"...
Algo me aflige e não sei o que é.
Vivo a buscar o signo que me presentifique,
que, uma vez enunciado, seja por si.
Estou exausto de ser uma representação.
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Sinto saudades de lugares onde nunca estive
e uma voz me guia por estes mundos do não sei onde.
Tudo está em mim e é intransponível. Não há signo,
não há deus que me comunique por inteiro.
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A gente se enche de calo,
a gente pensa que sabe,
a gente se desespera até,
mas não abre mão de estar aqui.
Há de existir um lugar
onde teus mistérios possam descansar.
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Estou longe de mim, longe de minha morada.
No meio do caminho dessa estrada
o buraco, o vazio.
Busco a ponte.
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Eu venho do caos primordial.
Percorri as searas da escuridão
(caminhos que não sei).
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Quebrar todo e qualquer cabresto,
romper a barreira da forma,
caminhar para além da palavra.
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A tua cabeça ainda vai ser um enfeite lá em casa.
..."
Trechos dos poemas, na ordem deste post, Encruzilhada, Unidade, Centauro Escarlate, Ponte, A Infância do Centauro, Ausência e Adorno, de José Inácio Vieira de Melo, publicados no livro A Infância do Centauro, Escrituras (2007).
www.jivmcavaleirodefogo.blogspot.com
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Comentários
Zé é realmente, lindo de se ler.
me inspira a ser mais concisa.
penso que as vzs falamos demais sem dizer muita coisa.
não conhecia a poesia do cara.
massa!
abs
"Tudo está em mim e é intransponível. Não há signo,
não há deus que me comunique por inteiro"
Pra mim, estas duas passagens acima já fazem de "A Infância do Centauro" um clássico desde já. É claro, sem mencionar o poema que mais me tocou em toda a existência até hoje, "Diálogo", que está transcrito vários posts abaixo, lá em abril. Devo repostá-lo em breve.
É preciso citar JIVM sempre. Tenho orgulho deste desbravador voraz das searas de nossa ignorância.