Pular para o conteúdo principal

Composições de Emmanuel Mirdad: Danilo na Ceia das Hienas


Um artista hypado tem substância mesmo ou o seu brilho é forjado por uma imprensa leniente? Em "Danilo na Ceia das Hienas" (o nome é uma homenagem a "Daniel na Cova dos Leões" de Renato Russo), o compositor Emmanuel Mirdad ironiza as relações lascivas entre os jornalistas moderninhos e seus amigos de fora da grande mídia que, com os precisos elogios baratos, ficam incensados pra muito além do que o talento de fato poderia proporcionar. Os arranjos de metais foram feitos por Mirdad e os solos do saxofonista Eric Almeida.


Ouça no YouTube aqui

Ouça no Spotify aqui

Ouça no YouTube aqui


Ouça no SoundCloud aqui

Ouça na Apple Music aqui

Ouça no Deezer aqui

Ouça no Amazon Music aqui

Ouça no Tidal aqui

Danilo na Ceia das Hienas
(Emmanuel Mirdad)
BR-N1I-08-00006

Eu sei qu’eu não tenho talento
Eu sou desafinado
As letras são previsíveis
E eu não sei falar inglês

Mesmo assim, você vai falar bem de mim
Dirá que o meu som é hype
E os modernos irão me aplaudir
Eu vou ser um rock star

Ei, jornalista, seu nome já tá na lista
Vou te pagar um jantar
Pra você informar que eu sou o máximo
Um profeta, o visionário
Cultuar minha porcaria chupada do que já foi feito

Dani, Dani, Danilinho escreva pra mim
No seu jornalzinho
Qu’eu sou a última incrível
Espetacular novidade

Escreva aí, que o meu som é uma moderna tendência
Qu’eu vou fazer turnê no Uruguai
Qu’eu não cansei de ser sexy
E eu não ando de bicicleta

Ei, jornalista, seu nome já tá na lista
Vou te pagar um jantar
Pra você informar que eu sou o máximo
Um profeta, o visionário
Cultuar minha porcaria chupada do que já foi feito


Faixa 03 - Pedradura - Universo Telecoteco (2008) | Faixa 02 - Mirdad e a pedradura - la sangre (2021) | Composta e produzida por Emmanuel Mirdad | Mirdad - voz e violão | Eric Gomes - guitarra | Artur Paranhos - baixo | Edu Marquéz - bateria | Marcelo Medina - trompete | Gilmar Chaves - trombone | Eric Almeida - saxofone | Arranjo sopro: Emmanuel Mirdad | Improvisação sopro: Eric Almeida e Gilmar Chaves | Gravado e mixado por Tito Menezes, e masterizado por André Magalhães no Submarino Studios em Salvador/BA em 2007 e 2008 | Arte encarte: Emmanuel Mirdad sobre traço de Minêu (capa roxa) e Emmanuel Mirdad sobre foto de Regina Rosa (capa vermelha)


Composta por Emmanuel Mirdad em 30/04/2007.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Seleta: R.E.M.

Foto: Chris Bilheimer A “ Seleta: R.E.M. ” destaca as 110 músicas que mais gosto da banda norte-americana presentes em 15 álbuns da sua discografia (os prediletos são “ Out of Time ”, “ Reveal ”, “ Automatic for the People ”, “ Up ” e “ Monster ”). Ouça no Spotify aqui Ouça no YouTube aqui Os 15 álbuns participantes desta Seleta 01) Losing My Religion [Out of Time, 1991] 02) I'll Take the Rain [Reveal, 2001] 03) Daysleeper [Up, 1998] 04) Imitation of Life [Reveal, 2001] 05) Half a World Away [Out of Time, 1991] 06) Everybody Hurts [Automatic for the People, 1992] 07) Country Feedback [Out of Time, 1991] 08) Strange Currencies [Monster, 1994] 09) All the Way to Reno (You're Gonna Be a Star) [Reveal, 2001] 10) Bittersweet Me [New Adventures in Hi-Fi, 1996] 11) Texarkana [Out of Time, 1991] 12) The One I Love [Document, 1987] 13) So. Central Rain (I'm Sorry) [Reckoning, 1984] 14) Swan Swan H [Lifes Rich Pageant, 1986] 15) Drive [Automatic for the People, 1992]...

Dez passagens de Clarice Lispector no livro Laços de família

Clarice Lispector (foto daqui ) “A mãe dele estava nesse instante enrolando os cabelos em frente ao espelho do banheiro, e lembrou-se do que uma cozinheira lhe contara do tempo do orfanato. Não tendo boneca com que brincar, e a maternidade já pulsando terrível no coração das órfãs, as meninas sabidas haviam escondido da freira a morte de uma das garotas. Guardaram o cadáver no armário até a freira sair, e brincaram com a menina morta, deram-lhe banhos e comidinhas, puseram-na de castigo somente para depois poder beijá-la, consolando-a. Disso a mãe se lembrou no banheiro, e abaixou mãos pensas, cheias de grampos. E considerou a cruel necessidade de amar. Considerou a malignidade de nosso desejo de ser feliz. Considerou a ferocidade com que queremos brincar. E o número de vezes em que mataremos por amor. Então olhou para o filho esperto como se olhasse para um perigoso estranho. E teve horror da própria alma que, mais que seu corpo, havia engendrado aquele ser apto à vida e à felici...

Oito passagens de Conceição Evaristo no livro de contos Olhos d'água

Conceição Evaristo (Foto: Mariana Evaristo) "Tentando se equilibrar sobre a dor e o susto, Salinda contemplou-se no espelho. Sabia que ali encontraria a sua igual, bastava o gesto contemplativo de si mesma. E no lugar da sua face, viu a da outra. Do outro lado, como se verdade fosse, o nítido rosto da amiga surgiu para afirmar a força de um amor entre duas iguais. Mulheres, ambas se pareciam. Altas, negras e com dezenas de dreads a lhes enfeitar a cabeça. Ambas aves fêmeas, ousadas mergulhadoras na própria profundeza. E a cada vez que uma mergulhava na outra, o suave encontro de suas fendas-mulheres engravidava as duas de prazer. E o que parecia pouco, muito se tornava. O que finito era, se eternizava. E um leve e fugaz beijo na face, sombra rasurada de uma asa amarela de borboleta, se tornava uma certeza, uma presença incrustada nos poros da pele e da memória." "Tantos foram os amores na vida de Luamanda, que sempre um chamava mais um. Aconteceu também a paixão...