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Cinco poemas e três passagens de Érica Azevedo no livro A chuva & o labirinto

Érica Azevedo - Foto daqui

Lição da flor II
Érica Azevedo

Delicadeza é dormir cacto
e acordar flor de mandacaru.

--------

Labirintos/Fado ou fato
Érica Azevedo

No centro do labirinto
a vida pulsa.

Perdemos tempo
procurando uma saída.

--------

Cabide
Érica Azevedo

Quero um local
para guardar minha dor.

Um depósito não muito longe
                                               [de mim]

Quero guardá-la e poder olhar
para seu peso,
sentir se sua marca
se desfaz.

Quero ver minha dor
sem forçar o ombro,
sem o sentimento de posse.

Com um sorriso
mesmo magro
e amargo.

--------

Personagem
Érica Azevedo

A personagem olhando o espelho
vê a vida real.
(Será loucura?)

Quebra-se o espelho.
Ela põe sua máscara
e caminha entre nós.

--------

Depoimento
Érica Azevedo

Quero o direito de ter medo.
Não quero ser forte.
Não quero estar segura.

Não quero ter vergonha
de ficar fraca, insegura e com medo.

--------

"A flor que cai no final da primavera
deixa semente pelo chão.
A ruína faz parte do ciclo:
É uma peça do labirinto
condenado à eternidade"

"Dentro de casa:
todo barulho
é silêncio.

Lá fora:
metade do olhar
é sorriso
a outra parte,
correnteza."

"A saudade é uma moça triste
que sente o desgaste
do próprio corpo."



Presentes no livro de poemas A chuva & o labirinto (Mondrongo, 2017), páginas 56, 22, 25, 51, 52, respectivamente, além dos trechos dos poemas Ruína (p. 40), Enigma (p. 42) e Das pequenas definições (p. 13), presentes na mesma obra.

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