Augusto dos Anjos - Imagem daqui
“O beijo, amigo, é a véspera do escarro”
“O amor,
poeta, é como a cana azeda,
A toda boca
que não o prova engana.”
“A mão que
afaga é a mesma que apedreja”
“Ah! Por que
desgraçada contingência
À híspida
aresta sáxea áspera e abrupta
Da rocha
brava, numa ininterrupta
Adesão, não
prendi minha existência?”
“Acostuma-te
à lama que te espera!
O Homem,
que, nesta terra miserável,
Mora, entre
feras, sente inevitável
Necessidade
de também ser fera.”
“(...) a
mais alta expressão da dor estética
Consiste essencialmente
na alegria.”
“O amor tem
favos e tem caldos quentes
E ao mesmo
tempo que faz bem, faz mal;
O coração do
Poeta é um hospital
Onde
morreram todos os doentes. ”
[o amor] “É
a transubstanciação de instintos rudes,
Imponderabilíssima
e impalpável,
Que anda
acima da carne miserável
Como anda a
garça acima dos açudes!”
“Que dentre de minh’alma americana
Não mais palpite o coração – esta arca,
Este relógio trágico que marca
Todos os atos da tragédia humana!”
Versos presentes no livro Toda poesia de Augusto dos Anjos (José Olympio, 2016), páginas 179, 166, 179, 158, 179, 90, 194, 166 e 194, respectivamente (retirados dos poemas “Versos íntimos”, “Versos de amor”, “Gemidos da arte”, “Monólogo de uma sombra” e “Queixas noturnas”).
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