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Podcast K7 #08 - Aurélio Schommer

ilustração por Muin


Bloco 01 (Politicamente Incorreto e Ponto G)
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Bloco 02 (Mercado e Câmara Baiana do Livro)
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Bloco 03 (Cinema Acessível e Teste do Sofá)
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Bloco 04 (Sadismo e Êxodo Inverso)
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Programa #08
Aurélio Schommer

Escritor e Roteirista.

Ariano, natural da cidade de Caxias do Sul (RS), de abril de 1967, é radicado na Bahia desde 1991. Escritor independente, publicou, por conta própria, os romances Memórias de Um Golpista e Maristela - Pura e Infiel, em 2007, o livro de contos Mulheres que Fazem Sexo e o Dicionário de Fetiches, ambos em 2008.

É o atual Presidente da Câmara Baiana do Livro, desde março de 2009. Hoje em dia empreende o início de sua carreira cinematográfica, como diretor e roteirista, autor dos roteiros para longa-metragem Desnecessário ou Incômodo e Clube da Honra, e para curta-metragem Mulher 1, Mulher 2 e O Testamento, ambos em fase de produção. Além disto, é jornalista.

Aurélio Schommer indica para ouvir a música erudita, como a ópera Carmen, Chopin, Wagner; ler Eça de Queiroz, principalmente Os Maias; assistir as adaptações de Nelson Rodrigues para o audiovisual; e contemplar a beleza de Salvador, do amanhecer ao pôr do sol, passando pela noite toda.

“Eu sou alguém que tem a petulância de pensar que o próprio pensamento deve ser compartilhado. E eu almejo compartilhar este pensamento”.

“O politicamente incorreto não vende. Chocar hoje em dia não vende. Todo mundo quer ser bonzinho. E ser politicamente incorreto é assumir as maldades, nossas imperfeições, é ser perverso sem medo de ser perverso”.

“Homem adora mulher que não presta. Mulher também adora homem que não presta, mas não assume isso. O homem assume mais facilmente”.

“Eu não conheço nenhum homem fiel. O homem não tem nenhuma razão, motivo, pra ser fiel. As mulheres acham que tem motivo. Entronizam essa coisa de ser de um homem só com o romance, a paixão, o príncipe encantado. Mas o que se constata, na verdade, é que a infidelidade feminina é muito mais comum do que se costuma admitir”.

“O livro Maristela (Pura e Infiel) é muito mais procurado por mulheres que por homens. E as mulheres que lêem, gostam muito mais do que os homens. E eu sinto uma demanda delas em querer assumir que não existe esse negócio de minoria, de opressão. E a sexualidade é um território feminino”.

“Eu não acredito em nada. Não defendo nenhuma bandeira. Não tenho nenhum objetivo. Quando escrevo, não quero chegar a lugar nenhum. Não tenho nenhuma mensagem pra passar. E minha literatura é isso, simplesmente não respeitar nenhum parâmetro desse, nenhuma crença ou coisa bonitinha”.

“Por que não mostrar que o mundinho do politicamente correto é uma coleção de sistema de crenças que não vai a lugar nenhum, não serve pra nada, em última análise?”.

“O Acre eu não conheço, mas o Ponto G conheço sim. E é fundamental ser um ginecologista amador da mulher, e passar à investigação exploratória, uma coisa de espeleólogo, penetrar na caverna e encontrar o paralelo à próstata masculina”.

“O livro já é anacrônico. Eu não sei com que velocidade ele vai ser superado e vai deixar de existir enquanto objeto de papel. Faria até o maior sentido ele deixar de existir, eu defendo isto. Pra quê, se pode ler de outra maneira?”.

“As editoras não têm lucro. Só conseguem (tê-lo) na medida em que vendem para o Estado ou então têm patrocínio do Estado. No mercado sozinho, pra se vender ficção, é muito difícil. É coisa pra dois ou três especialistas que conseguiram romper uma barreira quase intransponível”.

“Eu não tenho nada contra quem quiser ter publicação independente, agora não espere que isso seja algo além de gastar, torrar dinheiro”.

“A marca desta Diretoria e da minha Presidência é voltar a Câmara (Baiana do Livro) pra ser o representante e a voz da cadeia produtiva do livro. E o Governador Jaques Wagner já reconheceu isso”.

“As livrarias talvez estejam ressurgindo como lugares para eventos culturais. Estamos trabalhando nisso. Tem várias livrarias que tão começando a entender que elas são ponto de encontro, um gueto de intelectuais. Neste sentido, elas vão ser viáveis financeiramente. Mas só viver da venda do livro está difícil”.

