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Como ficar sozinho, de Jonathan Franzen — Parte 01

Jonathan Franzen
Foto: Divulgação | Arte: Mirdad


"Nossas vidas parecem muito mais interessantes quando filtradas pela interface sexy do Facebook. Estrelamos nossos próprios filmes, fotografamos incessantemente a nós mesmos, clicamos o mouse e uma máquina confirma a sensação de que estamos no comando. E, já que nossa tecnologia é apenas uma extensão de nós mesmos, não precisamos desprezar suas manipulações, como faríamos no caso de pessoas de verdade. É um movimento circular sem fim. Curtimos o espelho e o espelho nos curte. Ser amigo de uma pessoa significa apenas incluí-la em nossa lista particular de espelhos elogiosos"


"Posso imaginar as doentias veredas mentais pelas quais o suicídio surge como uma substância subjulgadora da consciência que ninguém pode nos tirar. A necessidade de ter algo só pra si, a necessidade de um segredo, a necessidade de uma derradeira validação narcísica da sua primazia, e então a volúpia da raiva de si mesmo provocada pela antecipação do último grande lance, e a interrupção final do contato com o mundo que lhe negaria a alegria do seu prazer egocêntrico"


"Privacidade, para mim, não significa manter minha vida pessoal longe dos outros. Significa me manter longe da vida pessoal dos outros"


"Se uma pessoa dedica sua existência a ser curtível e passa a encarnar um personagem bacana qualquer para atingir tal fim, isso sugere que perdeu a esperança de ser amado por aquilo que realmente é. E, se tiver êxito na tentativa de manipular os outros para que seja curtido, será difícil que, em algum nível, não sinta verdadeiro desprezo por aqueles que caíram em seu embuste"


"É assustador imaginar que o mistério de nossas identidades pode se reduzir a uma sequência finita de informações"


"Você se pergunta: por que me dou ao trabalho de escrever esses livros? Não posso fingir que o ambiente cultural dominante prestará atenção às novidades que abordo. Não preciso fingir que estou subvertendo algo, porque qualquer leitor capaz de decodificar minhas mensagens subversivas não teria necessidade de ouvi-las. Não engulo a noção de que ficção séria é boa para nós, porque não acredito que para tudo o que há de errado no mundo haja uma cura, e, mesmo que acreditasse, que cura eu, que me sinto o doente da história, poderia oferecer?"



Trechos extraídos do livro de ensaios "Como ficar sozinho" (Companhia das Letras, 2012), de Jonathan Franzen.

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