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Toda poesia, de Ferreira Gullar


Quando vejo a imagem do poeta Ferreira Gullar, só me lembro do meu pai: cara de carranca e cabelos grandes, magro, filopoeta e contestador. São contemporâneos de nascimento, dos longínquos anos 1930. Nos 80 anos do poeta maranhense, estive presente na mesa-festa dedicada a ele na Flip 2010 e, a poucos metros do futucador nascido Ribamar, mais um Zé desse Brasil surreal, nordestinamente me conecto ao sergipano Ildegardo, que faria 80 no ano seguinte.

Dentro da noite veloz” me apresenta o trabalho de Gullar [exigido no colégio], mas é “Poema sujo” que me choca e forma o gosto por poemas para muito além da forma e prepotência; é o jorro que importa, os enquadros que fotografam o que todo mundo vê, mas quase ninguém eterniza. Em 2011, faço um teste: na prateleira de poesia da Cultura, leio um monte de autor, e o único livro que compro, o único que me satisfaz, é “Em alguma parte alguma”, o último livro do maranhense, morto em 2016.

No comecinho de 2022, com as vendinhas promovidas por ter sido finalista do Prêmio São Paulo de Literatura 2021 [com o romance “oroboro baobá”], decido comprar um livro para marcar esse presente: “Toda poesia”, do mestre Gullar. Que só consigo ler um ano depois, no comecinho deste 2023, e muita satisfação eu tive, pois amo o seu trabalho. Peneirei os melhores poemas dos livros reunidos e divulguei por aqui. Confere abaixo, só verso maravilha, viva Ferreira Gullar, eterno!


“Em alguma parte alguma” (2010)
Leia poemas aqui
“Se o mundo dura tanto e eu tão pouco, importa pouco se ele não for eterno”

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“Poema sujo” (1976)
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“Prego a subversão da ordem poética, me pagam. Prego a subversão da ordem política, me enforcam junto ao campo de tênis dos ingleses”

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“Dentro da noite veloz” (1975)
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“Como dois e dois são quatro, sei que a vida vale a pena, embora o pão seja caro e a liberdade pequena”

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“Barulhos” (1987)
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“Somos todos irmãos não porque seja o mesmo sangue que no corpo levamos: o que é o mesmo é o modo como o derramamos”

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“Na vertigem do dia” (1980)
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“O sofrimento não tem nenhum valor”

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“Muitas vozes” (1999)
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“Onde começo, onde acabo, se o que está fora está dentro como num círculo cuja periferia é o centro?”

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“A luta corporal” (1954)
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“Eis o que somos: o nosso tédio de ser”

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“O vil metal” (1960)
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“O mar aciona as flores de todos os jardins”


Presentes em “Toda poesia” (Companhia das Letras, 2021), de Ferreira Gullar, páginas 479-480, 447, 463, 470-472, 469, 445-446, 472, 441-442, 453, 451, 227 a 230, 263 a 265, 242-243-245, 224-225, 238-239, 250-251, 273-274, 268, 270-271, 226, 168, 174-175, 166-167, 170-171, 210, 163-165, 169-170, 171-172, 209-210, 211, 326-327, 319-320, 340, 342-343, 325-326, 334-335, 330-331, 318-319, 344-345, 331-333, 302, 305, 282, 282-283, 294-295, 299, 280, 299, 288-289, 303, 391-392, 391, 407-409, 398-399, 422, 389, 413, 414-415, 388, 423, 16, 24-25, 17, 18, 27-28, 55-56, 59, 61-2, 91, 97, 86, 87, 99, 88, 101-102 e 94-97, respectivamente.

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