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Os meus livros prediletos do mestre Jorge Amado



Entre 2022 e 2023, tive a sorte de ler doze romances e um livro de crônicas do mestre Jorge Amado. Até então, só havia acessado dois livros dele na escola, e morria de vergonha dessa pendência, ainda mais por ser baiano. Que presente! Os meus prediletos foram os romances “Tenda dos Milagres”, “Tieta do Agreste” e “Mar morto”, e também gostei de “Tereza Batista cansada de guerra” (leitura difícil, por ser uma história muito triste, sofrida demais), “Dona Flor e seus dois maridos” e o milagreiro “O sumiço da santa”. Porém, como sou fã de crônicas, o que eu mais gostei mesmo foi “Navegação de cabotagem”, o livro de memórias que ele jamais escreveu.

Ao longo de 2022 e 2023, peneirei e divulguei trechos hilários, impactantes, geniais, de imensa beleza e construção da baianidade nagô que ainda encanta quem acessa (mesmo com todos os dilemas surgidos com o olhar de hoje sobre uma obra produzida no século passado). Seguem abaixo, uma coleção dos seus melhores momentos. Amado Jorge, eterno!


“Navegação de cabotagem” (1992)
“Nasci empelicado, a vida foi pródiga para comigo, deu-me mais do que pedi e mereci”
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“Tenda dos Milagres” (1969)
“O mundo só será realmente civilizado quando as fardas forem objetos de museu”
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“Tieta do Agreste” (1977)
“Ninguém morre de amor, de amor se vive”
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“Mar morto” (1936)
“Quem já decifrou o mistério do mar?”
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“Tereza Batista cansada de guerra” (1972)
“Bem-querer não se compra, não se vende, não se impõe com faca nos peitos nem se pode evitar: bem-querer acontece”
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“Dona Flor e seus dois maridos” (1966)
“Ele é tua face matinal, eu sou tua noite, o amante para o qual não tens nem jeito nem coragem. Somos teus dois maridos, tuas duas faces, teu sim, teu não. Para ser feliz, precisas de nós dois”
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“O sumiço da santa” (1988)
“Terra onde tudo se mistura e se confunde, ninguém é capaz de separar a virtude do pecado, de distinguir entre o certo e o absurdo, traçar os limites entre a exatidão e o embuste, entre a realidade e o sonho”
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“Os pastores da noite” (1964)
“O manto da noite cobria toda a miséria e toda a grandeza e as confundia numa só humanidade, numa única esperança”
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“Jubiabá” (1935)
“O mar traz a seu coração um sossego que a cidade não lhe dá. No entanto, da cidade ele é o dono, e do mar ninguém é dono”
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“Gabriela, cravo e canela” (1958)
“A vida era boa, bastava viver (...) com um moço dormir. Com outro moço sonhar”
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“Capitães da Areia” (1937)
“Nem o ódio, nem a bondade. Só a luta”
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“A morte e a morte de Quincas Berro Dágua” (1961)
“Como pode um homem, aos cinquenta anos, abandonar a família, a casa, os hábitos de toda uma vida, os conhecidos antigos, para vagabundear pelas ruas, beber nos botequins baratos, frequentar o meretrício, viver sujo e barbado, morar em infame pocilga, dormir em um catre miserável?”
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“O país do carnaval” (1931)
“Nas sombras da noite a Bahia parecia uma grande ruína de uma civilização que apenas começara a florescer”
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