Alberto da Cunha Melo
“Da dor humana, só conheço a minha, que não é nada para os outros, e insuportável para mim”
“A obrigação de ser belo é incompreensível para o corpo que busca apenas respirar e erguer-se todas as manhãs”
“Tudo que levamos a sério torna-se amargo”
“O essencial é assustadíssima e soberba ave, como um galo: só duas mãos, dentro da treva, sem ruído, podem pegá-lo”
“Não é fazendo o que sei que chegarei às descobertas que não fiz”
“Fora do fogo, não há saída: porque fugir é a pior maneira de ficar”
“Quem fala do que fez e do que foi, já não faz e já não é”
“Temos, realmente, grandes problemas metafísicos como o de encontrar a finalidade última de uma vida feita de tanta coisa relativa”
“A morte, meu irmão, não é ponto final, é vírgula”
“À medida que envelhecemos, não nos tornamos frágeis porque envelhecemos, mas porque nos tornamos cada vez mais previsíveis”
“Poema nenhum, nunca mais será um acontecimento: escrevemos cada vez mais para um mundo cada vez menos”
“Se a filosofia nos diz que o ser repete a espécie, é possível que falar na grandeza de uma única mulher é referir-se à grandeza de muitas mulheres que vivem, trabalham e amam neste planeta assustador”
“O amor, sem cronômetros e calendários, é feito da substância cósmica das sementes e das estrelas”
“Todo dia sem alegria é um dia perdido, é um dano a mais na hélice da esperança, movida a pó, ano após ano”
“O que nos amam nos devoram, e, devorados, não podemos partir: estamos lá dentro”
“A Burocracia é a refinada peçonha dos sádicos e sua mais sórdida e persistente conspiração”
“É adeus cada forma de vida movendo-se ao sol, como presa do Tempo”
“Às vezes mostro a meus amigos estas flores, peço-lhes água, eles sorriem (...) mas também estão no deserto”
“(...) não praguejem, seus cegos, contra a vida. Antes de perceberem os sinais e sua dor tomar conta do universo, amem tudo que encontrarem”
“Toda renúncia nos convida a recomeçar outra busca”
“O destino dos que têm uma missão é cair e ficar; a missão dos que têm um destino é partir e cantar”
“Publicar-se depois da morte é dar, pelas costas, um pão; é jogar um ramo de flores numa casa morta, e correr”
“Toda matéria, ou toda força sofre de eterno desperdício, quer ser azul e temporária e as borboletas sabem disso”
Versos presentes no livro “Poesia completa” (Record, 2017), de Alberto da Cunha Melo, organizado por Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo
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