Saí do Instagram no final de 2016. Não fez falta. Agora, na pandemia de 2020, voltei com um novo @ [pegaram o meu antigo], para poder assistir às lives. Decidi compartilhar literatura nessa rede, aproveitando o acervo garimpado neste blog. Na rodada #04, Anton Tchekhov, Guy de Maupassant, Dino Buzzati, Augusto dos Anjos, Nelson Rodrigues e Ferreira Gullar, entre outros, 14 cards publicados no @emmanuelmirdad.
“Seguinte. A tristeza não gosta de mim. E quem não gosta de mim eu não dou ousadia”
Garimpado do best-seller, vulgo livro de crônicas mais estourado dessa quizumbahia, @ingresia, do xibanço Franciel Cruz. Nunca leu? COMPRE, PESTE!
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Garimpado do premiado romance “O filho eterno”, de Cristovão Tezza.
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Miniconto predileto de Victor Mascarenhas, presente no livro "Um certo mal-estar", lançado pela Solisluna em 2015 #literatura #literaturabrasileira #contos #conto #victormascarenhas #miniconto #minicontos #umcertomalestar #solislunaeditora #solisluna
“Acreditar na Arte!”, do poeta Zecalu, que beleza! Acredite! #zecalu #literatura #literaturabrasileira #poesia #poesias #poema #poemas #instapoema #poesianoinstagram #arte
Dos que eu fiz, é o meu predileto.
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Escrevi esse poema num sete de setembro, anos atrás.
Depende
(Emmanuel Mirdad)
Antes de ser brasileiro,
eu sou nordestino,
mas sirvo à pátria
o papel de primogênito,
oriundo do leste mar,
fincado em paisagens áridas
e heranças que compreendo e compartilho.
Antes de ser brasileiro,
eu sou terráqueo
a girar nesse balão frágil,
a forjar que o horizonte é plano,
e os sonhos a circular
em uma pertença múltipla glocalizada;
o Mali, no mar da Grécia,
deságua em São Salvador.
Antes de ser brasileiro,
eu sou uma incógnita da Matrix,
apenas mais um,
a fruir o enigma, conectado à engrenagem,
disposto a acreditar
no que me mantém vivo
e respirar um pouco mais,
a sustentar o sentido que entretém Deus.
Antes de ser brasileiro,
eu sou você.
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"(...) diante da morte, só me interessa a ciência. Emitindo o suspiro derradeiro, ainda hei de crer que a ciência constitui o mais importante, o mais belo, o mais necessário na vida do homem, que ela sempre foi e será a manifestação mais elevada do amor, e que somente por meio dela o homem vencerá a natureza e a si mesmo."
Acho esse trecho magnífico! Também só me interessa a ciência. É através da ciência que a luz permanece.
Bravo, mestre Anton Tchekhov! O trecho do conto "Uma história enfadonha" foi garimpado do livraço "O beijo e outras histórias" [o meu predileto do mestre russo], pg. 125, com tradução de Boris Schnaiderman, lançado pela @editora34 em 2014.
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Bravo, meu pai! Esse é o seu poema que mais gosto. E que você escreveu com 27 anos. No dia de Luiz Gonzaga, que você amava. 53 anos depois, num 13 de dezembro, você deixaria a matéria e se tornaria vento, como tanto queria.
Joga no Google: O andarilho da ilusão Ildegardo Rosa
“Eu queria ser vento e me fizeram pedra”. É o emblema da sua trajetória, a busca por ser um vento “liberto, alegre, que a todos conhece”, que “não tem preconceito” e “bisbilhota, canta, geme, chora e ri com os povos do mundo”, pois “traduz liberdade”, a escapar pelas frestas dos enquadramentos da matéria, que o forjam a ser “pedra grande, pesada, sem ânimo”, a virar concreto e monumento, “sendo escalada, mas sempre parada”. Um libertário a contestar os limites, um contestador a projetar soluções para superar o óbvio, um solucionador inspirado pela plena liberdade, para além da tirania das formas. Ildegardo Rosa, o Mestre Dedé.
Materializado em 22 de outubro de 1931, último dia de Libra, na cidade de Campos (atual Tobias Barreto), em Sergipe, fronteira com o nordeste da Bahia, quinto filho da forte Josepha com o inventor Joaquim, neto do coronel José Rosa — que dizem que inventou o sobrenome Rosa por gosto, e tragicamente morreu no naufrágio do Iate Itacaré (1939), em Ilhéus, junto com as economias da família (iria comprar fazendas de cacau) —, formou-se em Direito e Filosofia, teve diversos trabalhos, de açougueiro a ilustrado mestre cooperativista, Petrobras, Furnas e Uneb, foi menino que amava andar nu como índio, pai de duas filhas e um filho, avô de dois casais de netos, galante sedutor dançarino, honrado marido da musicista baiana Martha Anísia, 50 anos de amor e cumplicidade. Bem que tentaram, mas a pedra “chutada, pisada, cuspida, rolando... rolando... no sem fim das estradas” não foi capaz de conter o vento “forte, doido, tufão violento, revolucionário”, a soprar e gargalhar.
