Pular para o conteúdo principal

Composições de Emmanuel Mirdad: Mafuá


Composta no dia de São João em 2007, é uma canção farpa de apresentação do trabalho crítico da Pedradura, auto-afirmando a raça humana em seu diagnóstico, pois "a cor de pele é só um mero detalhe genético", a identidade "é um bagunçaço estrambólico" e "no fim, qualquer um escorre num fio vermelho de sangue". Os arranjos de metais foram feitos por Emmanuel Mirdad e o seu amigo Gabriel Franco, músico formado na Ufba.


Ouça no YouTube aqui

Ouça no Spotify aqui

Ouça no YouTube aqui


Ouça no SoundCloud aqui

Ouça na Apple Music aqui

Ouça no Deezer aqui

Ouça no Amazon Music aqui

Ouça no Tidal aqui

Mafuá
(Emmanuel Mirdad)
BR-N1I-08-00008

Eu sou negro, eu sou branco, eu não sou preto
Eu sou pardo, amarelo, multicor
Nordestino, litorâneo, de São Salvador
Glocalizado, sertãopolita, provocador

Auto-afirmo a raça humana em meu diagnóstico
A cor de pele é só um mero detalhe genético
A minha identidade é um bagunçaço estrambólico
Ajaiô, anarriê, bundalelê

No fim, qualquer um escorre num fio vermelho de sangue

Eu toco samba-rock, faço groove e danço xote
Psicodelia em carnaval, miscigenado caos
Incorporo tendências, transito em simbiose
Multifacetado delírio tropical

O que me incomoda é o padronizar da casca
Branco, negro, pardo, e você, é o quê?
Tem certeza de que é isso mesmo?
É preciso suprir as reais carências...

No fim, qualquer um escorre num fio vermelho de sangue


Faixa 04 - Pedradura - Universo Telecoteco (2008) | Faixa 10 - Mirdad e a pedradura - la sangre (2021) | Composta e produzida por Emmanuel Mirdad | Mirdad - voz e violão | Eric Gomes - guitarra | Artur Paranhos - baixo | Edu Marquéz - bateria | Marcelo Medina - trompete | Gilmar Chaves - trombone | Eric Almeida - saxofone | Arranjo sopro: Emmanuel Mirdad e Gabriel Franco | Improvisação sopro: Marcelo Medina, Gilmar Chaves e Eric Almeida | Gravado e mixado por Tito Menezes, e masterizado por André Magalhães no Submarino Studios em Salvador/BA em 2007 e 2008 | Arte encarte: Emmanuel Mirdad sobre traço de Minêu (capa roxa) e Emmanuel Mirdad sobre foto de Regina Rosa (capa vermelha)


Composta por Emmanuel Mirdad em 24/06/2007.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Seleta: R.E.M.

Foto: Chris Bilheimer A “ Seleta: R.E.M. ” destaca as 110 músicas que mais gosto da banda norte-americana presentes em 15 álbuns da sua discografia (os prediletos são “ Out of Time ”, “ Reveal ”, “ Automatic for the People ”, “ Up ” e “ Monster ”). Ouça no Spotify aqui Ouça no YouTube aqui Os 15 álbuns participantes desta Seleta 01) Losing My Religion [Out of Time, 1991] 02) I'll Take the Rain [Reveal, 2001] 03) Daysleeper [Up, 1998] 04) Imitation of Life [Reveal, 2001] 05) Half a World Away [Out of Time, 1991] 06) Everybody Hurts [Automatic for the People, 1992] 07) Country Feedback [Out of Time, 1991] 08) Strange Currencies [Monster, 1994] 09) All the Way to Reno (You're Gonna Be a Star) [Reveal, 2001] 10) Bittersweet Me [New Adventures in Hi-Fi, 1996] 11) Texarkana [Out of Time, 1991] 12) The One I Love [Document, 1987] 13) So. Central Rain (I'm Sorry) [Reckoning, 1984] 14) Swan Swan H [Lifes Rich Pageant, 1986] 15) Drive [Automatic for the People, 1992]...

Dez passagens de Clarice Lispector no livro Laços de família

Clarice Lispector (foto daqui ) “A mãe dele estava nesse instante enrolando os cabelos em frente ao espelho do banheiro, e lembrou-se do que uma cozinheira lhe contara do tempo do orfanato. Não tendo boneca com que brincar, e a maternidade já pulsando terrível no coração das órfãs, as meninas sabidas haviam escondido da freira a morte de uma das garotas. Guardaram o cadáver no armário até a freira sair, e brincaram com a menina morta, deram-lhe banhos e comidinhas, puseram-na de castigo somente para depois poder beijá-la, consolando-a. Disso a mãe se lembrou no banheiro, e abaixou mãos pensas, cheias de grampos. E considerou a cruel necessidade de amar. Considerou a malignidade de nosso desejo de ser feliz. Considerou a ferocidade com que queremos brincar. E o número de vezes em que mataremos por amor. Então olhou para o filho esperto como se olhasse para um perigoso estranho. E teve horror da própria alma que, mais que seu corpo, havia engendrado aquele ser apto à vida e à felici...

Dez passagens de Jorge Amado no romance Capitães da Areia

Jorge Amado “[Sem-Pernas] queria alegria, uma mão que o acarinhasse, alguém que com muito amor o fizesse esquecer o defeito físico e os muitos anos (talvez tivessem sido apenas meses ou semanas, mas para ele seriam sempre longos anos) que vivera sozinho nas ruas da cidade, hostilizado pelos homens que passavam, empurrado pelos guardas, surrado pelos moleques maiores. Nunca tivera família. Vivera na casa de um padeiro a quem chamava ‘meu padrinho’ e que o surrava. Fugiu logo que pôde compreender que a fuga o libertaria. Sofreu fome, um dia levaram-no preso. Ele quer um carinho, u’a mão que passe sobre os seus olhos e faça com que ele possa se esquecer daquela noite na cadeia, quando os soldados bêbados o fizeram correr com sua perna coxa em volta de uma saleta. Em cada canto estava um com uma borracha comprida. As marcas que ficaram nas suas costas desapareceram. Mas de dentro dele nunca desapareceu a dor daquela hora. Corria na saleta como um animal perseguido por outros mais fortes. A...