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Mostrando postagens de abril, 2022

Vem livro novo por aí

Emmanuel Mirdad 212 º  dia de escrita, 373 páginas, e o trabalho continua. Em breve, lanço em PDF por aqui, e em papel via Penalux. E é a biografia de um livro. Yeba!

Dez poemas de Carlos Drummond de Andrade no livro Alguma poesia

O sobrevivente Carlos Drummond de Andrade                                                                       A Cyro dos Anjos Impossível compor um poema a essa altura da evolução da humanidade. Impossível escrever um poema — uma linha que seja — de verdadeira poesia. O último trovador morreu em 1914. Tinha um nome de que ninguém se lembra mais. Há máquinas terrivelmente complicadas para as necessidades mais simples. Se quer fumar um charuto aperte um botão. Paletós abotoam-se por eletricidade. Amor se faz pelo sem-fio. Não precisa estômago para digestão.                     Um sábio declarou a O Jornal que ainda                          falta muito para atingirmos um nível razoável de cultura.                     Mas até lá, felizmente, estarei morto. Os homens não melhoraram e matam-se como percevejos. Os percevejos heroicos renascem. Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado. E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo dilúvio. (Desconfio que escrevi um p

Dez passagens de Jorge Amado no romance Jubiabá

Jorge Amado           “O mar é a sua paixão mais velha. Já de cima do morro do Capa-Negro ele ficava a namorá-lo, estudando as variações do seu dorso que era azul, verde-claro e logo verde-escuro, tentado pela sua vastidão e pelo mistério que ele percebia existir nos grandes navios que descansavam no cais, nos pequenos saveiros que a maré balançava. O mar traz a seu coração um sossego que a cidade não lhe dá. No entanto, da cidade ele é o dono, e do mar ninguém é dono.           Vem vê-lo à noite. Quase sempre vem só e se estende na areia alva do pequeno cais dos saveiros. Ali sonha e ali dorme o seu melhor sono de vagabundo. Certas vezes traz o grupo todo. E então é para o grande cais dos transatlânticos que se dirigem. Vão ver os homens que embarcam à noite, misteriosamente, levando sob o braço sobretudos e embrulhos; vão ver os homens que trabalham na descarga dos navios. (...) Ainda outras vezes Antônio Balduíno vai acompanhado mas não do grupo de moleques. É quando ele leva alguma

Seleta: Santanna, o Cantador

A “ Seleta: Santanna, o Cantador ” destaca as 90 músicas que mais gosto do cantor nordestino, presentes em 08 álbuns da sua discografia oficial (os prediletos são “ Xote Pé de Serra ”, “ Forró Pé de Serra: 10 Anos de Carreira ”, “ Forró de Bem-Querer ” e “ Forró a Dança do Dia a Dia ”). Ouça no Spotify aqui Ouça no YouTube  aqui Os oito álbuns participantes desta Seleta 01) Cheiro de Nós [Xote Pé de Serra, 2001] 02) Lembrança de um Beijo [Forró Pé de Serra: 10 Anos de Carreira, 2002] 03) Me Dá Meu Coração [Forró Popular Brasileiro, 2002] 04) Siá Filiça [Forró Pé de Serra: 10 Anos de Carreira, 2002] 05) Mensageiro Beija-Flor [Xote Pé de Serra, 2001] 06) A Cura [Xote Pé de Serra, 2001] 07) Tampa de Pedra [Xote Pé de Serra, 2001] 08) Canção de Saudade [Forró Pé de Serra: 10 Anos de Carreira, 2002] 09) Vontade [Xote Pé de Serra, 2001] 10) Perdoa [Forró de Bem-Querer, 2004] 11) Quem Souber me Diga [Forró de Bem-Querer, 2004] 12) A Lua Sabe [Forró A Arte do Abraço, 2008] 13) Qu

Dez passagens de Clarice Lispector no romance O lustre

Clarice Lispector (foto daqui ) “(...) Havia uma luta entre os dois que não se resolvia nem por palavras nem por olhares — e também ela sentia, surpreendida e obstinada, que procurava destruí-lo, que temia os momentos de pureza do homem, não suportava seus instantes de solidão como se lhe fosse desagradável e perigoso o que neles havia. Era uma luta despercebida que no entanto os ligava num mesmo meio de atração, desentendimento, repulsa e cumplicidade. Apesar de tudo ele lhe ensinara muito. Ouvindo-o admirar-se do caminho percorrido pelos homens até descobrirem a transformação do grão úmido e doce do café numa infusão amarga — sim, ela aprendia uma nova forma de surpreender-se. O jeito que ele tinha de apanhar as palavras comuns e delas fazer um pensamento. Ela dizia: chovia muito, Vicente, parecia que o mundo ia acabar; ele retrucava brincando: e se acabasse você sofreria? ela era lançada num mundo maior e mais profundo, ou estaria enganada? de tudo ele partia para um lugar. Ele dizi

Seleta: Black Sabbath

A “ Seleta: Black Sabbath ” destaca as 73 músicas que mais gosto da banda inglesa, presentes em 10 álbuns da sua discografia oficial (os prediletos são “ Paranoid ”, “ 13 ”, “ Vol. 4 ” e “ Black Sabbath ”). Ouça no Spotify aqui Ouça no YouTube  aqui Os 10 álbuns participantes desta Seleta 01) War Pigs [Paranoid, 1970] 02) Iron Man [Paranoid, 1970] 03) Children of the Grave [Master of Reality, 1971] 04) Paranoid [Paranoid, 1970] 05) Symptom of the Universe [Sabotage, 1975] 06) Gypsy [Technical Ecstasy, 1976] 07) Changes [Vol. 4, 1972] 08) God is Dead? [13, 2013] 09) Sabbath Bloody Sabbath [Sabbath Bloody Sabbath, 1973] 10) End of the Beginning [13, 2013] 11) Fairies Wear Boots [Paranoid, 1970] 12) Loner [13, 2013] 13) N.I.B. [Black Sabbath, 1970] 14) Damaged Soul [13, 2013] 15) Warning [Black Sabbath, 1970] 16) Supernaut [Vol. 4, 1972] 17) Never Say Die [Never Say Die!, 1978] 18) Evil Woman [Black Sabbath, 1970] 19) Snowblind [Vol. 4, 1972] 20) Black Sabbath (live)

Dez poemas de Carlos Drummond de Andrade no livro Corpo

As sem-razões do amor Carlos Drummond de Andrade Eu te amo porque te amo. Não precisas ser amante, e nem sempre sabes sê-lo. Eu te amo porque te amo. Amor é estado de graça e com amor não se paga. Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse. Amor foge a dicionários e a regulamentos vários. Eu te amo porque não amo bastante ou demais a mim. Porque amor não se troca, não se conjuga nem se ama. Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo. Amor é primo da morte, e da morte vencedor, por mais que o matem (e matam) a cada instante de amor. -------- Por quê? Carlos Drummond de Andrade Por que nascemos para amar, se vamos morrer? Por que morrer, se amamos? Por que falta sentido ao sentido de viver, amar, morrer? -------- Ausência Carlos Drummond de Andrade Por muito tempo achei que a ausência é falta. E lastimava, ignorante, a falta. Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim. E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus br