Pular para o conteúdo principal

Especial: Suzanne Bouron


Conheci recentemente o trabalho da fotógrafa francesa Suzanne Bouron, através da dica preciosa do seu digníssimo, o caro Marceleza de Castilho ( já costumeiro por aqui, como cedente amigo de suas ilustrações para os meus poemas). A fotografia, assim como o teatro e a dança, são áreas qu'eu não domino, mas costumo admirar quando me pegam assim, de surpresa, e emocionam definitivamente. No caso de Su, gosto da luz e do enquadramento que monta seus pequenos fragmentos da vida.

Muito bom passear por seu Flickr, cujo endereço segue logo abaixo. Caso tenha tempo, recomendo contemplar a concretância de existências dessa potencial fotógrafa do ordinário.

A seguir, um breve release escrito pela própria Suzanne Bouron.




Bonjour, je m’appelle Suzanne! :p

Nasci em La Rochelle, na França, e sempre vivi aqui. Fiz um mestrado de Línguas Estrangeiras aplicadas a Relações Internacionais, e depois decidi que não queria trabalhar com isso. Agora estou fazendo outro mestrado, para ser professora de francês como língua estrangeira.

Não digo a quanto tempo fotografo porque; ou não sou fotógrafa ou sempre fui. Eu tiro fotos como eu vejo o mundo. Geralmente, minhas fotos vão nos detalhes, nas cores e nas formas. Vez ou outra, registro cenas.

Eu gosto muito do retorno positivo que as pessoas me dão, especialmente quando dizem que eu faço fotos lindas com coisas triviais. Acho que esse é o meu super poder! Minhas fotos nunca são cenas ou coisas extraordinárias, pelo contrário, são coisas ordinárias. Expôr a beleza de uma chaleira comum ou de um simples cadeado.



Comecei a tirar fotos quando comecei a viajar. Queria que meus amigos e parentes pudessem ver o que eu tinha a sorte de ver. E fui tirando muitas fotos.

Nunca estudei fotografia numa sala de aula ou nos livros. Estudei diretamente na prática com minha maquininha da Sony. Aperfeiçoei o meu olhar, antes de comprar uma Nikon profissional. Isso que é o mais importante: o olhar. A melhor máquina, nas mãos cegas, não fará nada melhor que uma máquina simples, nas mãos de quem bem sabe ver e capturar o instante.

Eu faço fotos pros outros. Para compartilhar uma vista, uma visão, uma emoção e pra não ter que sair na foto também! Não gosto de aparecer nas fotos.

Quando minhas fotos começaram a “fazer sucesso”, fiquei muito feliz, porque significava que eu conseguia me comunicar por esse meio. Transmitir o que eu sinto. Isso me incentivou a me dedicar cada vez mais à fotografia. Marcelo (meu namorado) também me apoia muito, é um assistente fantástico!



Gosto de tirar fotos de tudo; qualquer coisa pode chamar a minha atenção. Poderia dizer que as cores chamam mais a minha atenção do que as formas. Mas isso também varia. Gosto de fazer retratos, mas ainda sou muito tímida pra pedir às pessoas autorização para fotografá-las; ainda mais na França.

Amo tirar fotos da Bahia; as pessoas têm traços mais fortes, mais expressivos, e com minha cara de turista gringa, tenho menos vergonha de pedir para as pessoas posarem pra mim.

Suzanne Bouron



Printscreen das fotografias Teatro Castro Alves; Nossa Senhora das Mercês; Dia de Iemanjá (03 fotos); Fitinhas e Palmeiras; Monte Serrat e Só se vê na Bahia, de Suzanne Bouron, publicadas no flickr La Photo du Jour (2010). www.flickr.com/photos/laphotodujour

.

Comentários

Day ♥ disse…
Olá Mirad, parabéns pelo blog!
Adorei essas fotos da Suzanne Bouron!


Abraço do Cantinho...


Dayanne

http://cantinhoday.blogspot.com/

Postagens mais visitadas deste blog

Seleta: R.E.M.

Foto: Chris Bilheimer A “ Seleta: R.E.M. ” destaca as 110 músicas que mais gosto da banda norte-americana presentes em 15 álbuns da sua discografia (os prediletos são “ Out of Time ”, “ Reveal ”, “ Automatic for the People ”, “ Up ” e “ Monster ”). Ouça no Spotify aqui Ouça no YouTube aqui Os 15 álbuns participantes desta Seleta 01) Losing My Religion [Out of Time, 1991] 02) I'll Take the Rain [Reveal, 2001] 03) Daysleeper [Up, 1998] 04) Imitation of Life [Reveal, 2001] 05) Half a World Away [Out of Time, 1991] 06) Everybody Hurts [Automatic for the People, 1992] 07) Country Feedback [Out of Time, 1991] 08) Strange Currencies [Monster, 1994] 09) All the Way to Reno (You're Gonna Be a Star) [Reveal, 2001] 10) Bittersweet Me [New Adventures in Hi-Fi, 1996] 11) Texarkana [Out of Time, 1991] 12) The One I Love [Document, 1987] 13) So. Central Rain (I'm Sorry) [Reckoning, 1984] 14) Swan Swan H [Lifes Rich Pageant, 1986] 15) Drive [Automatic for the People, 1992]...

Dez passagens de Clarice Lispector no livro Laços de família

Clarice Lispector (foto daqui ) “A mãe dele estava nesse instante enrolando os cabelos em frente ao espelho do banheiro, e lembrou-se do que uma cozinheira lhe contara do tempo do orfanato. Não tendo boneca com que brincar, e a maternidade já pulsando terrível no coração das órfãs, as meninas sabidas haviam escondido da freira a morte de uma das garotas. Guardaram o cadáver no armário até a freira sair, e brincaram com a menina morta, deram-lhe banhos e comidinhas, puseram-na de castigo somente para depois poder beijá-la, consolando-a. Disso a mãe se lembrou no banheiro, e abaixou mãos pensas, cheias de grampos. E considerou a cruel necessidade de amar. Considerou a malignidade de nosso desejo de ser feliz. Considerou a ferocidade com que queremos brincar. E o número de vezes em que mataremos por amor. Então olhou para o filho esperto como se olhasse para um perigoso estranho. E teve horror da própria alma que, mais que seu corpo, havia engendrado aquele ser apto à vida e à felici...

Dez passagens de Jorge Amado no romance Capitães da Areia

Jorge Amado “[Sem-Pernas] queria alegria, uma mão que o acarinhasse, alguém que com muito amor o fizesse esquecer o defeito físico e os muitos anos (talvez tivessem sido apenas meses ou semanas, mas para ele seriam sempre longos anos) que vivera sozinho nas ruas da cidade, hostilizado pelos homens que passavam, empurrado pelos guardas, surrado pelos moleques maiores. Nunca tivera família. Vivera na casa de um padeiro a quem chamava ‘meu padrinho’ e que o surrava. Fugiu logo que pôde compreender que a fuga o libertaria. Sofreu fome, um dia levaram-no preso. Ele quer um carinho, u’a mão que passe sobre os seus olhos e faça com que ele possa se esquecer daquela noite na cadeia, quando os soldados bêbados o fizeram correr com sua perna coxa em volta de uma saleta. Em cada canto estava um com uma borracha comprida. As marcas que ficaram nas suas costas desapareceram. Mas de dentro dele nunca desapareceu a dor daquela hora. Corria na saleta como um animal perseguido por outros mais fortes. A...