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A jornada para escrever o romance oroboro baobá — Parte VI (2018)


oroboro baobá” é o meu primeiro romance. Escrevê-lo foi um laboratório, um curso, um aprendizado. No post de hoje, a 6ª parte da jornada de criação do “oroboro baobá”, com o relato do que aconteceu em 2018: a volta dos irmãos Miwa e Mkini + fusão de duas versões do romance numa só [a finalista do Sesc + a finalista do Cepe]; definição quem é Mbamba e a conexão com Miwa; o stress da farsa do Babel Book Award; mais uma tentativa de adaptar o romance para o audiovisual; presente de Tom Correia [2ª vez]; resolvo a questão de Nara Maxakali; o susto de não ser nem finalista no Prêmio Sesc; revisão editorial em sequência até zerar as pendências e “finalizar” o livro no meu niver; duas opções para a capa [ilustração de oroboro colorido de Carla Kalindrah e foto de Denis Rouvre]; três versões de “oroboro baobá”; quatro mudanças de título; três registros na Biblioteca Nacional; romance “Tudo o que nos forma é hoje” pronto; e muito mais.

Verão, 2018. Foto: Sarah Fernandes

NOVO TÍTULO [11ª VEZ]

Relembro 2017: no começo de dezembro, condeno a última versão do romance. Fiz o que pude para transformá-lo, e reconheço que é uma versão insuficiente. Às sete da manhã da quinta 14/12/17, ao nadar no clube Asbac, penso no que fazer, e escolho trocar o protagonista: do arremedo Miwa de volta para o goleiro Montanha. Na real, para a divindade Mutujikaka. É isso! Tome-lhe braçadas, tome-lhe opções, e escolho um novo título para o romance: “O enigma de Mutujikaka”. Bingo! A finalizar 2017, fico repensando a obra, e decido desarquivar os capítulos da Miwa [os filhos de Mutujikaka funcionam mais como a Miwa e Mkini do que Luzia e o Miwa].

2018 começa assim: com sangue no olho! Igualzinho ao ano passado, a meta é aprontar o romance para disputar o Prêmio Sesc de Literatura. Me jogo, mizifio! Depois de trabalhar pela Flica 2018 de manhã, retomo a produção literária do romance na tarde da terça, 02 de janeiro de 2018, no apê 703-B. Primeiro movimento: modifico o título de “Miwa” para “O enigma de Mutujikaka”.

Crianças malgaxes na Allée des Baobabs, em Madagascar [foto daqui]

A MIWA E MKINI RETURNS

Tarde da segunda 02/01/18, apê 703-B, analiso a estrutura do romance nas versões distintas de 2017. Desengaveto os trechos de “Miwa — A nascente e a foz”, mas ainda falta revisar e ver como encaixar na nova estrutura: da parte “A nascente”, os cap. 7, 8 e 9 [as partes da Miwa em Nanuque, Bom Jesus da Lapa, Vitória da Conquista e Teixeira de Freitas] e trechos dos cap. 6 [infância da Miwa], 10 [nascimento de Mbira] e 11 [Dona Tonica admira a foto de Miwa]; da parte “A nascente e a foz”, os trechos de Mkini do cap. 1 e os trechos da Miwa no cap. 2 [ela se tornando Montanha e vice-versa]. Penso em uma nova estrutura e enredo.

Na manhã da quarta 03/01/18, apê 703-B, a pensar em uma nova estrutura e enredo, não consigo definir o que fazer com a Miwa, pois ela não se torna mais Montanha nem há a redenção de voltar a ser ela mesma. Tento Mkini então: preciso criar uma ligação dele com o futebol e pesquiso clubes para que ele jogue, tenha um mínimo do esporte antes de Dom Brito — escolho o mineiro América de Teófilo Otoni.

Na quarta 10/01/18, manhãzinha no clube Asbac, estou dentro da piscina, com o corpo no automático das séries, e a cabeça a pensar no romance: invento que Miwa sempre se interessou pela África e, desde pequena, deseja viajar muito, enquanto as coleguinhas queriam casar e ter filhos. Em casa, guardo a ideia no original.

Na hora do almoço da sexta 12/01/18, apê 703-B, crio uma possibilidade de carreira diplomática para Miwa, pesquiso no São Google, mas desisto, devido à realidade atual de crise financeira nas embaixadas brasileiras na África [anoto outras ideias, como trabalhar para a ONU].

Continuo a ouvir muito post-rock em jan/18, e garimpo esses dois álbuns espetaculares [sou fã, adoro!]: “These Small Spaces”, da norte-americana This Patch of Sky, e “Stubborn Persistent Illusions”, da canadense Do Make Say Think

REVISÃO DA CONTABILIDADE

É, não tá rolando. Sem criatividade para escrever. O que posso fazer? O de sempre: revisitar o que já fiz. Vou relembrar toda a jornada de feitura do romance, e aproveitar para revisar, detalhadamente, o arquivo da contabilidade.

Em 13 dias [03 a 11 + 13 e 14 + 16 e 17/01/18], invisto quase 60 horas de trabalho no apê 703-B para rever a jornada. Atualizo a contagem dos dias [estava com vinte dias a menos] e conserto nas agendas [de 2012 a jan/18]. Na quarta 17/01/18, crio o formato final do arquivo de contabilidade e padronizo todas as fases [nessa época, estava na 14ª fase]. A partir daí, não houve mais erros, até a publicação de “oroboro baobá”.

PS: Nesses dias, eu também organizo os PDFs com as versões do romance [que seriam fundamentais para escrever e ilustrar os posts dessa jornada].

Sete horas da manhã, um presente do acaso, registro que fiz no clube Asbac em 11/04/18 [e gerou um post no Facebook]

MBIRA É MBAMBA

No inverno, piscina gelada. No verão, sopa quente. Mas há vantagens de nadar no Asbac: muita resenha massa com os colegas, e também valiosos momentos de introspecção, que aproveito para pensar no romance.

Sete da manhã da sexta, 12 de janeiro de 2018, na última raia da piscina [o meu lugar de sempre], cabeça dentro d’água na função das séries [atualmente, 2,5 mil metros por aula], penso no que fazer com Miwa, Mbira e Mkini, e decido que Mbira é Mbamba [desisto do arremedo de Mbokani, o avô de Mbamba que era o Miwa]. Bingo! É isso! Nada de antepassado! O filho de Miwa é que deu origem à sua mãe adotiva Bartira. Tudo conectado, que beleza, que maravilha!

Fico eufórico dentro d’água, nado mais rápido e com mais disposição. Outra criação: Miwa vai se encontrar, mais à frente, quando estiver velha, com a sua mãe biológica Misara em Madagascar. Uau! Mais conexão, tudo se acertando, viva! [a sensação é a mesma de quando eu brincava de videogame e o mapa de uma nova fase se abria]


NOVO TÍTULO [12ª VEZ]

Que aula proveitosa essa da sexta 12/01/18! Quanta criação boa para Miwa e Mbira! O romance chega num outro patamar: viva o encaixe que se apresenta! Entusiasmado, volto a dar importância ao nome Miwa e o quero de volta no título. Então, crio uma nova opção para o romance: “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka”. Saio da piscina do Asbac com o “check” da 2ª rodada de 10 mil metros semanais em janeiro, e um milhão de estímulos para trabalhar no romance.

De volta ao apê 703-B, após reunião Flica 2018 na Rede Bahia + supermercado, banco e farmácia para mãe, na hora do almoço, modifico o título de “O enigma de Mutujikaka” para “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka”.

PS: Não mencionei antes, mas foi na mudança para a versão “Miwa” do romance em jun/2017 que consolidei o bordão “Yeba-Miwa!” como a felicitação de Mokamassoulé [na época, grafado assim: “Yeba! Miwa!”] — e que Bartira, depois de ouvi-lo, ao encontrar a bebê no cesto, reinterpreta Miwa como o nome da criança.

oroboro

350º DIA OROBORO

Domingo, 14 de janeiro de 2018. Ou 350º dia de trabalho em “oroboro baobá”. Que começa cedo, na madrugada, auge da noite do sábado, formatura da amiga de Sarah Fernandes no Boulevard Eventos, ao lado da Vila Militar da Pituba. Converso com a primeira leitora sobre as novidades que farei no romance, e tenho novas ideias, inclusive a melhor: vou mudar a capa para um símbolo que represente a premissa “filosófica” da obra. Mas qual? Já sei! A cobra que engole o próprio rabo. Isso! Pouco mais de uma da manhã, o oroboro se anuncia para o romance.

Boulevard Eventos, o local onde o oroboro surge para o romance. Foto: Google Street View

Nove da manhã [fui embora da festa logo após a conversa], no apê 703-B, precisamente um ano depois de ter cortado do romance [por opinião de Wesley Correia], decido desengavetar o capítulo de abertura da versão nov/2016, com o trecho ensaístico “Bahia pai canalha”, um xodó. Vou reciclá-lo como a introdução do livro de Sanfilippo sobre Montanha. Escrevo num rascunho as ideias da madrugada, e invisto o restante do 350º dia [manhã & tarde] “oroboro baobá” na revisão detalhada da contabilidade.

