Marlon Marcos - Foto daqui
Instantes mar
Marlon Marcos
Quando extraio da insônia,
a minha vontade maior
de estar...
Reflito-me no que senti
reencontrado em mim mesmo.
A memória faz barulho
para um peito sem
ter em quem pensar.
Esse é o vazio absoluto
Onde só há salvação
porque perto do mar.
Quando aos olhos desvendo
O outro lado extenso
De mim mesmo chegando.
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Tempo de espera?
Marlon Marcos
Não sou eu quem falo sobre o tempo,
é o tempo que se descreve em mim,
para evitar assim a excessiva confusão.
É o tempo que me formula desistência
me anima a deixar a espera,
me recobra a memória,
me retoma para novos anseios...
O tempo desenha o embuste
que me tornei no parapeito
das janelas;
escancara minhas ilusões...
é mau comigo,
me fazendo o bem.
O tempo me ensina,
eu o péssimo aprendiz,
desertor de clarezas
em assuntos da emoção.
Envelheço,
como se tivesse a eternidade,
todo o tempo a meu favor,
espero espero espero,
que o silêncio me abrace
e me faça delícias naquele
amor.
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Possibilidade
Marlon Marcos
Reflete no intervalo de mim,
tudo que poderia saciar-me.
No entanto,
no exagero daqui,
não passa de saudade.
Viro borboleta,
acendo candeeiros,
desconverso ao espelho,
e saio.
Talvez,
num segundo sem susto,
ainda haja possibilidade.
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Constatação
Marlon Marcos
enquanto não consigo serenar
e nem parar de fumar
nem parar de falar sobre mim;
enquanto não quebro este espelho
e me aparto do segredo
de viver mentindo pra mim.
enquanto meus olhos persistirem
em se acender nos seus
nada me será esperança
imerso neste breu que,
no lugar do amor,
se construiu.
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Fruto estranho
Marlon Marcos
para Vinicius Melo
Então,
Que marulhe este mistério
Ilumine-se o breu que atiça
E esta voz conduza-se à outra história.
O que por fora anoitece
Tenha dentro alguma presença
Regada pelo sentimento que discorre
Lacunas musicais e dói.
Dói de estranheza,
Fruto estranho,
Como o amor entre os iguais.
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“Não tenho nada.
Isso pode ser estendido
ao que trago de mais profundo.
O que eu subentendo
é amor.”
“Para transformar de vez os instantes das lamentações:
ergo todo carinho no banho matutino que cuida de mim,
escolho os pensamentos e esqueço memórias doídas;
sei muito pouco e nunca mais saberia,
mas ardo em sentimentos e vento
a alegria de ainda estar por aqui.”
“Eu uso da tristeza o caldo inexplicável da insatisfação.
A vontade acesa de doer para ter o que dizer.”
Presentes no livro de poemas Cinzas de sonhos desabam sobre mim (Pinaúna, 2017), páginas 22, 26-27, 35, 39 e 34, respectivamente, além dos trechos dos poemas Ao léu (p. 20), Profecia (p. 42) e Ardendo (p. 32), presentes na mesma obra.
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