“O sexo é território feminino. Portanto, a mulher sempre vai fazer sexo. Mas não é só abrir as pernas, é muito mais que isso. É seduzir, criar o seu mundo, o seu universo”.

“Sempre gostei mais de cinema do que literatura. É que fazer cinema dependia de equipe, e fazer literatura, você pode fazer sozinho. Apenas isso”.

“Eu não acredito em filme cult. Eu acredito naquilo que as pessoas entendem. É claro que você não vai dizer o óbvio, que a TV já diz. E o elogio da crítica é o enterro da possibilidade de se comunicar com o público”.

“Faço cinema porque de repente chove na minha horta”.

“A maioria é masoquista, porque é muito mais fácil e prazeroso. Ser sádico é muito mais trabalhoso. E eu não me contento em simplesmente viver. Tenho que criar o enredo. O enredo que o outro me dá não basta. Então, tendo a ser o sádico. E eu não quero apanhar não”.

(Sobre o uso do Dicionário de Fetiches) “Já há relatos de melhora da vida sexual, casais, gente que experimentou uma diferençazinha, e é muito esclarecimento, coisinhas miúdas que se esclarecem, porque os mitos nascem da ignorância”.

“Gaúcho não tem nada a ver comigo. A visão regionalista do Rio Grande do Sul me incomoda porque eu sou universal e Salvador é extremamente universal, mesmo com toda identidade baiana, porque ela aceita quem vem de fora, é uma cidade de tolerância com as variadas etnias, pensamentos, estrangeiros”.

“Eu me descobri cineasta e escritor ao longo do caminho. Tanta dissertação, que daqui a pouco você se descobre ficcionista”.

- Sobre a afirmação do Ras Sidney Rocha, no K7#07, de que ‘a minha função é tentar captar as coisas que acontecem na vida e transformá-las em poesia’: Não tenho função, não me vejo com função, não quero ter função, não pretendo e nem busco isso. Tenho é a petulância de achar que o meu pensamento deve ser compartilhado. Mais nada”.

“Pra mim, música popular não presta; Fantasmão e Chico Buarque estão no mesmo nível. É popular, comercial, não me interessa. Pra mim, música é erudita”.

“A gente não sabe porque a aventura humana existe, não sabe pra onde ela vai, e não há intenção nesse caminho. Nem deve haver. Acredito que não há nada a ser feito”.

“A pessoa que nunca trai é decepcionante. É falta de imaginação nunca trair. Uma mulher que passe a vida inteira sendo fiel não merece a fidelidade do marido”.

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Onde encontrar Aurélio Schommer:
aurelioschommer@gmail.com

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Ficha Técnica Podcast K7 #08
Gravado em 20.06.2009, Salvador-Ba.

Direção, produção, entrevista, gravação, edição, montagem, vinhetas e locução: Emmanuel Mirdad.
Trilha sonora: Curtas e Poemas, Noturno, Pílula Azul, Homeopata e A Esposa Impossível, Mirdad - Harmonogonia (2008).

Trilha das aberturas e vinhetas: Lost Mails, The Orange Poem - Psicodelia (2008).

Fotos: Mirdad.

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Comentários

Cebola disse…
Confronto ao radicalismo: como quem quer partilhar o conhecimento não está aberto as manifestações da música popular?Outras tantas construções do universo feminino moram justamente nas canções do Chico Buarque. Eaê mô pai!?
Minêu disse…
Boa entrevista. Seu talkshow tá bem melhor que o daquele gordinho barbudo que tenta ser engraçado às onze e meia. Concordo com a incoerência citada acima, mas prefiro fazer meus comentários pessoalmente.
Emmanuel Mirdad disse…
Obrigado, meu caro, um elogio teu é muito bem quisto; afinal, vc é muito crítico, ehehe.

Cebola, acho muito pertinente teu comentário. Vamos esperar que Aurélio argumente. Abs!
Aurelio disse…
Cebola.
Estou aberto às manifestações, sejam quais forem. Por mim, liberdade até ao xingamento. Mas tenho o direito de achar o Chico um chato, além de um baita criador de clichês. Gosto é gosto, ora.

Mas obrigado pela crítica. Adoto o lema da Libelu (Liberdade e Luta, corrente bicho grilo do PT): "me bate, me chuta, me chama de puta".

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