Artur Paranhos (baixista).

Pertencente à geração 00 do rock baiano, de bandas cantando em inglês como The Honkers e Plane of Mine, a Orange Poem gravou dois discos no estúdio Casa das Máquinas, do psicodélico Tadeu Mascarenhas (na época, ainda ostentava uma potente barba Talibã). "Shining Life, Confuse World", o primeiro, chegou a ser prensado e lançado no extinto World Bar em 2005, de forma totalmente independente, sem gravadora nem selo. A banda optou por não trabalhar a divulgação dele e partiram pra gravar o seguinte, "Sleep in Snow Shape", que foi concluído no final de 2006, poucos meses antes da banda acabar em março de 2007. Não chegou a ser lançado, e os membros se mudaram pra estados distintos. Mirdad nunca se conformou com o engavetamento das canções laranjas.


Tadeu Mascarenhas, Emmanuel Mirdad
e Nancy Viégas – Foto: Germano Estácio

A NOVA FASE

Depois de sete anos cabalísticos, Mirdad retomou o som laranja com a inusitada proposta de várias vozes distintas. "Pra que ter um vocalista fixo? O original, por exemplo, comprometeu as músicas e merecia ter sido demitido", comenta ironicamente, pois era ele mesmo o tal vocalista ruim. Devido à velocidade da contemplação moderna, que não tem mais o tempo para apreciar os álbuns com dez, doze músicas, o produtor decidiu investir no lançamento de EPs com três músicas cada, com a novidade de uma nova voz a cada lançamento. "Começamos em janeiro com o EP Ground na voz de Glauber Guimarães do Teclas Pretas (ouça aqui), lançamos em abril o EP Unquiet com a voz de Rodrigo Pinheiro, da Mulher Barbada (ouça aqui), e agora temos a linda voz feminina de Nancy Viégas, da Radiola, no EP Wide. Já estamos preparando os convites para os dois próximos, e se tudo der certo, teremos um EP bem nervoso, e outro 'ancestrodélico'", explica Mirdad.

As músicas foram gravadas entre 2005 e 2006 e estavam engavetadas desde o fim da banda. Com a volta da Orange Poem, as músicas ganharam uma nova mixagem e a presença do novo membro da banda: o tecladista Tadeu Mascarenhas, responsável pelos sintetizadores que estão temperando mais ainda a psicodelia do som laranja. Tadeu, engenheiro de som das gravações e co-produtor das músicas, sempre orbitou pela banda e agora topou fazer parte do grupo. "Somos amigos há 10 anos, curtimos as sequelas criativas proporcionadas pelo poema, e como a Orange é uma banda de estúdio, não interfere em sua agenda concorrida", informa Mirdad.

|||||

AS CANÇÕES

Wideness
(Emmanuel Mirdad)

Blues progressivo, com tempero psicodélico, espaço democrático de improvisação dos músicos laranjas e uma diva bluesy na voz. Foi a primeira composição de Mirdad, iniciada em julho de 1997, e só concluída agora, após diversas versões e mudanças de melodia (a 1ª estrofe é a única que se mantém idêntica à versão original). O poema fantasia um diálogo entre um psicólogo e seu paciente, que introspectivamente é ele mesmo, o reflexo de um espelho quebrado e agonizante.


Lost Mails
(Emmanuel Mirdad)

Psicodelia progressiva, bem ambientada por belos efeitos de guitarra (lembram desde arranjo oriental a um cello suave e harmônico) e uma interpretação fluida nos momentos suaves e forte/rasgada nos momentos altos. Os versos tratam de algumas automações de uma vida moderna, de correspondências perdidas, poesias ao redor e referências artísticas como Salvador Dalí e Clarice Lispector.


Shining
(The Orange Poem)

Primeira composição em conjunto do poema laranja, traz uma sonoridade diferente, um groove rock com solos diversos, do nervoso ao suingue, do blues-rock ao sintetizador psicodélico, intercalando com o groove pesado do baixo e muita plasticidade e rítmica nas interpretações vocais. O poema traz aquele ocasional “às vezes eu me sinto” que sempre nos interfere e provoca sérias reflexões internas.