“Anjo negro: a história secreta de GV”, do paulista Paulo Schmidt, foi o romance vencedor do Prêmio Cepe Nacional de Literatura 2017

PERDE PRÊMIO [4ª VEZ]

Na manhã da segunda 15/01/18, apê 703-B, via celular, o amigo Tom Correia, curador da Flica 2018, me avisa que “Miwa” havia ficado entre os 10 finalistas do Prêmio Cepe Nacional de Literatura 2017 [como já citado antes, o resultado fora divulgado em 14/11/17, e eu não sabia], mas que o vencedor é outro autor [na sexta 12/01/18, a editora Cepe anunciou aqui]. Mesmo assim, fico muito feliz com esse resultado: viva 2017, com o romance finalista de dois prêmios importantes [Sesc e Cepe], em duas versões distintas!

Tô cheio de esperança para disputar o Prêmio Sesc de Literatura 2018. Dessa vez, vou ganhar! E tô ansioso para meter mão em “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka”. Vumbora logo!

O vencedor do Prêmio Cepe Nacional de Literatura 2017 é o romance “Anjo negro: a história secreta de GV”, do paulista Paulo Schmidt. Em 2020, procuro saber no São Google e encontro [aqui]: “Livro mescla figuras da política brasileira com criaturas sobrenaturais [...] é narrado pelo guarda-costas de Getúlio Vargas, Gregório Fortunato, que luta contra lobisomens e vampiros [...] Nem biografia nem romance histórico, ela se enquadra no gênero que tem se destacado na literatura de língua inglesa: a mashup novel, misturando fatos e personagens verídicos com elementos fantásticos oriundos do folclore e do universo geek”. Putz! Apanho para “Getúlio Vargas” de novo! Além do “Últimas horas”, de José Almeida Junior, vencedor do Prêmio Sesc em 2017, um romance com o caudilho envolvido ganha do meu. Que sina, haha.

PS: À noite dessa segunda 15/01/18 [com o pesar pelo suicídio da incrível cantora e compositora Dolores O’Riordan, da banda The Cranberries — sou fã, tenho todos os discos], conto a história do romance para a amiga, ex-sócia e produtora Edmilia Barros, e tenho novas ideias [que são incluídas no rascunho na manhã da terça 16/01/18].

A banda japonesa MONO. Foto: Mitja Kobal

FUSÃO 2016 & 2017

Produzo o romance essencialmente ao som da banda islandesa Sigur Rós, só que também ouço a jamaicana Culture [entre 2014 e 2015], a inglesa Radiohead e o duo norte-americano Hammock. Daí, surge a japonesa MONO, que eu só descubro na sexta 19/01/18, graças ao garimpo para a série “Música para Escrever” [os melhores sons de post-rock, a alumiar a mente e transcender em palavras].

PQP! Piro MUITO nos japoneses! E faço todo o trampo de “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka” ao som de obras-primas como os álbuns “Hymn to the Immortal Wind” e “For My Parents” [dois dos melhores de todos os tempos!], e lindezas como os discos “You Are There” e “The Last Dawn”. No embalo dos cinematográficos da MONO, à tarde da sexta 19/01/18, apê 703-B, analiso a estrutura das versões “Miwa” [ago/2017] e “Miwa — A nascente e a foz” [jan/2017 e nov/2016], e começo a montar a nova estrutura do romance.

Gabriela Leite traduz a frase de Alpha Blondy [Tom Correia havia me chamado essa atenção, pois havia deixado a nota em francês no romance] em 20/01/18

No sábado 20/01/18, apê 703-B, trabalho desde manhã cedo e, na hora do almoço, tá pronta a nova estrutura do romance, com um total de 50 capítulos. Depois de finalizar a série francesa “Glacé”, dica de Gabriela Leite, dedico a tarde para rever a nova estrutura e tenho novas ideias para o final de “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka”.

A foz do rio Caraíva, quando ele encontra o Atlântico, um dos rios e locações mais importantes do meu primeiro romance. Foto: Kleber Mazzini, via Google Street View [compartilho em post no meu Facebook, assim como outras locações, para marcar que estava trabalhando no livro de novo]

VERÃO NA FUNÇÃO

Em nove dias, invisto mais de 55 horas de trabalho [todo feito no home office do apê 703-B] para montar a versão “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka” do romance [e o trabalho continua!]. Como eu só tenho arquivado o original pronto de fev/18, vou citar apenas a numeração final dos capítulos [no domingo 04/02/18, faço uma mudança total na estrutura que vinha trabalhando].

Domingo, 21/01/18 [05h e 30min | manhã & tarde] — Desisto de sair num sábado à noite de verão em Salvador para me deliciar com os poemas do mestre Augusto dos Anjos. Na real, é para acordar cedo e trabalhar no romance. Às sete e meia desse domingo, começo as montagens dos capítulos [sempre lapidando o texto], a escolher os melhores trechos entre as versões de 2016 e 2017. Na contagem de hoje [não é a final], monto 10 capítulos. Algumas novidades: Escrevo o xodó “Com um pouco mais de domínio do idioma, refaz o pensamento: ‘Devo ser José’.” — Mbamba saca que não é José, e sim que deve representá-lo, para que possa preservar a sua integridade congolesa [cap. 2].


Na noite da quinta 27/07/17, o guitarrista Norton Cotan Scarton compartilha no Facebook um vídeo com o bluesman Blind Connie Williams interpretando “Take My Hand, Precious Lord” de maneira transcendental, o que me marca profundamente [não o conhecia]. Compartilho também, e vou atrás de ouvi-lo [curto e divulgo o disco “Philadelphia Street Singer”]. Meses passam, até que, nesse domingo 21/01/18, decido fazer uma “homenagem” a esse bluesman talentoso, rebatizando o personagem cego do romance como Guilherme Cornélio [tradução do seu nome, ordem trocada] — há tempos estava incomodado com o Ferreira, porque não queria associá-lo ao meu então sócio Marcus Ferreira [cap. 1].

Noite de 27/07/17, conheço e sou magnetizado por Blind Connie Williams


Insiro que o namorado paulista também considera Gigante uma ameaça; a reflexão sobre o racismo volta para o trecho com Mkini [cap. 1].


Recupero a frase-xodó “Mbamba faz o escravo José” da versão jan/17, e como ele agora é Mbira, filho de Miwa, decido ressaltar o seu tamanho, a inserir a info: “mesmo com a sua altura incomum para a função dentro das minas”; incluo que a família do sobrenome que Mbamba passa a usar, lucrara com o seu trabalho, e que ele decide “reconstruir a sua vida como o senhor José do Amaral Corrêa”; escrevo mais uma conexão com o novo enredo Mbira-Mbamba: ao morrer, reencontra os amados no além da sua aldeia “sem nunca ter suspeitado da sua real condição de filho adotado, segredo preservado pela família congolesa até o fim” — e crio o xodó “Após, não há mais disfarces nem classificações” [cap. 4].


Insiro a info que Dona Tonica, embora antropóloga, não se interessa em saber dos seus ancestrais [cap. 4].


Acrescento mais marcações “de Mbamba” para os seus descendentes nos trechos da saga dos ancestrais de Bartira [cap. 6].

Segunda, 22/01/18 [08h e 30min | da manhã à noite] — Com sangue no olho, formo 11 capítulos [não é a contagem final], e começo outro. Algumas novidades: Insiro a descrição correta da embarcação que faz a travessia em Caraíva, e que, do outro lado do rio, é Nova Caraíva [cap. 9].


Aos moldes da “homenagem” a Blind Connie Williams no romance, faço o mesmo com o personagem Mickey Goldmill [interpretado pelo o ator norte-americano Burgess Meredith], treinador de Rocky Balboa, que inspirou a criação do preparador de goleiros de Porto Seguro: rebatizo-o para Miguelito “Moinho de Ouro” [cap. 9].

O treinador Mickey Goldmill, interpretado por Burgess Meredith [foto daqui]


Insiro uma indagação de Moinho de Ouro, para reforçar que uma fala de Xandão revela a sua proteção ao amor & perna de pau Sereno; troco a metáfora machista estrutural “desses que até a sua avó faria” pela zoeira “desses que até o cotó do seu caquético cachorro da infância faria” [cap. 11].


Sobre a conexão ancestral de Bartira com Dona Tonica, escrevo o original do xodó “Dois ramos de uma mesma árvore. Cujas raízes são os galhos e as folhas” — nessa época: “Cujas raízes são os ramos” [cap. 12].


Há tempos que sinto que preciso melhorar a infância de Miwa. E o dia chega! Yeba! Vou escrever algo 100% novo, nesse 22 de janeiro de 2018, uma raridade na fase de finalização do romance. Anoitece, e eu trabalho naquela ideia da quarta 10/01/18, de Miwa interessada pela África desde pequena, para abrir o novo cap. 16.

É um trecho-xodó, em que utilizo das minhas lembranças de infância [consumidor da Enciclopédia Abril, principalmente nos verbetes sobre os países, ficava chateado com a diferença no tamanho do conteúdo dos europeus em relação aos africanos e asiáticos]. Gosto do apoio da mãe Bartira aos interesses da filha [inspirado no meu incrível pai, Ildegardo Rosa, que sempre me apoiou em todos os sonhos que tentei concretizar], do choque de gerações com o desinteresse de Benivalda sobre a África [“julga que esse ‘país’ só tem miséria, baseada apenas no que o telejornal informa sobre o continente”], e da postura de Miwa, que sabe que é adotada.


Terça, 23/01/18 [06h e 20min | da manhã à noite] — Termino de formar o cap. 16 e formo cinco capítulos [não é a contagem final]. Algumas novidades: Melhoro o motivo de Miwa ir para Bom Jesus da Lapa, e o diálogo final do cap. 18.


Dou uma encorpada no diálogo entre Sanfilippo e o pai [cap. 19].


