Emmanuel Mirdad e o romance “oroboro baobá” na Fliu 2021
Gente, tô muito feliz! Depois de tanto tempo produzindo a Flica, hoje tive a alegria de me apresentar numa festa literária como escritor. Uau! Isso significa muito para mim. Gratíssimo pelo convite, meu caro Maviael Melo! Pude lançar o meu 1º romance, “oroboro baobá”, numa mítica Uauá virtual, e a conversa foi massa, altas resenhas com o querido Maviael e o seu “O espelho dos girassóis”, lembranças e bastidores da Flica & outros assuntos, risadas e coisas sérias. Grato a todas e a todos que assistiram, comentaram e fizeram perguntas.
Parabéns à Fliu! De quinta até hoje, a 1ª edição virtual da Festa Literária de Uauá apresentou um conteúdo de primeira, literatura & música, muita emoção na homenagem ao mestre Jorge Portugal, com Roberto Mendes e Lazzo, as falas precisas da poeta Elisa Lucinda, os shows de Ana Barroso e Aiace, e ainda teve a surpresa incrível do poeta Zecalu mencionar a Orange Poem e saudar o poeta meu pai Ildegardo Rosa (1931-2011), recitando o poema “Andar ou ficar”. Viva! Parabéns Mércia Ferreira, Lorena Ribeiro, Ellen Ferreira e Maviael Melo. Longa vida à Fliu!
Conceição Evaristo (Foto: Mariana Evaristo) "Tentando se equilibrar sobre a dor e o susto, Salinda contemplou-se no espelho. Sabia que ali encontraria a sua igual, bastava o gesto contemplativo de si mesma. E no lugar da sua face, viu a da outra. Do outro lado, como se verdade fosse, o nítido rosto da amiga surgiu para afirmar a força de um amor entre duas iguais. Mulheres, ambas se pareciam. Altas, negras e com dezenas de dreads a lhes enfeitar a cabeça. Ambas aves fêmeas, ousadas mergulhadoras na própria profundeza. E a cada vez que uma mergulhava na outra, o suave encontro de suas fendas-mulheres engravidava as duas de prazer. E o que parecia pouco, muito se tornava. O que finito era, se eternizava. E um leve e fugaz beijo na face, sombra rasurada de uma asa amarela de borboleta, se tornava uma certeza, uma presença incrustada nos poros da pele e da memória." "Tantos foram os amores na vida de Luamanda, que sempre um chamava mais um. Aconteceu também a paixão
Clarice Lispector (foto daqui ) “O outono aqui está muito bonito e o frio já está chegando. Parei uns tempos de trabalhar no livro [‘A maçã no escuro’] mas um dia desses recomeçarei. Tenho a impressão penosa de que me repito em cada livro com a obstinação de quem bate na mesma porta que não quer se abrir. Aliás minha impressão é mais geral ainda: tenho a impressão de que falo muito e que digo sempre as mesmas coisas, com o que eu devo chatear muito os ouvintes que por gentileza e carinho aguentam...” “Alô Fernando [Sabino], estou escrevendo pra você mas também não tenho nada o que dizer. Acho que é assim que pouco a pouco os velhos honestos terminam por não dizer nada. Mas o engraçado é que não tendo absolutamente nada o que dizer, dá uma vontade enorme de dizer. O quê? (...) E assim é que, por não ter absolutamente nada o que dizer, até livro já escrevi, e você também. Até que a dignidade do silêncio venha, o que é frase muito bonitinha e me emociona civicamente.” “(...) O dinheiro s
Jorge Amado “(...) Os homens da beira do cais só têm uma estrada na sua vida: a estrada do mar. Por ela entram, que seu destino é esse. O mar é dono de todos eles. Do mar vem toda a alegria e toda a tristeza porque o mar é mistério que nem os marinheiros mais velhos entendem, que nem entendem aqueles antigos mestres de saveiro que não viajam mais, e, apenas, remendam velas e contam histórias. Quem já decifrou o mistério do mar? Do mar vem a música, vem o amor e vem a morte. E não é sobre o mar que a lua é mais bela? O mar é instável. Como ele é a vida dos homens dos saveiros. Qual deles já teve um fim de vida igual ao dos homens da terra que acarinham netos e reúnem as famílias nos almoços e jantares? Nenhum deles anda com esse passo firme dos homens da terra. Cada qual tem alguma coisa no fundo do mar: um filho, um irmão, um braço, um saveiro que virou, uma vela que o vento da tempestade despedaçou. Mas também qual deles não sabe cantar essas canções de amor nas noites do cais? Qual d
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