Live de lançamento do romance “oroboro baobá”, de Emmanuel Mirdad, em 06/04/2021
Na noite da terça, 06 de abril de 2021, no canal da Penalux no YouTube, realizamos a live de lançamento do meu romance “oroboro baobá”, publicado no final de 2020. Com os editores da Penalux como mediadores, Wilson Gorj e Tonho França, e a presença do convidado especial Wesley Correia, professor, escritor e poeta (autor de “laboratório de incertezas”), foi um grande encontro para celebrar a literatura e as suas belezas.
Ganhei um presentão, gente! Que prazer ouvir as análises e os comentários dos três literatos, profissionais com domínio do assunto, que têm uma profunda admiração pela arte literária. E num clima ótimo, leve, com risadas e sintonia, timing fluido, sincronia e revelações. Nossa, bom demais! Vai repercutir muito tempo por aqui. Que prêmio!
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Comentei sobre a construção demorada do livro (como sempre digo, escrever também é apagar), agradeci os prêmios que perdi, pois só assim para o romance ser finalizado como “oroboro baobá” (20ª versão, armaria! Leia aqui sobre essa jornada), e ressaltei a contribuição de Wesley Correia (batizou Gigante, sugeriu cortar as notas de rodapé e reduzir as muitas cenas de futebol que havia, entre outros toques), mais de 10 páginas de comentários, frente e verso. É muito importante ter escritores de confiança para ler e opinar sobre os originais – saudei Tom Correia e Carlos Barbosa por também analisarem o livro (Carlos apareceu na live e fez comentários, o que me deixou bem feliz).
Falamos sobre a linguagem do romance, o aspecto cinematográfico, narrado no tempo presente, estrutura não-linear, narrador como “tela de cinema”, referências de outras culturas (a africana, em especial), alegoria da formação do povo brasileiro (história de dor e sangue do nosso país), a diversidade temática (dramas, tragédias, alegrias, conquistas, futebol, culinária...).
Clima maravilhoso da live! Yeba!
Comentei sobre a parte fantástica do romance, em que o livre-arbítrio é uma ficção (entre outras ficções, como o espaço, o sofrimento, o carma, etc...), a falta de acesso à verdade, o movimento dos personagens que é regido pelas entidades e divindade, o baobá como a conexão dos dois mundos. Falei sobre as criações das entidades e da divindade Mutujikaka, que se originou a partir de Oxumaré, mas, por respeito à fé dos outros, decidi criar os seres mágicos.
Wesley Correia revelou que se conectou espiritualmente com os originais do livro (sentiu que conhecia as personagens), celebrou as muitas referências e o trabalho de pesquisa. As histórias ficaram reverberando, e ele destacou a saga de Mbamba, que ele quer que eu faça um livro só com a história desse africano escravizado que prosperou no Brasil se tornando um senhor fidalgo, com muitas posses e família numerosa. Wesley afirmou que o livro exige uma leitura cuidadosa, é um grande mistério, um quebra-cabeça que só se revela no final.
Carlos Barbosa comentando na live
E o trem apitou na live! O editor Tonho França disse que “oroboro baobá” é um livro que emociona, prende, leitura que flui, e que achou muito interessante o lado espiritual, a ressaltar que o romance tem muita poesia, destacando a parte do ritual em Madagascar. Já o editor Wilson Gorj ponderou: “Além de ter o apelo cinematográfico, ele tem um cuidado com a linguagem, e isso não pode ser levado para o cinema”. Concordo! A literatura sempre será maior que o cinema!
Falamos sobre a parte do futebol, a primeira coisa que chegou para o livro (um goleiro que não toma gol). Reconheci que ter um goleiro negro no romance foi uma homenagem ao goleiro Barbosa (e me inspirei no Dida também). Tonho destacou a beleza poética nas narrações das partidas, e eu disse: “Onde mora a beleza na literatura é na poesia. Eu tinha que ser poeta para escrever esse livro”. Revelei que me afastei do futebol, mas “carrego a lembrança de ter sido goleiro no meu corpo para sempre”, por conta de uma cicatriz de uma cirurgia na mão direita (custo de uma pancada na trave, durante uma defesa).
Link original onde a live foi transmitida
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Wesley Correia disse que sente a presença da câmera em cada cena do romance, e que ainda verá alguma adaptação de “oroboro baobá” nas telas. Ressaltou a minha criação do símbolo do oroboro como baobá, que é a árvore da vida para o candomblé, celebrando o belo projeto gráfico da Penalux. Surpresa: Wesley revelou que inseriu o livro na sua ementa da pós em estudos étnico-raciais. UAU! Que maravilha! Amo! “Uma das histórias mais honestas sobre as relações África e Brasil na literatura”, Wesley Correia definiu.
Li o trecho de Sanfilippo em Caraíva refletindo sobre a Bahia feminina & Bahia pai canalha (leia aqui). Wesley disse que foi difícil selecionar um único trecho para ler, e escolheu um trecho para ressaltar Gigante, quando a nativa o assedia para dançar forró (leia aqui, no final da pg 17) – a sincronia: Wilson Gorj havia selecionado o mesmo trecho para ler. Então, o editor leu o trecho quando Bartira avista a divindade Mutujikaka no mar de Mucuri (leia aqui). Afirmei: vou ficar na Penalux e irei recusar o convite de uma editora grande, caso ocorra.
Todos os comentários no chat da live
Que noite! Inesquecível! E ainda tive o presente da presença de gente querida, como a minha irmã Kátia Moema, o escritor Carlos Barbosa e a amiga Eli Campos (que leram e opinaram nos originais), além do amigo violonista Eri Dantas, e pessoas que participaram da live com valiosos comentários, como Ndembu Tandala, Mariana Belize e Soraya Chanakian. Yeba!
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