Pular para o conteúdo principal

Orange Poem lança EP com a voz de Mateus Aleluia Filho


Na sexta, 18 de março, o EP “Andanças”, do projeto Orange Poem com o cantor, compositor e trompetista Mateus Aleluia Filho, será lançado nas plataformas digitais pelo selo Zenyatta Records. Faça o pré-save aqui. Produzido por Emmanuel Mirdad e Tadeu Mascarenhas, apresenta cinco músicas inéditas, um ponto de encontro das caminhadas de quatro artistas baianos.

Mateus, a espiritualidade do axé, a voz ancestral-herança do pai, o sopro graduado na universidade e na vivência, a negritude do recôncavo como patrimônio e beleza. Tadeu, o domínio das máquinas e do registro, o ambiente das teclas, o groove do grave, a multiplicidade de instrumentos. Mirdad, a razão das leituras, a criação da edição, a presença do pai poeta, os versos na cor laranja. Hosano, a força do ritmo, a capoeira que conduz, o impulso da bateria, a experiência do rock que permanece.

Orange Poem (foto: Leo Monteiro)

Mateus Aleluia Filho (Foto: Victória Nasck)

As quatro andanças de vidas distintas que se harmonizam para criar um EP de música brasileira, repleta de várias influências, e o colorido de uma percussão árabe, conduzida pelos músicos Sebastian Notini e Thiago Trad, e uma legítima afro-baiana, tambores e efeitos sacros, registrados pelo percussionista Ícaro Sá. A arte da capa e flyers de divulgação é criação da Movimento 1989.
 
O EP “Andanças” foi gravado, mixado e masterizado por Tadeu Mascarenhas no estúdio Casa das Máquinas, em Salvador. Para o vocalista e músico Mateus Aleluia Filho, “um momento de muito aprendizado e expansão; um desafio gravar um disco originalmente com elementos do rock que, para mim, era um universo bem distante. A gcenerosidade e o amor me trouxeram uma abertura muito grande com esse trabalho”. Trompetista formado pela Ufba, mestrando em Musicologia e integrante do sexteto Saravá Jazz Bahia, Mateus estreou a sua carreira solo em 2021, lançando o EP “Sopro do Interior”, contemplado pela Lei Aldir Blanc, com quatro músicas suas, e o belo vozeirão a encantar o público. “‘Oxe, mas ele canta, e muito!’, lembro da minha surpresa ao ouvir ‘Sopro do Interior’, só o conhecia como músico, e, na mesma hora, convidei-o para gravar com a gente. Que orgulho, pai e filho na nossa caminhada, bom demais!”, comemora Mirdad, produtor e compositor do Orange Poem. Em 2014, ele lançou o EP “Ancient”, com a voz de Mateus Aleluia, o pai.

Orange Poem (foto: Leo Monteiro)

Mateus Aleluia Filho (Foto: Victória Nasck)

Andanças” abre com “À Beira”, música de Emmanuel Mirdad, um poprock com balanço de arrocha suigado pelo baterista Hosano Lima Jr., o derbake & karkabou & bendir de Sebastian floridos pelo trompete latino de Mateus, e as multidões do mundo reunidas para apreciar a beleza de um luar em Cachoeira, “você quer ser o que eu busco e ter o que você procura?” a provocar o ouvinte.

O reggae se faz presente no EP “Andanças”, em formato acústico, o encontro do violão de Tadeu com a moringa de Trad. “Judi”, a faixa 2, é uma canção romântica, para xamegar com o seu xodó, a primeira parceria em composição de Mirdad com Mateus, e que traz um trecho em outra língua. “Nos anos 2000, a Orange Poem foi uma banda de rock psicodélico blues progressivo em inglês. Agora, após a repercussão de mais de 450 mil views no seu canal do YouTube, volta como um projeto de música universal, sem fronteiras, a explorar qualquer sonoridade e idioma, aberto para as parcerias mais criativas.”, explica o produtor Mirdad.

Emmanuel Mirdad, Hosano Lima Jr. e Tadeu Mascarenhas (foto: Leo Monteiro)

Mateus Aleluia Filho (Foto: Victória Nasck)

A poesia é valorizada em “Andanças”. A terceira faixa, “Meu Negro”, reúne trechos de sete poemas do escritor mineiro Ricardo Aleixo, presentes no livro “Pesado demais para a ventania” (Todavia, 2018), musicados por Mirdad, que revela: “Gosto demais do trabalho deste poeta, um artista múltiplo, referência total na literatura negra produzida no mundo. É preciso ouvir e ler o que Aleixo nos revela e cria! E o amigo mineiro adorou essa ponte com Mateus Filho, pois já admirava o seu pai faz tempo. Bahia com Minas dá certo demais!”. E o vocalista de “Andanças” confirma o belo encontro: “Mirdad apresentou-me a Ricardo Aleixo que, de uma forma intensa e pura, comunicou com o meu eu, Mateus Aleluia Filho de Cachoeira, do passado, no presente para o futuro. Saravá a esse grande artista!”.