Insiro a vontade de Miwa em viajar e conhecer a África enquanto se incomoda com a falta de profissionalismo da patroa Edir; escrevo o original do xodó “A jovem se sente como uma mulher que compreende e honra as suas matriarcas”; revelo que o fotógrafo é mais velho que a jovem [cap. 20].


Reciclo o trecho ensaístico “Bahia pai canalha” como esboço do texto de Sanfilippo, e melhoro essa parte dele em Caraíva [cap. 21].


Quarta, 24/01/18 [03h e 30min | da manhã à noite] — Troco a natação pelo romance [80% da manhã em reunião Flica e FliCaixa 2018 na Rede Bahia], e escrevo a nota sobre o goleiro Barbosa, inserindo-a no cap. 9.


Depois do supermercado, levar mãe no banco e feira, formo o cap. 22 [nesse realmente junto pedaços de três versões]. Algumas novidades: Insiro que Miwa resiste, e o fotógrafo só consegue violentá-la por dar uma porrada à traição; escrevo que Miwa não permite o abraço do caminhoneiro [cap. 22].


Hoje descubro que 2018 é o centenário de Nelson Mandela. É a sincronia operando: a Table Mountain está no cap. 22. Putz! Compreendo o recado e desengaveto a nota com a fala do líder sul-africano sobre a montanha [cortada por sugestão de Wesley Correia]. Aproveito a breve reunião Flica 2018 com o curador Tom Correia via celular, e peço para o amigo traduzi-la do inglês para o português, o que ele faz prontamente, solícito e gentil como sempre [ô, sorte!].



Em 2018, 100 anos do mestre Nelson Mandela, 100 anos de Madiba!

Quinta, 25/01/18 [08h | da manhã à noite] — Outra rodada pancada: o dia todo para formar oito capítulos [começo com as galinhas, às cinco e quarenta da manhã — assim como ontem, troco a natação pela literatura]. Algumas novidades: Insiro o comportamento de Benivalda quando Bartira lhe conta sobre as entidades [cap. 27].


Organizo melhor a passagem de tempo em Mucuri, e invento que o povo está maldando que Bartira e Dona Tonica estão juntas; escrevo o novo trecho “fofoca de interior”, com os futriqueiros a condenar o que consideram uma “sem-vergonhice de véa” [cap. 27].


Retiro o pixo na parede “Aqui se faz, aqui se paga” ao lado do corpo morto do fotógrafo — acho excessivo e descartável [cap. 27].


Mudo a identificação do bebê Mbira no orfanato para “M-23/2007” [cap. 29].


Ao recuperar o trecho que Montanha amassa a foto de Miwa, descarto a parte do tal poeta “filho do bravo encontro do rio São Francisco com os sertões do oeste” e a citação à premissa “filosófica” do romance [cap. 30].


Sexta, 26/01/18 [02h | manhã & tarde] — 3º dia seguido que troco a natação pelo romance, mas tenho pouco tempo para trabalhar nele: formo apenas dois meio-capítulos [hoje, almoço com a jornalista e pesquisadora negra Miria Cachoeira; conto-lhe a história do romance e ela oferece a sua valiosa opinião].

Sábado, 27/01/18 [06h e 10min | manhã & tarde] — Formo dois meio-capítulos e o cap. 33 [Ritual em Madagascar]. Algumas novidades: Melhoro texto & forma do acolhimento das índias pelas negras, e escrevo as duas falas-suspense: “Você tem mais um além de Luzia?” e “O meu irmão é negro como vocês” [cap. 31].


Insiro que, em vez de Paca, é o assassino Taca Fogo que conforta Isidora, a “viúva” do morto Marcelino [cap. 32].


Retiro a referência à malgaxe Asaramanitra Ratiarison, única judoca de Madagascar a participar das Olimpíadas 2016 — avalio como excessivo e datado; insiro que Misara sente um alívio, da mesma forma como Dona Tonica sentiu com Bartira, o “bordão” para marcar a intuição de parentesco entre a malgaxe e a turista Miwa, mãe e filha; acho pouco a frase “Misara é retirada do paraíso, sem outro arremesso” e escrevo um parágrafo para melhorá-la; crio um trecho sobre o dispositivo de transporte de Mensawaggo que, no outro plano, não pode ser um veículo [cap. 33].


Domingo, 28/01/18 [08h | da manhã à noite] — Mais uma rodada pancada: o dia todo para formar a última parte do cap. 32 e os cap. 38 e 34 + partes de cap. 35, 36 e 37, além de escrever novos trechos para alguns cap., revisão para outros — e também desisto de colocar Mkini para jogar no América de Teófilo Otoni [100% por causa da preguiça, volto com o original de Dom Brito coagi-lo a se tornar o goleiro Montanha, sendo que o negro Maxakali nunca jogara futebol antes].

Algumas novidades: Modifico a fala de Mopmadogara no sonho da velha Hedda para “A criança é nossa” e “Mbira-Miwa”; acrescento mais uma observação “filosófica” para o bordão “é uma ficção” da entidade Mensawaggo [ainda nessa versão, na voz do narrador]: “O fim é uma ficção. O recomeço, também” [cap. 38].


Atualizando o post de 2016 do meu niver, em “homenagem” à Mensawaggo, a entidade predileta [já na ordem final de “oroboro baobá”]:

“O tempo é uma ficção.
O espaço, também.

A justiça é uma ficção.
A recompensa, também.

O livre-arbítrio é uma ficção.
O carma, também.

O fim é uma ficção.
O recomeço, também.

A dor é uma ficção.
O sofrimento, também.

Mais novidades: Escrevo um trecho 100% novo [viva!], para resolver uma pendência antiga: a conclusão do orfanato. A ideia é punir a diretora, daí boto uma funcionária para descobrir as desgraças da parte oculta e chamar a polícia. Escrevo o xodó “Cansa-se de inventar paisagens no teto do quarto e se levanta para ir tomar água na cozinha. Recorda-se de um método e resolve passear no sereno para tentar atrair algum resquício de sono” [cap. 38].


Melhoro o trecho das entidades deixando o bebê Mbira no passado [cap. 38].


Insiro o único “eu te amo” do romance, na fala apaixonada de Xandão para Sereno [cap. 34].


Acho brega e retiro o namorado “dez anos mais novo” de Nara em Mucuri; montando o trecho sobre Luzia, escolho o curso de Direito e o emprego no restaurante “Miwa” da versão ago/17, e a forma do parágrafo da vr. jan/17; escrevo novo trecho [yeba!] sobre as angústias de Bartira com o sumiço da filha [e Luzia como uma afilhada] e o sucesso dos seus negócios, a “Sabor do Mangue” como uma franquia regional [cap. 35].


Volto a matar o jornalista Sanfilippo [cap. 36]. PS: Nesse domingão, termino de ler o livraço “Toda poesia de Augusto dos Anjos” e de assistir à excelente 1ª temporada da série “Fargo”.

Segunda, 29/01/18 [07h e 10min | da manhã à noite] — Formo o cap. 40 e partes do cap. 37, escrevo mudanças em alguns cap. e penso no que resta fazer em “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka”. Algumas novidades: Insiro que o carro de Dom Brito, após o rapto de Mkini, segue para o barracão que era coordenado por Marcelino [cap. 37].


Insiro uma abertura poética [“O mar de estrelas cintila. A lua é nova”], dou uma ajustada no texto e modifico a última frase do romance para “Yeba-Miwa!” — a definitiva [cap. 40].


1 ano da minha vida dedicado a “oroboro baobá”

365 DIAS NO OROBORO BAOBÁ

Terça, 30 de janeiro de 2018, anoitecer, apê 703-B. Faço um post [no blog e no Facebook] em que registro: “dos 37 que tenho, dediquei 1 ano a você”. Hoje completo 365 dias trabalhando em “oroboro baobá”. Modifico ordem de capítulos, a idade que Miwa sofre a agressão [de 16 para 18 anos; por isso, o ano do achamento no mangue passa de 1990 para 1988 — faço essas alterações e outros ajustes em vários cap.], pesquiso e troco palavras repetidas, crio uma nova opção de capa, insiro trechos nos cap. 40 [“Mensawaggo terá de passar no país vizinho à África do Sul, a Namíbia, mais especificamente no Deserto do Namibe...”] e 22 [“Ela não consegue ficar de pé, deita no asfalto da rua, a se contorcer. Algo está rasgando a jovem por dentro...”], e começo a formar o cap. 39 [Mensawaggo resgata Miwa na BR-101 em Teixeira de Freitas + Mensawaggo deixa Miwa em Mucuri] — retiro a menção à Passarela Ecológica do Gigica e melhoro o texto.


A 8ª sugestão para a capa do romance: a ilustração da artista carioca Carla Kalindrah

CAPA [8ª VEZ]

Desde o anúncio do oroboro no 350º dia de trabalho [domingo 14/01/18], que a nova capa do romance teria o símbolo [a representar a premissa “filosófica”]. Na terça, 30 de janeiro de 2018, apê 703-B, entre 16h20 e 17h30, faço uma pesquisa sobre oroboros no São Google, e encontro a ilustração da artista carioca Carla Kalindrah [feita em ago/16, veja aqui].

“Existe uma imagem que, entre muitas coisas, representa a completude. Esta imagem é o OroborO. Gosto de escrever assim, começando e terminando com maiúsculas, pois a palavra OroborO é um palíndromo (a gente lê igual de trás pra frente). O nome da imagem é como a própria imagem: randômica, infinita, cíclica. Dependendo da cultura é uma serpente ou um dragão que morde a própria cauda; São os extremos que se tocam e se harmonizam!”, segundo Kalindrah.

