Show de lançamento do novo CD de Tiganá Santana na Suécia (foto: Iñaki Marconi)
"The Invention of Colour" é o novo CD de Tiganá Santana, que será lançado em breve no Brasil. Confira a crítica do sueco Peter Sjöblom para o site Tidningen Kulturen (original aqui), traduzida por Sebastian Notini:
Talvez "The Invention of Colour" seja o disco mais contraditório do ano, tanto em termos de design e conotações culturais. Primeiro o disco vem, com um título forte colorido, com uma capa de cor modesta. Segundo, ele é feito por um brasileiro, então seria fácil a associação de percussão e dança exuberante, mas o cantor/compositor Tiganá Santana é praticamente o oposto disso. Críticos têm o hábito de o tempo todo traçar paralelos com Nick Drake ao escrever sobre qualquer artista que faz música melancólica e que também é guitarrista original e talentoso, mas no caso de Santana, na verdade é a comparação mais adequada. Até mesmo a voz velada de Santana tem traços da suave voz compositor inglês. Uma referência mais difusa, mas não irrelevante, é Terry Callier quando ele está em seu estado mais meditativo.
Tiganá Santana é incomum mesmo em outros aspectos. Ele canta em várias línguas africanas e europeias, que, sem dúvida, contribui para a coloração emocional da música. Mas, novamente, não é paleta farta que ele oferece; a música vai andando em cores quentes e suaves. Eu digo bege sem querer dizer nada sombrio, eu digo marrom, querendo dizer macio, marrom acolhedor. Vermelho fino e saturado. Cores que não se intrometem, mas trazem uma calma devota.
Eu não sei por que eu fiquei realmente surpreso ao saber que "The Invention of Colour" foi gravado em Estocolmo, com a ajuda de, entre outros, Ane Brun e Joakim Milder. Talvez consiste a real surpresa em que Santana vive em São Paulo. Talvez porque a sua música está tão longe do clima austero sueco, isso é música que pertence a esferas completamente diferentes. Mas, realmente, essa música tem nada a ver com meteorologia. E mais sobre o estado interior que não obedece nem tempo nem continentes. Mais adequado ainda então que Santana alterna entre os idiomas sem cerimônias. Contribui para o clima pancultural e "panemocional" do disco.
"The Invention of Colour" é o que os críticos me levaram a acreditar que José González seria, mas eu nunca pensei que ele era. Onde González sempre parou em uma simplicidade um pouco seca, Tiganá Santana tem uma intensidade delicada, com camadas e camadas de sonoridades leves, deslocamentos rítmicos cautelosos, movimentos e contra-movimentos. Os gestos são pequenas, mas o resultado é grande. Realmente grande.
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