Érica Azevedo - Foto daqui
Lição da flor II
Érica Azevedo
Delicadeza é dormir cacto
e acordar flor de mandacaru.
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Labirintos/Fado ou fato
Érica Azevedo
No centro do labirinto
a vida pulsa.
Perdemos tempo
procurando uma saída.
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Cabide
Érica Azevedo
Quero um local
para guardar minha dor.
Um depósito não muito longe
[de mim]
Quero guardá-la e poder olhar
para seu peso,
sentir se sua marca
se desfaz.
Quero ver minha dor
sem forçar o ombro,
sem o sentimento de posse.
Com um sorriso
mesmo magro
e amargo.
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Personagem
Érica Azevedo
A personagem olhando o espelho
vê a vida real.
(Será loucura?)
Quebra-se o espelho.
Ela põe sua máscara
e caminha entre nós.
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Depoimento
Érica Azevedo
Quero o direito de ter medo.
Não quero ser forte.
Não quero estar segura.
Não quero ter vergonha
de ficar fraca, insegura e com medo.
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"A flor que cai no final da primavera
deixa semente pelo chão.
A ruína faz parte do ciclo:
É uma peça do labirinto
condenado à eternidade"
"Dentro de casa:
todo barulho
é silêncio.
Lá fora:
metade do olhar
é sorriso
a outra parte,
correnteza."
"A saudade é uma moça triste
que sente o desgaste
do próprio corpo."
Presentes no livro de poemas A chuva & o labirinto (Mondrongo, 2017), páginas 56, 22, 25, 51, 52, respectivamente, além dos trechos dos poemas Ruína (p. 40), Enigma (p. 42) e Das pequenas definições (p. 13), presentes na mesma obra.
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