O que me impacta: é a única imagem que encontro com a representação de uma cobra colorida, como se fosse o arco-íris. Bingo! É isso! Um oroboro legítimo do meu romance! Yeba! Baixo a imagem, a insiro com um fundo escuro, trabalho o título com um dourado e insiro o logo da Record [para vibrar pelo Prêmio Sesc de Literatura 2018]. Assim, descarto as opções com as fotos de Fabrizio Ferri e Inti Gajardo, e com a ilustra de Willian Santiago [todas muito queridas!].

Futebol na Allée des Baobabs, Madagascar. Foto: Marc Apers [garimpada daqui por Eli Campos]

VERÃO NA FUNÇÃO CONTINUA

Em sete dias, invisto quase 35 horas de trabalho [todo feito no home office do apê 703-B] para finalizar a montagem da versão “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka” do romance. Segue seco:

Quarta, 31/01/18 [03h e 40min | tarde & noite] — Repenso a estrutura e modifico a ordem de vários capítulos.

Quinta, 01/02/18 [05h e 30min | da manhã à noite] — Trabalho no cap. 38 e continuo a formar o cap. 39, inserindo os trechos: Bartira tenta se comunicar com as entidades, Makonga visita Bartira em Mucuri, e Miwa se embrenha no mangue.

Algumas novidades: Bartira não está mais na lanchonete, e sim em casa, quando Makonga lhe traz a foto de Miwa e a mensagem; escrevo o original do xodó “A empresária escuta: primeiro, como um barulhinho; depois, como um suspiro que sobra ao final do sopro de uma brisa; por fim, o som se encorpa e engloba os ouvidos como tentáculos” e o xodó “As lágrimas, muitas, são um descarrego de felicidade, como a chegada da chuva ao sertão, da água às torneiras, do banho de chuveiro, nunca mais um balde” [cap. 39].


Escrevo o encontro de mãe e filho, Miwa e Mbira/Mbamba, e a visão de Miwa, guiada por Mutujikaka, para presenciar todo o ritual da sua fecundação e parto, e saber quem é a sua mãe Misara — tudo isso é muito xodó para mim [cap. 39].


Readéquo o encontro de Miwa com Bartira para o atual enredo [cap. 39].


Sexta, 02/02/18 [07h | manhã & tarde] — Trabalho no cap. 39, escrevendo os novos trechos [yeba!]: o encontro de Nara Maxakali com o seu filho Mkini em Salvador, e Miwa se despedindo de Bartira para ir à África.


Pesquiso e troco palavras repetidas, e finalizo o cap. 39, reciclando uma parte do cap. 18 de “Miwa” com novos trechos escritos hoje, dia de Iemanjá, criando o encontro de Miwa mais velha com a sua jovem mãe Misara [cap. 39].


Sábado, 03/02/18 [06h | manhã & tarde] — Reviso os trechos das entidades em diversos capítulos. Reviso, atualizo e finalizo o arquivo com a lista dos livros lidos [os mais importantes] durante o processo de produção do romance e nos anos do processo, e insiro essas informações de volta ao original [foram retiradas por sugestão do amigo Wesley Correia]. Divido a página de dados & agradecimentos em duas e as reescrevo [ganham a forma que está em “oroboro baobá”; só modifico o conteúdo ao longo dos anos].



Domingo, 04/02/18 [04h e 30min | de manhã] — Decido modificar a estrutura do romance. Faço algumas fusões, revejo a ordem e firmo “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka” com 40 capítulos [dez a menos do que vinha trabalhando; a ordem real das imagens postadas por aqui]. PS: À noite, termino de assistir à 2ª temporada da série “Fargo”, e gosto muito também.


Segunda, 05/02/18 [06h | manhã & tarde] — Faço a revisão final do cap. 1 ao 21.

Terça, 06/02/18 [02h e 10min | manhã & tarde] — Faço a revisão final do cap. 22 ao 26.

Comentário da revisora Acácia Melo Magalhães sobre “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka”

REVISÃO DE ACÁCIA [2ª VEZ]

Assim como em jun/17, acerto com a revisora Acácia Melo Magalhães, que vai corrigindo aos poucos, conforme vou lhe enviando os trechos do romance que ela ainda não havia trabalhado [revisou a versão “Miwa”, sem as partes da Miwa e a maioria de Mkini]. Em cinco dias [25, 29 e 31/01/18 + 04 e 05/02/18], reviso esse serviço e debato com ela as dúvidas pendentes.

PS: Fico tão contente com o e-mail de Acácia, que o divulgo no meu Facebook [aqui] com a marcação “está se sentindo inspirado” e a legenda “O tipo de mensagem que lhe faz prosseguir. 360 dias trabalhando no meu primeiro romance, e continua”. Daí, sou surpreendido pelo comentário do ex-colega de Facom Pedro Paula, um presentão inesperado:

Pedro Paula comenta sobre o conto Sol de abril

“Grande Mirdad! Esta semana li o conto da Caolha. Achei que acertou no tom: a parte previsível, que remete aos clichês dos injustiçados, consegue prender o leitor ao remeter àquilo que já lemos, é um pouco carregada; enquanto a parte surpreendente da trama foi apresentada de forma mais seca, deixando que as conclusões sobre estes fatos inusitados fique por conta do leitor. Admiro escritores que conseguem utilizar na trama aquilo que não está escrito, que é completado pelo leitor. Desta forma, conseguiu transitar entre o tênue limiar da comoção e pieguice com desenvoltura, a leitura é fluida. Parabéns pelo seu empenho, nosso professor de estética da arte ficaria orgulhoso de você! Um abraço!”

Yeba! Valeu demais, Pedro!

Faço um post no Facebook com essa foto da Allée des Baobabs [garimpada no Google, infelizmente sem crédito] para marcar o final de mais uma versão do romance [escaldado, não faço o anúncio de “término” do romance]

OROBORO BAOBÁ [16ª VERSÃO]

Quarta, 07 de fevereiro de 2018, apê 703-B. Amanhã começa o Carnaval de Salvador, mas hoje já tem festa. E a minha segue no home office, a fazer a revisão final dos cap. 27 ao 35, pela manhã. Depois de bater o feijão & arroz no almoço em casa, faço a revisão dos cap. 36 ao 40, fecho a contabilidade e, às 16h20, considero concluída a produção literária do romance “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka”.

PS: Nas contas dessa época, investi um total de 1.462 horas de trabalho em 373 dias para criar o romance. Financeiramente, custou-me R$ 117.826,00 (destes, R$ 866,00 pelo serviço de revisão).


DISPUTA POR PRÊMIO [5ª VEZ]

Final da tarde de quarta, 07 de fevereiro de 2018, apê 703-B. Após considerar o romance concluído, formato um PDF de acordo com o regulamento e faço a inscrição [virtual, prática, sem nenhum custo] de “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka” no Prêmio Sesc de Literatura 2018. Yeba! Assim como em 2017, consigo concluir o romance a tempo da inscrição. A diferença é que a confiança está pipocando no alto: finalista por duas vezes, sinto que sou favorito, pois reuni o melhor das duas versões em “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka”.

Site do falso Babel Book Award

A FARSA DO BABEL BOOK AWARD

Após concluir “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka”, destruo os originais da versão anterior e invisto cinco dias do Carnaval 2018 [09 a 13/02/18] para editorar a versão “livro caseiro” do romance. Daí, na sexta 16/02/18, faço a inscrição de “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka” no “Babel Book Award”, enviando o original em PDF no site do prêmio.

O problema é que só desconfio do conteúdo do site e verifico que é um prêmio falso depois de enviar o arquivo. PQP!!! PUTO MILHÕES!!! Dou print em tudo, compartilho a história com jornalistas, e fico muito mal com isso, fudido por ter achado que me roubaram. Busco consolo via celular com Sarah, Edmilia, Eli e Tom Correia. Não há mais o que fazer. O estômago me ataca em alta. Corro para registrar “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka” na manhã do sábado 17/02/18 [consigo enviar à Biblioteca Nacional]. E, na segunda 19/02/18, vou na delegacia para tentar um B.O., mas não consigo, porque ainda não há crime.

Ao longo das semanas, fico acompanhando a repercussão na imprensa desse “golpe”: o autor é localizado, resiste afirmando que é verdadeiro, até que, enfim, na Flip 2018, ele revela que se trata de uma performance literária [apresentou-a no evento]. Menos mal, mas esse sacana me causou muita preocupação e mal-estar.

Trecho do certificado de registro do romance “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka” na Biblioteca Nacional, expedido em 18/06/2018

BIBLIOTECA NACIONAL [5º REGISTRO]

Como citado acima, tô na fissura do falso prêmio, e dou o corre na manhã de sábado, 17 de fevereiro de 2018. Infelizmente vai para o espaço [tenho que me precaver contra “os ladrões” do Babel Book Award] a ideia de registrar só quando confirmasse 100% a validade dessa versão. No apê 703-B, imprimo uma cópia de “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka”, organizo os documentos para o registro na Biblioteca Nacional e rubrico as 196 páginas do original.

Encontro um Correios aberto no Shopping da Bahia, pago o GRU no caixa eletrônico e envio “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka” para a Biblioteca Nacional [mais um arquivo de “oroboro baobá” na BN]. Ufa, consegui!