|||||

O EP WIDE

01. Wideness
      (Emmanuel Mirdad)
      BR-N1I-14-00008

02. Lost Mails
      (Emmanuel Mirdad)
      BR-N1I-14-00009

03. Shining
      (The Orange Poem)
      BR-N1I-14-00010

Nancy Viégas (voz)
Mirdad (violão 12 cordas e gritos)
Marcus Zanom (guitarra)
Tadeu Mascarenhas (sintetizador e guitarra)
Saint (guitarra)
Hosano Jr. (bateria)
Artur Paranhos (baixo)

Gravação, mixagem e masterização: Tadeu Mascarenhas (Estúdio Casa das Máquinas)

Produção artística e executiva: Emmanuel Mirdad

Arte do EP: Glauber Guimarães

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Oito passagens de Conceição Evaristo no livro de contos Olhos d'água

Conceição Evaristo (Foto: Mariana Evaristo) "Tentando se equilibrar sobre a dor e o susto, Salinda contemplou-se no espelho. Sabia que ali encontraria a sua igual, bastava o gesto contemplativo de si mesma. E no lugar da sua face, viu a da outra. Do outro lado, como se verdade fosse, o nítido rosto da amiga surgiu para afirmar a força de um amor entre duas iguais. Mulheres, ambas se pareciam. Altas, negras e com dezenas de dreads a lhes enfeitar a cabeça. Ambas aves fêmeas, ousadas mergulhadoras na própria profundeza. E a cada vez que uma mergulhava na outra, o suave encontro de suas fendas-mulheres engravidava as duas de prazer. E o que parecia pouco, muito se tornava. O que finito era, se eternizava. E um leve e fugaz beijo na face, sombra rasurada de uma asa amarela de borboleta, se tornava uma certeza, uma presença incrustada nos poros da pele e da memória." "Tantos foram os amores na vida de Luamanda, que sempre um chamava mais um. Aconteceu também a paixão

Seleta: Gipsy Kings

A “ Seleta: Gipsy Kings ” destaca as 90 músicas que mais gosto do grupo cigano, presentes em 14 álbuns (os prediletos são “ Gipsy Kings ”, “ Este Mundo ”, “ Somos Gitanos ” e “ Love & Liberté ”). Ouça no Spotify aqui Ouça no YouTube aqui Os 14 álbuns participantes desta Seleta 01) Un Amor [Gipsy Kings, 1987] 02) Tu Quieres Volver [Gipsy Kings, 1987] 03) Habla Me [Este Mundo, 1991] 04) Como un Silencio [Somos Gitanos, 2001] 05) A Mi Manera (Comme D'Habitude) [Gipsy Kings, 1987] 06) Amor d'Un Dia [Luna de Fuego, 1983] 07) Bem, Bem, Maria [Gipsy Kings, 1987] 08) Baila Me [Este Mundo, 1991] 09) La Dona [Live, 1992] 10) La Quiero [Love & Liberté, 1993] 11) Sin Ella [Este Mundo, 1991] 12) Ciento [Luna de Fuego, 1983] 13) Faena [Gipsy Kings, 1987] 14) Soledad [Roots, 2004] 15) Mi Corazon [Estrellas, 1995] 16) Inspiration [Gipsy Kings, 1987] 17) A Tu Vera [Estrellas, 1995] 18) Djobi Djoba [Gipsy Kings, 1987] 19) Bamboleo [Gipsy Kings, 1987] 20) Volare (Nel

Dez poemas de Carlos Drummond de Andrade no livro A rosa do povo

Consolo na praia Carlos Drummond de Andrade Vamos, não chores... A infância está perdida. A mocidade está perdida. Mas a vida não se perdeu. O primeiro amor passou. O segundo amor passou. O terceiro amor passou. Mas o coração continua. Perdeste o melhor amigo. Não tentaste qualquer viagem. Não possuis casa, navio, terra. Mas tens um cão. Algumas palavras duras, em voz mansa, te golpearam. Nunca, nunca cicatrizam. Mas, e o humour ? A injustiça não se resolve. À sombra do mundo errado murmuraste um protesto tímido. Mas virão outros. Tudo somado, devias precipitar-te — de vez — nas águas. Estás nu na areia, no vento... Dorme, meu filho. -------- Desfile Carlos Drummond de Andrade O rosto no travesseiro, escuto o tempo fluindo no mais completo silêncio. Como remédio entornado em camisa de doente; como dedo na penugem de braço de namorada; como vento no cabelo, fluindo: fiquei mais moço. Já não tenho cicatriz. Vejo-me noutra cidade. Sem mar nem derivativo, o corpo era bem pequeno para tanta