Que saudade! Te amo!
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O conto "Bola de sebo" é a obra-prima do escritor francês Guy de Maupassant (1850-1893), e este trecho é um dos mais perfeitos que já li na vida, devia ser tombado como patrimônio da literatura universal, e, se eu fosse professor, estudaria-o com afinco junto aos alunos.
"Ordens gritadas por uma voz desconhecida e gutural subiam ao longo das casas que pareciam mortas e desertas, enquanto por trás das venezianas cerradas olhos espreitavam estes homens vitoriosos, donos, por 'direito de guerra', da cidade, das fortunas e das vidas. Em seus quartos escurecidos, os habitantes sentiam o desespero dos grandes cataclismos, as grandes convulsões terrestres, contra os quais eram inúteis a sabedoria e a força. Sensação idêntica reaparece cada vez que se subverte a ordem estabelecida das coisas, a segurança deixa de existir e tudo que era protegido pelas leis dos homens ou da natureza se encontra à mercê de uma brutalidade inconsciente e feroz. O terremoto que esmaga populações inteiras sob os escombros das casas; o rio que transborda e carrega camponeses afogados juntamente com cadáveres de bois e traves arrancadas dos tetos; ou o exército glorioso dizimando aqueles que se defendem, aprisionando os restantes, pilhando em nome da espada e agradecendo a Deus ao som dos canhões – são os flagelos terríveis que abalam a crença na justiça eterna e a confiança incutida na proteção do céu e a razão humana."
Bravo! Presente no livro de contos "As grandes paixões", organizado e traduzido por Léo Schlafman, lançado pela @editorarecord em 2005.
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Um poema brutal:
Versos íntimos
Augusto dos Anjos
Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
[1901]
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Sobre a solidão da vida.
"Aos poucos a fé se enfraquecia. É difícil acreditar numa coisa quando se está sozinho e não se pode falar com ninguém. Justamente naquela época Drogo deu-se conta de que os homens, ainda que possam se querer bem, permanecem sempre distantes; que, se alguém sofre, a dor é totalmente sua, ninguém mais pode tomar para si uma mínima parte dela; que, se alguém sofre, os outros não vão sofrer por isso, ainda que o amor seja grande, e é isso o que causa a solidão da vida."
Garimpado do romance "O deserto dos tártaros", a obra-prima do escritor italiano Dino Buzzati (1906-1972), na tradução de Aurora Fornoni Bernardini e Homero Freitas de Andrade.
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90 anos de Ferreira Gullar (1930-2016).
Vejo Ferreira Gullar e me lembro do meu pai Ildegardo Rosa: cara de carranca e cabelos grandes, magro, filopoeta e contestador. São contemporâneos de nascimento, dos longínquos anos 1930, nordestinos. Nos 80 anos do poeta maranhense, nascido José Ribamar, estive presente na inesquecível mesa-festa dedicada a ele na Flip 2010, e, a poucos metros do futucador Gullar, só pude me lembrar do sergipano que me gerou e criou.
“Dentro da noite veloz”, um presente do ginásio, apresentou-me o trabalho de Gullar, mas foi “Poema sujo” que me chocou e formou o meu gosto por poemas para muito além da forma e prepotência.
Em 2010, fiz um teste: na prateleira de “poesia” da Livraria Cultura, pus-me a ler diversos poetas, e o único livro que comprei, satisfeito com o que rapidamente li, foi “Em alguma parte alguma”, do mestre, de onde garimpei esses versos, a última estrofe do poema “A relativa eternidade”.
90 anos de Ferreira Gullar! Bravo! Ferreira Gullar eterno!
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Felipe Jr., herdeiro da maior criação de bodes da Bahia, conhecido como Bodão, é um playboy putão, marombado de academia, que fica broxa, de repente. Tenta de várias maneiras recuperar a sua performance, mas nada acontece. Até que, na volta de uma balada frustrada, é abordado por uma travesti. Ele foge. De pau duro.
"Bonecas" é isso aê, uma crítica aos macho-alfas enrustidos. E o personagem que mais gosto é o psicopata colecionador de Barbies, que permite ser amigo de Bodão só para se divertir na manipulação.
Leitura free no meu blog, joga no Google: conto bonecas emmanuel mirdad
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