Para marcar a minha volta à série, faço um post no Facebook com essa foto e a legenda: “334 horas e 35 minutos em 93 dias depois, iniciado em 2015, o trabalho de adaptar o meu primeiro romance em audiovisual continua... Na foto [pescada na rede, infelizmente sem crédito], Caraíva, Bahia, onde tudo começou e é uma das locações mais belas do roteiro”

ADAPTAÇÃO PARA SÉRIE [5ª VEZ]

Quarta, 14 de fevereiro de 2018, hora do almoço, apê 703-B. Decido recomeçar o trabalho de adaptar o meu romance numa série audiovisual, a transformar “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka” em “O enigma de Mutujikaka” [prefiro que o título da série seja reduzido, para facilitar o comercial]. Na mesma pegada do que ocorreu em janeiro, reviso todo o trabalho feito até então, à busca de inspiração para escrever. Dedico a tarde dessa Quarta-feira de Cinzas para fazer a revisão detalhada da contabilidade.

Em seis dias [15 a 20/02/18], invisto mais de 17 horas de trabalho para elaborar a 1ª versão do guia dos episódios, com as sugestões para a 1ª temporada de “O enigma de Mutujikaka”, com 16 episódios.


Dessa vez, não aciono a diretora e roteirista Gabriela Leite [a empacada de dez/17 me deixou com a sensação de que o romance não era interessante]; prefiro elaborar o roteiro sozinho ou com outra parceria, e só contatá-la com o bendito pronto. Como sempre penso em sociedade, convido o amigo Tom Correia na quinta 15/02/18 [pede um tempo para avaliar]. Daí, no final da tarde da segunda 19/02/18, me reúno com a escritora mineira Cidinha da Silva [atração da Flica 2017] na área do café do cinema Glauber Rocha, centro de Salvador. Tento convencê-la a se tornar romancista [é uma excelente cronista!], ofereço-me para ajudá-la no que precisar e, quando a noite e Tom Correia chegam, convido Cidinha para fazer o roteiro da série “O enigma de Mutujikaka” conosco [e o amigo nem havia me confirmado].

A escritora mineira Cidinha da Silva na Flica 2017. Foto: Paolo Paes

Conto a história do romance para a escritora [acho que me estendi], mas Cidinha recusa a proposta, por ter vários outros trabalhos a desempenhar [sinto que ela não se interessa pela história], além de que está de mudança da Bahia. Já o amigo Tom Correia, sempre muito gentil, fica com o original da nova versão do romance para mais uma leitura crítica [ô, sorte!]. Agora, Tom iria conhecer a história completa [a versão que leu não havia as partes da Miwa e de Mkini].

Com a 1ª versão do guia dos episódios pronta na terça 20/02/18, engaveto o projeto da série “O enigma de Mutujikaka”, pois o foco passa a ser a produção do livro reunindo todos os meus contos. E os meses passam. Decido aguardar o romance ficar 100% pronto para recomeçar. Só que, em outubro, a coleção de frustrações no audiovisual me faz parar de vez, sem previsão de retomar [só em 2020 volto a me movimentar pela série].

PS: Após a reunião da segunda 19/02/18, assisto ao filme “Pantera Negra” no cine Glauber Rocha. Gosto tanto que, no dia seguinte, escrevo esse post no Facebook:

“Black Panther” [2018], de Ryan Coogle

A nação que você irá comandar é a mais desenvolvida do mundo e, por isso mesmo, é mantida escondida há tempos, para que o restante da humanidade não tenha acesso ao seu modo de vida [e, com isso, não o destrua]. Diversas gerações de reis anteriores preservaram essa tradição. E você, o que faria? Manteria Wakanda isolada dos demais países africanos, da negritude espalhada pela diáspora? Ou seria solidário e exporia os segredos ao mundo? Ou, ainda, usaria esses recursos para promover a revolução contra os colonizadores afora?

É a melhor questão de “Black Panther” [2018], de Ryan Coogle, um filme que encanta pela primazia dos figurinos, adereços e cenários, a honrar diversas culturas do continente africano — um trabalho estonteante.

Shuri [Letitia Wright] e Okoye [Danai Gurira], as mulheres que arrebentam no filme “Pantera Negra” [foto daqui]

O herói toma a seiva que lhe dará os poderes de Pantera Negra, é enterrado por um belíssimo areal, transportado para o plano espiritual, onde se reencontra com o pai morto. Chorei nessa cena. Muito especial, para mim. E o melhor são as mulheres: Danai Gurira, brilhante como a general Okoye [esta sim, para mim, a grande rainha do longa, que bota o Chadwick no bolso], e Letitia Wright, excelente como a princesa Shuri [que, maravilhosamente implodindo o clichê, é a mestre das ciências, a chefa do laboratório, a grande cabeça da tecnologia mais incrível do mundo, uma jovem que não é nerd, e sim, deslocadíssima e simpática demais — e linda!].

Erik Killmonger [Michael B. Jordan], as melhores falas do filme “Pantera Negra” [foto daqui]

E o personagem Erik Killmonger [interpretado por Michael B. Jordan]? As melhores falas do filme são dele: o escalde que dá numa especialista londrina de arte africana, o reencontro com o pai [o mesmo processo que me emocionou acima — só que o plano espiritual não é figurado na África, e sim no apê do gueto norte-americano] em que ele inicialmente não derrama lágrimas [um salve para o ator Sterling K. Brown, que adoro, e faz um excelente, mas breve, príncipe N’Jobu] e o brado final relembrando os ancestrais que se atiraram ao mar para não viverem escravizados.

Bravo!

O escritor, jornalista e fotógrafo Tom Correia, curador da Flica 2017 e 2018. Foto: Rosana Souza

PRESENTE DE TOM CORREIA [2ª VEZ]

Domingo, 18 de março de 2018, três da tarde. No apê 703-B, acabo de rever o conto “Quase onze dias” [desde o final de fev/18, que estou na função do meu livro “O limbo dos clichês imperdoáveis”, revendo ou reescrevendo todos os meus contos]. Por e-mail, o escritor, jornalista e fotógrafo Tom Correia oferece o seu 2º presente ao romance: novas observações e erros apontados, muito mais incisivo e questionador.


Ô, sorte! Armaria, presente duplo! Valeu demais, Tom! Arrebentou!!! Só que, no embalo do livro “O limbo dos clichês imperdoáveis”, agradeço e deixo para depois [revejo os contos “Despedaço” e “Deserto poema”].

Na manhã da segunda 19/03/18, apê 703-B, após a revisão edit. dos contos acima, converso com o amigo Tom Correia por quase duas horas [via celular]. Debato com ele a sua dedicada leitura e assumo que a parte de Nara Maxakali é um grave problema a ser resolvido: índios não fogem da luta, e a cacique não iria bani-la da tribo, ou seja, não tem como ela e a filha fugirem dos criminosos, serem amparadas por Bartira e Benivalda nem a mudança para Mucuri [o que compromete também o enredo de Mkini].


À tarde, reabro o original de “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka” e faço as mudanças que dá para fazer. Solicito à revisora Acácia Melo Magalhães explicações sobre o que Tom questionou como errado. Ela prontamente responde e esclarece as dúvidas sobre as diferenças de “ao invés” e “em vez”. Na manhã da terça 20/03/18, apê 703-B, realizo essas modificações.

Sábado, 24 de março de 2018, hora do almoço, e o amigo Tom Correia, via e-mail, complementa o seu 2º presente ao romance.


Depois de concluir à sensacional série documental “Wild Wild Country”, respondo o amigo e arquivo as suas últimas sugestões — só depois que terminar “O limbo dos clichês imperdoáveis” e publicá-lo na internet é que irei resolver os problemas do romance.


Duas águias, um tigre, duas flores, uma caveira, duas estrelas. É isso aí, camisa, bem por aí

FAÇA VOCÊ MESMO [3º LIVRO]

Continuo na fase de escritor não-remunerado, a editar os meus livros. Assim como nos lançamentos de 2017 [a poesia completa “Quem se habilita a colorir o vazio?”, e a antologia “Ontem nada, amanhã silêncio”], embarco na jornada de produzir e publicar o 3º livro do “faça você mesmo”: “O limbo dos clichês imperdoáveis”, com todos os meus contos. O trampo: revisar e concluir o texto, editorar o PDF, gerar as imagens de cada página e fazer o upload nas redes sociais no meu blog e Facebook, além de disponibilizar o PDF para download no Google Drive.

Do sábado 24/02/18 até o final de mai/18, dedico 79 dias à obra em 2018, todos no apê 703-B. Os contos lançados em “Abrupta sede”, “O grito do mar na noite” e “Olhos abertos no escuro” [todos publicados pela editora baiana Via Litterarum] são reescritos, revistos, revisados e finalizados. Estabeleço a meta de 28/05/18 para o lançamento, e me dedico de maneira extrema, virando domingo a domingo, para preparar todo o material a tempo.

1 ano da minha vida dedicado aos contos

Na segunda 21/05/18, considero o original pronto, com um total de 91.626 palavras em 60 contos que produzi durante 18 anos [2000 a 2018], e o investimento de 1.024 horas e 15 minutos em 365 dias de trabalho [faço um post no Facebook para comemorar: “365 dias trabalhando nos meus contos. E acabou. Já posso brincar de dizer que, dos 37 que tenho, dediquei 1 ano a você”].

Aproveito e faço a contabilidade do trabalho de edição do livro [68 horas e 10 minutos em 19 dias] e do lançamento [24 horas e 30 minutos em 10 dias]. Ao fim, estimo que “O limbo dos clichês imperdoáveis” tenha me custado o investimento de pouco mais de 90 mil reais [em horas de serviço], um valor que nunca será recuperado — o prazer está na conclusão da obra.