Encanto”, a quarta faixa do EP “Andanças”, é uma composição instrumental de Mateus, um cântico sagrado, que registra o sublime, ambiência para transcender, gravada em formato power trio: Ícaro Sá nos atabaques e gan, Tadeu Mascarenhas no baixo, e o compositor no flugelhorn e voz. “A arte pela arte nos presenteou com o ‘Encanto’, faixa revelada por Mirdad e Tadeu [inicialmente registrada como uma sobra de estúdio], um momento de paz e relaxamento; Cachoeira sempre se faz presente, o Afrobarroco de forma plena, com um arranjo que traz o conceito, e mostra intimidade com a música revelada no cotidiano das cidades do Recôncavo. Quem pisou nessa terra sente e viu a beleza!!! Saravá, irmão!”, reflete o cachoeirano Mateus.

Orange Poem (foto: Leo Monteiro)

Mateus Aleluia Filho (Foto: Victória Nasck)

Tem mais poesia no EP: “Candeeiro”, a última faixa, volta a celebrar a voz sertaneja e os poemas filosóficos-existenciais de Ildegardo Rosa, pai de Mirdad, morto em 2011. No lançamento anterior da Orange Poem, a música “Illusion’s Wanderer” é a mais escutada e comentada (mais de 276 mil views no YouTube), e apresenta justamente essa mescla de poesia recitada com a ambiência sonora dos instrumentos laranjas e os vocais de Mateus Aleluia, o pai. Agora, em “Candeeiro”, Mateus, o filho, entoa o clima psicodélico-progressivo para o Mestre Dedé refletir os seus versos: “Sei que vim do vazio, do inominado, do sem forma, do misterioso. E aqui estou, neste mundo manifesto, preso a esta forma que se diz humana, e cercado de outras mil formas que nem mesmo em pensamento se esvaziam”.

Orange Poem (foto: Leo Monteiro)

Mateus Aleluia Filho (Foto: Victória Nasck)

Serviço
Lançamento do EP “Andanças”, da Orange Poem & Mateus Aleluia Filho
Sexta, 18 de março de 2022
Em todas as plataformas digitais

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Oito passagens de Conceição Evaristo no livro de contos Olhos d'água

Conceição Evaristo (Foto: Mariana Evaristo) "Tentando se equilibrar sobre a dor e o susto, Salinda contemplou-se no espelho. Sabia que ali encontraria a sua igual, bastava o gesto contemplativo de si mesma. E no lugar da sua face, viu a da outra. Do outro lado, como se verdade fosse, o nítido rosto da amiga surgiu para afirmar a força de um amor entre duas iguais. Mulheres, ambas se pareciam. Altas, negras e com dezenas de dreads a lhes enfeitar a cabeça. Ambas aves fêmeas, ousadas mergulhadoras na própria profundeza. E a cada vez que uma mergulhava na outra, o suave encontro de suas fendas-mulheres engravidava as duas de prazer. E o que parecia pouco, muito se tornava. O que finito era, se eternizava. E um leve e fugaz beijo na face, sombra rasurada de uma asa amarela de borboleta, se tornava uma certeza, uma presença incrustada nos poros da pele e da memória." "Tantos foram os amores na vida de Luamanda, que sempre um chamava mais um. Aconteceu também a paixão

Dez passagens de Clarice Lispector nas cartas dos anos 1950 (parte 1)

Clarice Lispector (foto daqui ) “O outono aqui está muito bonito e o frio já está chegando. Parei uns tempos de trabalhar no livro [‘A maçã no escuro’] mas um dia desses recomeçarei. Tenho a impressão penosa de que me repito em cada livro com a obstinação de quem bate na mesma porta que não quer se abrir. Aliás minha impressão é mais geral ainda: tenho a impressão de que falo muito e que digo sempre as mesmas coisas, com o que eu devo chatear muito os ouvintes que por gentileza e carinho aguentam...” “Alô Fernando [Sabino], estou escrevendo pra você mas também não tenho nada o que dizer. Acho que é assim que pouco a pouco os velhos honestos terminam por não dizer nada. Mas o engraçado é que não tendo absolutamente nada o que dizer, dá uma vontade enorme de dizer. O quê? (...) E assim é que, por não ter absolutamente nada o que dizer, até livro já escrevi, e você também. Até que a dignidade do silêncio venha, o que é frase muito bonitinha e me emociona civicamente.”  “(...) O dinheiro s

Dez passagens de Jorge Amado no romance Mar morto

Jorge Amado “(...) Os homens da beira do cais só têm uma estrada na sua vida: a estrada do mar. Por ela entram, que seu destino é esse. O mar é dono de todos eles. Do mar vem toda a alegria e toda a tristeza porque o mar é mistério que nem os marinheiros mais velhos entendem, que nem entendem aqueles antigos mestres de saveiro que não viajam mais, e, apenas, remendam velas e contam histórias. Quem já decifrou o mistério do mar? Do mar vem a música, vem o amor e vem a morte. E não é sobre o mar que a lua é mais bela? O mar é instável. Como ele é a vida dos homens dos saveiros. Qual deles já teve um fim de vida igual ao dos homens da terra que acarinham netos e reúnem as famílias nos almoços e jantares? Nenhum deles anda com esse passo firme dos homens da terra. Cada qual tem alguma coisa no fundo do mar: um filho, um irmão, um braço, um saveiro que virou, uma vela que o vento da tempestade despedaçou. Mas também qual deles não sabe cantar essas canções de amor nas noites do cais? Qual d