Costumo peneirar os trechos prediletos dos livros que leio (compilo aqui), e não poderia deixar de fora o “oroboro baobá”, o meu primeiro romance, lançado virtualmente nas minhas redes e publicado pela Penalux em 2020. Nessa terceira parte do garimpo, a entidade Mokamassoulé entrega a bebê Miwa para Bartira, as negras Benivalda e Bartira acolhem as índias Nara e Luzia, a menina Miwa e a África, o pataxó Burianã quer ser aceito em Caraíva, a polícia não quer investigar assassinato do abneto de Mbamba, a negra rica Bárbara ignora o irmão escravizado, o romance de Dona Tonica e Ranolfo, o goleiro Montanha é preso, e a defesa espectral de Montanha garante Porto Seguro na semifinal do Amadô.
Conceição Evaristo (Foto: Mariana Evaristo) "Tentando se equilibrar sobre a dor e o susto, Salinda contemplou-se no espelho. Sabia que ali encontraria a sua igual, bastava o gesto contemplativo de si mesma. E no lugar da sua face, viu a da outra. Do outro lado, como se verdade fosse, o nítido rosto da amiga surgiu para afirmar a força de um amor entre duas iguais. Mulheres, ambas se pareciam. Altas, negras e com dezenas de dreads a lhes enfeitar a cabeça. Ambas aves fêmeas, ousadas mergulhadoras na própria profundeza. E a cada vez que uma mergulhava na outra, o suave encontro de suas fendas-mulheres engravidava as duas de prazer. E o que parecia pouco, muito se tornava. O que finito era, se eternizava. E um leve e fugaz beijo na face, sombra rasurada de uma asa amarela de borboleta, se tornava uma certeza, uma presença incrustada nos poros da pele e da memória." "Tantos foram os amores na vida de Luamanda, que sempre um chamava mais um. Aconteceu também a paixão
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