Capa por Sarah Fernandes

Lanço, virtualmente, os contos completos “O limbo dos clichês imperdoáveis” às 18h de 28 de maio de 2018, uma segunda, nesse post aqui. Como nos outros livros do “faça você mesmo”, a exceção: a capa é de Sarah Fernandes [e os flyers de divulgação também], baseada numa foto sua, tirada no quintal da casa da avó em Lagarto, Sergipe [a nossa relação terminara no começo do ano, e continuávamos amigos].


NOVO TÍTULO [13ª VEZ]

“Nova” cria no mundo, é tempo de retomar a outra, a trabalhosa. Na manhã da sexta 01/06/18, apê 703-B, após o trampo da Flica 2018, escrevo no original do romance as últimas mudanças sugeridas pelo amigo Tom Correia, enviadas por e-mail no final de março [à tarde, reviso um projeto da pesquisadora Miria Cachoeira].

Manhã de sábado, 02 de junho de 2018, apê 703-B, retomo a produção literária do romance, para tentar resolver os grandes problemas apontados por Tom. A meta: rever todos os capítulos, ajustar o narrador [limpando as opiniões] e criar uma solução para o enredo de Nara Maxakali. Para marcar a nova etapa, decido mudar o título e volto para o prático “O enigma de Mutujikaka”.

Nesse sábado 02/06/18, revejo os capítulos 1 a 3. É o início de uma grande limpa/faxina [reformatação de parágrafos também], ajustando o tom do narrador ao nível que “oroboro baobá” apresenta na sua versão final.

Evento de lançamento da 8ª edição da Flica em 04/06/18. Fotos: Fernando Dias

FAXINA DE JUNHO

Perco vários dias de trabalho por conta do computador no conserto [ao menos, lançamos com sucesso a Flica 2018 no Palácio Rio Branco, evento com a presença do governador Rui Costa, entre outras autoridades, e a autora homenageada Conceição Evaristo]. Com o PCzão de volta ao apê 703-B, por cinco dias [08, 10 a 13/06/18], invisto mais de 17 horas de trabalho e revejo 27 capítulos. Porém, uma pancada me faz parar o embalo.

“Entre as mãos”, da petropolitana Juliana Leite, foi o romance vencedor do Prêmio Sesc de Literatura 2018

PERDE PRÊMIO [5ª VEZ]

Realmente eu estava confiante. Finalista duas vezes em 2017, agora disputava com uma versão melhor ainda [embora já defasada]. Só que, junho começa, e ninguém da produção do Sesc entra em contato comigo. Os dias passam e nada. Aí, já sabe, né? Perdeu. PUTZ!

Quinta, 14 de junho de 2018, manhã. No apê 703-B, acesso a notícia: o meu livro toma fumo no Prêmio Sesc de Literatura [pela 2ª vez seguida]. Armaria, que fueda! Quem ganha é uma autora, algo que já suspeitava [devido aos vencedores das últimas edições terem sido homens]: a petropolitana Juliana Leite, com o romance “Entre as mãos”. Do que se trata? Release na Amazon:

“Conduzido com precisão e movido por uma poderosa força que impulsiona todo o relato, Entre as mãos gira em torno de Magdalena, uma tecelã que, depois de um grave acidente, precisa retomar seus dias, reaprender a falar e levar consigo dolorosas cicatrizes — não apenas no corpo. Com personagens e tempos narrativos que se atravessam como fios trançados, este romance tem a marca de peça única, debruçando-se sobre questões como sobrevivência e ancestralidade, mas também amor e mistério a partir do corpo, do trabalho e dos gestos da protagonista, em duas fases de sua vida”.

Interessante... Parabéns, Juliana, mas não vou ler, chateado pela derrota [desculpa a mesquinhez]. Faço supermercado, vou na quitanda, trabalho pela Flica 2018. Depois do almoço, sem ânimo para trabalhar, engaveto o romance por uns tempos. Afogo a fossa no violão. O que me resta? Finalizar “O enigma de Mutujikaka” para disputar outros prêmios e tentar o Sesc de novo em 2019.

PS: Para piorar, divulgam a lista dos finalistas do Prêmio Sesc de Literatura 2018 na sexta 15/06/18, e, diferente de 2017, não selecionaram o meu romance [acho muito estranho; como pode, se essa versão era melhor do que a outra?].

Noêmia Maxakali, cacique da Aldeia Verde, que me inspirou a criação da personagem Nara Maxakali. Foto: OEEI em 2015 [aqui]

A QUESTÃO DE NARA

Afogo as mágoas da derrota no Prêmio Sesc com muito forró [duas noites no São João do Pelô & shows do Forró da Gota — bato o recorde pessoal no show do Teatro Vila Velha, dançando todas as músicas, inclusive baião, num xamego maravilhoso com a jornalista Marília] e Copa do Mundo 2018 [assisto a quase todos os jogos na TV e no celular, torcendo para as seleções da Bélgica, Senegal e Islândia — embora tenha torcido pela Croácia também, vibro pela França na final]. Renovado & disposto, retomo o romance na segunda 25/06/18, manhã no apê 703-B. Invisto duas horas só pensando em como resolver o problema do enredo de Nara Maxakali, mas não fico satisfeito com as opções.

Três dias depois, sexta 29/06/18, à tarde no apê 703-B, desisto de tentar criar outras alternativas e escolho uma das opções: a cacique não aceita que Nara fique na aldeia para lutar contra os bandidos, porque quer proteger Luzia, não aceita que ela corra mais risco; a cacique consegue convencer a amiga a ficar um tempo longe da Hãm Yixux, até decidirem o que fazer. Pô, mas essa é boa! Resolve a questão da fuga e do banimento, e é coerente. Realizo as mudanças em “O enigma de Mutujikaka” e dou como resolvido o problema [e vou curtir a noite de São Pedro com Forró da Gota na Commons, dançando muito forró até três da madruga!].


50 CAPÍTULOS

Depois de quatro dias [01 a 04/07/18] revendo capítulos nas brechas de tempo do trampo Cali e Flica, e da Copa do Mundo 2018, decido retomar a ideia da estrutura com 50 capítulos. Na quinta 05/07/18, apê 703-B, desmembro o cap. 9 [formo os novos 9 e 10], o 11 [os novos 12 e 13], o 22 [os nov. 24 e 26], o 23 [os nov. 25 e 27], o 31 [os nov. 35 e 37], o 32 [os nov. 36, 38 e 41], o 35 [os nov. 39, 42 e 44], e o 36 [os nov. 45 e 46]. E ajusto a numeração dos restantes, ficando com a seguinte estrutura:


REVISÃO DE ACÁCIA [3ª VEZ — FINAL]

Dessa vez, conforme mexo no texto, separo o trecho num arquivo fora do original. Na tarde da quarta 04/07/18, envio por e-mail para a revisora Acácia Melo Magalhães [sete páginas ao todo]. Pago pelo serviço, e ela envia os trechos revisados na manhã do sábado 07/07/18. À tarde e começo da noite [por conta da pausa para assistir ao jogo Croácia e Rússia na Copa do Mundo 2018 e mais um episódio da encantadora 1ª temporada da emocionante série “Anne with an E”], reviso o seu trabalho pela última vez.

“Petits et grands”, registro da fotógrafa francesa MegCarbone na Allée des Baobabs, Madagascar [daqui]

OROBORO BAOBÁ [17ª VERSÃO]

Sábado, 07 de julho de 2018, noite no apê 703-B. Precisamente cinco meses após finalizar a versão anterior, termino de revisar a revisão de Acácia Melo Magalhães, fecho a contabilidade, revejo a página “Dados” e, às 19h40, considero concluída a produção literária do romance “O enigma de Mutujikaka”.

PS: Nas contas dessa época, investi um total de 1.504 horas e 40 minutos de trabalho em 390 dias para criar o romance. Financeiramente, custou-me R$ 121.264,33 [destes, R$ 891,00 pelo serviço de revisão].


DISPUTA POR PRÊMIO [6ª VEZ]

Em 2018, não quis disputar o Prêmio Cepe Nacional de Literatura [fui finalista em 2017], cuja inscrição aconteceu em abril e maio, para não colidir com o Prêmio Sesc de Literatura — evitei qualquer confusão com o concurso que tanto desejei ganhar e kuéin: nem finalista fui. Agora, com “O enigma de Mutujikaka” pronto, toco fogo na língua, no orgulho e na honra, e inscrevo o bendito [virtual, PDF, que ótimo!] no Prêmio Paraná de Literatura 2018 [tretei com a produção no ano passado e afirmei que não participaria mais; seja mais humilde, zé ninguém, o mundo gira e a vergonha esmurra].

A 9ª sugestão para a capa do romance: a série “Lamb”, do fotógrafo francês Denis Rouvre, premiada pelo World Press Photo em 2010, a retratar praticantes de luta senegalesa [Lamb ou Laamb], os M’burr

CAPA [9ª VEZ]

Não lembro precisamente a data, e de que maneira chego até a premiada foto de Denis Rouvre; talvez ao pesquisar sobre os vencedores do World Press Photo, enfim. Só sei que, quando a vejo, cabum! É Mutujikaka! Sim! Yeba! Descarto a sugestão do oroboro colorido da artista Carla Kalindrah [mas não esqueço da ideia da premissa “filosófica” na capa] e, no domingo, 08 de julho de 2018, manhã no apê 703-B, elaboro a nova sugestão com a foto “Lamb” [ainda chateado pelo Prêmio Sesc e sem vibração, não insiro o logo da Record], e faço um post no Facebook para marcar esse garimpo.

