Haruki Murakami - Foto: Markus Jans
"(...) Mas por que um escritor tem que ser um artista? Quando isso foi decidido, e por quem? Ninguém decidiu isso. Nós podemos escrever romances da forma como desejarmos. Para começar, se pensarmos: Não preciso ser um artista, nos sentiremos bem mais leves. Um escritor deve ser uma pessoa livre antes de ser um artista. Fazer o que gosta, quando gosta, do jeito que gosta: essa é a definição de pessoa livre para mim. Prefiro ser uma pessoa comum e livre a me tornar um artista e me preocupar com a opinião dos outros, sujeitando-me a formalidades inconvenientes."
"Toda vez que me perguntam sobre prêmios (por alguma razão ouço esse questionamento tanto no Japão como no exterior), procuro responder: 'O mais importante é que se tenha bons leitores. Nenhum prêmio literário, nenhuma medalha, nenhuma resenha favorável possuem significado substancial se comparados com os leitores que compram os meus livros com o próprio dinheiro'. Já dei essa resposta várias vezes, cansei de tanto repeti-la, mas quase ninguém me leva a sério. Na maioria das vezes sou ignorado."
"Não sei se as minhas obras são boas e, caso sejam, não sei o quanto são. Acho que é uma coisa que não cabe ao autor dizer. Nem é preciso dizer que quem julga as obras são os leitores, e que seu valor é revelado pelo tempo. A única coisa que o autor pode fazer é aceitar os julgamentos em silêncio."
"Acho que o caos existe na mente de todas as pessoas. Dentro de mim e de você também. Não é algo que precisa ser mostrado na vida prática: 'Olhe o caos que eu carrego, veja como ele é grande!'. Se você quer se encontrar com o seu caos interno, basta fechar a boca e descer sozinho ao fundo do inconsciente. É aí que se encontra o caos que você precisa enfrentar, aquele que vale a pena ser enfrentado. Ele está no seu ponto mais íntimo."
E o melhor trecho da obra, destacado anteriormente pelo romancista Carlos Barbosa (nesse post), que me indicou o livro:
Presentes no livro de ensaio Romancista como vocação (Alfaguara, 2017), de Haruki Murakami, páginas 81, 40, 91, 103 e 15, respectivamente, na tradução de Eunice Suenaga.
Foto do autor por Markus Jans daqui
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