PS: Esta é a última vez que elaboro uma sugestão de capa. Depois daí, só quando for publicar “oroboro baobá” com certeza.

Trecho do certificado de registro do romance “O enigma de Mutujikaka” na Biblioteca Nacional, expedido em 02/10/2018

BIBLIOTECA NACIONAL [6º REGISTRO]

Quarta, 11 de julho de 2018, manhã. Nado no Asbac, termino de ler o sensacional livro de crônicas “Ingresia”, de Franciel Cruz, vou aos Correios [já havia impresso uma cópia, organizado os documentos, pago o GRU no caixa eletrônico e rubricado as 170 páginas do original] e envio “O enigma de Mutujikaka” para registro na Biblioteca Nacional [mais um arquivo de “oroboro baobá” na BN].

PS: Invisto 10 dias para editar o “livro caseiro”, mas decido não imprimir, para não ter que destruir depois [como nas últimas versões], caso encontrasse algum problema. Na quarta 18/07/18, começo a editar o romance no formato de PDF para download [pela 1ª vez, considero lançar “oroboro baobá” por conta própria; a partir daí, passo a criar sempre esse PDF, para deixar o arquivo a postos, caso não seja selecionado nos prêmios].

Capa por Sarah Fernandes

EM INGLÊS

Yesterday, Nothing; Tomorrow, Silence” é o meu 1º livro em outra língua. De janeiro até o começo de agosto, dedico 37 dias à obra em 2018. O trampo: analisar as traduções para o inglês dos meus poemas, enviadas por e-mail pela inglesa brasilianista H. Sabrina Gledhill, em rodadas de cinco a sete por vez, reuniões via WhatsApp [ponte Salvador-Birmingham] para debater dúvidas ou esclarecer um sentido que não fora interpretado corretamente, e pagamentos via TransferWise.

Na segunda 30/07/18, eu e a tradutora consideramos “Yesterday, Nothing; Tomorrow, Silence” pronto, com um total de 8.145 palavras em 88 poemas [oriundos da antologia “Ontem nada, amanhã silêncio”, lançada em 2017, com a seleção baseada no meu gosto]. Firmo a meta de lançar o 4º livro da série “faça você mesmo” em 08/08/18 [para comemorar os 30 anos da data infinita na minha história].

Preparo o material com tranquilidade [PDF, criação e upload das imagens] e lanço virtualmente “Yesterday, Nothing; Tomorrow, Silence” às 08h08 de 08 de agosto de 2018, uma quarta-feira, nesse post aqui [acordo às cinco da manhã, não vou nadar, e consigo aprontar tudo a tempo de publicar na hora e minuto pretendidos; fico muito feliz de ter marcado os 30 anos de 8/8/88 com o lançamento do meu 1º livro numa língua estrangeira].

Pela última vez, Sarah Fernandes produz [na camaradagem] os flyers de divulgação e a linda capa, baseada numa foto sua, tirada em um camarim em Salvador.

Feliz da vida com o meu 1º livro noutra língua [post aqui]

REVISÃO EDITORIAL [5ª VEZ]

Em jul/18, ao editar o original do romance no formato “livro caseiro”, encontro alguns erros e fico insatisfeito com o resultado. Então, na manhã do domingo 19/08/18, retomo a produção literária de “O enigma de Mutujikaka”. Na real, inicio a 5ª revisão editorial do romance [toda feita no apê 703-B]. Em vez de imprimir, uso o celular como o outro dispositivo, inclusive para anotar as alterações; depois, volto para o PCzão e faço as mudanças no original. Em oito dias [19 e 20, 24 + 26 a 30/08/18], invisto mais de 22 horas de trabalho para revisar editorialmente 17 capítulos.

Tela “Baobabs”, da pintora e artista francesa Krystyna LE Rudulier [daqui]

400º DIA OROBORO

Sexta, 31 de agosto de 2018. Ou 400º dia de trabalho em “oroboro baobá”. Putz, quatrocentos, armaria! Que efeméride! Vou realizar feitos notáveis no romance! #sqn À tarde, no apê 703-B, depois de efetuar a contabilidade dos meus gastos em agosto, reviso edit. os cap. 18 [violência contra Miwa, jornada até ser resgatada por Mensawaggo] e 19 [origem de Sanfilippo, 3ª e 4ª partidas, Marcelino no programa de Bip-bip], e escrevo no original as mudanças [só considero os dois concluídos em outubro, no último dia de trabalho nessa versão de “oroboro baobá”].

Feliz da vida com os meus contos reunidos [post aqui]

REVISÃO EDITORIAL [5ª VEZ] CONTINUA

Setembro estreia, e eu sigo no trampo da 5ª revisão editorial do romance. Em sete dias [01 a 05 + 08 e 09/09/18], invisto 30 horas de trabalho para revisar edit. os cap. 20 a 40, e as páginas “Agradecimentos” e “Dados” [ao mesmo tempo em que modifico no original, altero também na versão “livro caseiro” e no PDF para download — o que se torna uma prática na parte final da jornada “oroboro baobá”].


NOVO TÍTULO [14ª VEZ]

Domingo, 09 de setembro de 2018, tarde. Hoje, a ficha FINALMENTE cai. A divindade Mutujikaka não é o personagem principal. Assim como Miwa não era, nem Muralha. Não há personagem principal. Todos os personagens são marionetes, ou seja, todos são coadjuvantes. Assim como na vida, não há protagonismo. Tudo obedece à verdade inacessível. Bingo! É isso! Yeba! A premissa “filosófica” se impõe. Então, modifico o título para “Tudo o que nos forma é hoje”, pois “a sina” que é o principal do romance [o movimento, o destino, o código da Matrix, etc.].

Às 16h20 desse domingo 09/09/18 [nove anos depois de uma das 12 datas idênticas do século XXI], em que o “oroboro baobá” se manifesta forte para mim, fecho a contabilidade e considero concluída a produção literária do romance “Tudo o que nos forma é hoje” [faço até um post no Facebook sem muito estardalhaço — só que a vergonha permanece, porque, seis dias depois, retomo o trabalho].

A banda neozelandesa Jakob

40 CAPÍTULOS

Na manhã da quarta 22/08/18, após publicar o post “Música para Escrever #21”, divulgando o trabalho da banda neozelandesa Jakob [e outras], cujo som eu pirei total [subiu para o panteão do post-rock, ao lado de Sigur Rós, Hammock e MONO], assumo que estou insatisfeito com a disposição dos capítulos do romance, e resolvo mexer na estrutura, criando uma “nova” ordem — leia-se de volta aos 40 capítulos.

Após o trampo da Flica 2018, gastro, quitanda & supermercado, de volta ao apê 703-B, anoitece e eu refaço a estrutura do romance, juntando 19 capítulos e trocando a ordem — mantenho poucos inalterados.

Duas semanas depois, noite da quinta 06/09/18, véspera de feriado, vou curtir um forró no antigo Idearium, no Rio Vermelho. Antes do show do Forró da Gota começar, analiso a estrutura dos cap. 34 ao 40, e tenho ideias de como mexer neles. Sexta de feriadão da Independência, termino de assistir à 8ª temporada de “The Walking Dead” [estava pendente] e me enclausuro no apê 703-B para trabalhar no romance: defino as mudanças pensadas no forró, um mexe-mexe danado, quebra-cabeça com as partes desses capítulos — por exemplo, o novo cap. 37 é formado pela 5ª parte do 35 + a 1ª parte do 37 + a 1ª parte do 36 + a 2ª parte do 39 + a 1ª parte do 39 + 2ª parte do 36 [Frankenstein!!!].

2018, o ano em que dancei muito forró! Na foto de Helder Novaes, curtindo um xote xamegado no show do Forró da Gota na Commons

A novidade dessa sexta 07/09/18 que quero destacar é que dou fim no trecho que Nara Maxakali está em Salvador, descobre o paradeiro de Mkini e segue para reencontrá-lo. Avalio que é melhor para o romance manter o suspense do que vai acontecer ao negro Maxakali após o seu rapto por Dom Brito [um gancho para a próxima temporada; herança do contista, prefiro deixar em aberto]. 

Ainda faço pequenas mudanças em 03 e 04/10/18, e a estrutura final de “Tudo o que nos forma é hoje” fica assim:


REVISÃO EDITORIAL [6ª VEZ]

Na segunda 10/09/18, resolvo ler, de forma mais apurada, o PDF para download. Adivinhe? Encontro problemas. Afff, termina nunca! Estabeleço um método: farei a revisão editorial de todos os capítulos e, caso encontre algum problema, mesmo que só de estilo, lerei tudo de novo até ter uma leitura sem erros. Calculo que o término pode acontecer no meu niver, e me dedico para sagrar 07 de outubro como data final.

À tarde do sábado 15/09/18, inicio a 6ª revisão editorial do romance [toda feita no apê 703-B], via celular, outra vez. Em dez dias ininterruptos [15 a 24/09/18], invisto mais de 38 horas de trabalho para revisar editorialmente os 40 capítulos.

PS: Não tenho a data precisa, mas, dentre as novidades desse refinamento de texto [cada vez mais próximo ao “oroboro baobá”], faço uma “homenagem” à querida amiga Eli Campos, ao inserir o zagueiro da seleção de Jequié [cidade natal dela] na 5ª parte do cap. 11, batizando-o de Anésio [a história da cangaceira Anésia Cauaçu, da região de Jequié, virou uma resenha nossa de “Anésia” pra cá, “Anésio” pra lá, marcando nossa herança sertaneja].


REVISÃO EDITORIAL [7ª VEZ]

No final de tarde da segunda 24/09/18, começo a 7ª revisão editorial do romance [toda feita no apê 703-B] via celular. Em seis dias ininterruptos [24 a 29/09/18], invisto quase 24 horas de trabalho para revisar editorialmente os 40 capítulos [começam o resultados: não houve mudança em 14 capítulos]. Além disso, na quinta 27/09/18, pesquiso e troco palavras repetidas.

PS: Sentindo um clima de “já acabou”, no último dia de set/18 [mês tão produtivo para o romance!], elaboro um post para divulgar a lista com os “82 livros mais importantes que li ao escrever o meu primeiro romance”. Resumo assim: “sem os contos e as crônicas de Clarice Lispector, os contos de Mayrant Gallo, Hélio Pólvora, A. P. Tchekhov e Machado de Assis, as crônicas de Nelson Rodrigues, os romances de Pepetela e os poemas de Ruy Espinheira Filho, entre outras inspirações, eu não teria escrito uma linha”.

Post com os 82 livros mais importantes que li ao escrever o romance [seleção de set/18], publicado em 01/10/18 [veja aqui]

REVISÃO EDITORIAL [8ª VEZ]

Na manhã da terça 02/10/18, começo a 8ª revisão editorial do romance [toda feita no apê 703-B] via celular. Em cinco dias ininterruptos [02 a 06/10/18], invisto mais de 20 horas de trabalho para revisar editorialmente os 40 capítulos. Dessa vez, são cinco cap. sem alterações, mas algo revela que esse processo pode ser interminável: dos 14 sem mudanças da rodada anterior, cinco voltam a ter consertos. PQP!!! Socorro!!! Basta! Dou um ponto final: só vou revisar mais uma vez.

PS: Na manhã do sábado 06/10/18, apê 703-B, escrevo o original do trecho “E a mãe acaricia a imagem, beija e abraça. Expõe a foto amassada na estante da sala, junto a outros retratos da filha” e o insiro no final da 3ª parte do cap. 38.


ROMANCE NO NIVER [3ª VEZ]
REVISÃO EDITORIAL [9ª VEZ]
OROBORO BAOBÁ [18ª VERSÃO]

Na domingo, 07 de outubro de 2018, estreio nos 38 anos. É a 3ª vez que invisto o meu niver no trabalho do romance “oroboro baobá”. De uma forma diferente de 2014 e 2016, tenho a meta de finalizar a obra hoje. De hoje, não passa. “Tudo o que nos forma é hoje”, já diz o título.

Cinco e vinte da manhã, e já estou trabalhando no home office do apê 703-B. É a overdose da 9ª revisão editorial do romance. Vou cedinho votar no 1º turno [sem esperança, pois a era das trevas no Brasil é inevitável], corro o risco de ser pego para mesário, mas tenho a sorte de, apenas meia hora depois, estar de volta ao 703-B para o work work work do meu presente.

16 capítulos revisados e finalizados, pausa para almoço no apê com mãe e tia. Engulo a comida e volto para a função. Niver & domingo na literatura. O restante dos capítulos revisados e finalizados na tarde do 07/10. Fecho a contabilidade, revejo a página “Dados” e, às 18h10, considero concluída a produção literária do romance “Tudo o que nos forma é hoje”. Consegui, porra!!! Oito horas e dez minutos só hoje para terminar o livro no meu niver!!! Yeahhhh!!! Viva!!! Que presente!!! [Nas contas dessa época, investi um total de 1.654 horas e 40 minutos de trabalho em 430 dias para criar o romance. Financeiramente, custou-me mais de 133 mil reais].

Mais de dez da noite do domingo 07/10/18, não aguento a solidão do apê 703-B e volto com a saga dos “anúncios-vergonha de término do romance” [em jan/19, mexerei no original “terminado”], ao compartilhar esse post no Facebook:


Trecho do certificado de registro do romance “Tudo o que nos forma é hoje” na Biblioteca Nacional, expedido em 11/12/2018

BIBLIOTECA NACIONAL [7º REGISTRO]

Segunda, 08 de outubro de 2018, manhã. Começo a assistir à excelente série chinesa “O Avanço da Fênix” na Netflix [a melhor que eu vi em 2018], trabalho pela Flica 2018 [já é na quinta 11], levo e busco mãe na fisioterapia, pago o GRU no caixa eletrônico e, no apê 703-B, imprimo a cópia do original, organizo os documentos e rubrico as 167 páginas. À tarde, após resolver questões da conta patrocínio da Flica 2018 no Banco do Brasil [pela 1ª vez o evento será patrocinado via Lei Rouanet, com um aporte excelente do BNDES], vou aos Correios e envio “Tudo o que nos forma é hoje” para registro na Biblioteca Nacional [mais um arquivo de “oroboro baobá” na BN].

“Kzar Alexander, o louco de Pelotas”, do gaúcho Lourenço Cazarré, foi o romance vencedor do Prêmio Paraná de Literatura 2018. Foto: Kraw Penas/SEEC

PERDE PRÊMIO [6ª VEZ]

Na tarde da quarta 12/12/18, apê 703-B, após terminar de assistir à fodástica série “Rick and Morty” na Netflix [3ª temporada], vejo na internet o resultado do Prêmio Paraná de Literatura 2018. Quem ganhou? Assim como em 2017, um escritor gaúcho. Prêmio sulista, vencedor sulista, de novo. Que péssima coincidência [AGAIN]! O meu livro toma fumo, e ganha o romance “Kzar Alexander, o louco de Pelotas”, de Lourenço Cazarré [dentre 523 concorrentes]. Leio num site: o livro é “sobre a paixão alucinada de um homem pela literatura, escrito em capítulos breves e com uma linguagem simples, com alguns laivos eruditos”.

Com essa, o meu romance [em versões preliminares de “oroboro baobá”] acumula seis derrotas nacionais: 2x no Prêmio Sesc de Literatura [2018 e 2017], 2x no Prêmio Cepe Nacional de Literatura [2017 e 2015], e 2x no Prêmio Paraná de Literatura [2018 e 2017]. Em 2019, vou tentar de novo [ao menos o namoro com a produtora Litza Rabelo, iniciado numa conexão mágica “Praia do Espelho” e forró nas ruas de Cachoeira durante a Flica 2018, está me presenteando com muito xamego & amô].

Feliz com os meus livros [mesmo optando por lançá-los apenas no meio digital, resolvo materializá-los para mim]. Foto: Rosane Barreto

AGRADECIMENTOS 2018

Dedico o romance à minha mãe, Martha Anísia, à minha irmã, Kátia Moema, e à primeira leitora, Sarah Fernandes. Dedico, também, à memória do meu pai, Ildegardo Rosa.

Pelo imenso suporte, apoio incondicional, muito carinho, afeto e cuidado nas diversas leituras feitas, e opiniões extremamente pertinentes, uma consultoria gabaritada sobre as questões femininas, agradeço, principalmente, à primeira leitora Sarah Fernandes.

Pela leitura atenta, criteriosa e generosa do original deste romance (em versões anteriores), repleta de dicas, palpites e orientações preciosas, a impressionar pela riqueza de detalhes e páginas de comentários, agradeço aos amigos escritores Tom Correia (2018 e 2017), Wesley Correia (2017) e Carlos Barbosa (2016).

Também agradeço, pela leitura do original deste romance (em versões anteriores) e as dicas valiosas e generosas, à Martha Anísia, minha mãe, Kátia Moema, minha irmã, às amigas Mônica Menezes, Gabriela Leite, Daisy Andrade e Eli Campos, e ao amigo Elieser Cesar.

Pela contribuição em momentos decisivos, com uma dica revolucionária a mudar o curso da história, agradeço a Susan Kalik (2017), Fabrício Mota (2015) e Victor Mascarenhas (2015). Por correções e informações específicas, agradeço a Mayrant Gallo, Mary del Priore, Filipe Sousa, Flávio Bustani e Lorena Hertzriken.

Pela oferta generosa de dicas, palpites e orientações, agradeço, também, a Darino Sena, Marcelo Oliveira, Ivan Dias Marques, Aurélio Schommer, Miria Cachoeira, Márcio Cavalcante, Sara Galvão, Gustavo Castelucci, Tabajara Ruas, Carlos Henrique Schroeder e Ana Gilli.

Por fim, agradeço à revisora Acácia Melo Magalhães, que presta serviço ao meu trabalho literário desde 2015.

Dos livros lidos [durante o processo de escrita e fora dos dias de trabalho no romance] em 2018, são estes acima os que eu considero como os mais importantes para a minha formação como leitor e escritor

CONTABILIDADE 2018

Em 2018, investi 377 horas em 93 dias [janeiro a março, junho a outubro] para escrever “oroboro baobá”.

14ª fase
184h e 20min | 36 dias
Janeiro e Fevereiro de 2018
[Romance “O enigma de Mutujikaka”]
[Romance “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka”]

15ª fase
42h e 40min | 17 dias
Março, Junho e Julho de 2018
[Romance “Yeba-Miwa! O enigma de Mutujikaka”]
[Romance “O enigma de Mutujikaka”]

16ª fase
150h | 40 dias
Agosto a Outubro de 2018
[Romance “O enigma de Mutujikaka”]
[Romance “Tudo o que nos forma é hoje”]

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