Inspirado no post sobre as datas sequenciais deste século (veja aqui), um ano depois rememoro as datas sequenciais, que começaram em 2003 e duraram dez anos. Tudo para ilustrar como nossa vida é ordinária, e os momentos especiais (e para alguns seletos atores ou espectadores momentos históricos com relevância de fato) são acasos que independem de símbolos patéticos construídos por coincidências de números. Olha a asneirada:
01/02/03
Sábado, 2003
Estudante de jornalismo na época, dedicava meu tempo a produzir a banda The Orange Poem, em que cantava e tocava violão. Em Salvador-BA, combinei com os músicos da banda a gravação de um DVD demo no esquema “camaradagem” com os amigos da Facom/Ufba (o que acabou rolando, mas com a ajuda apenas do amigo irmão Rodrigo Minêu).
02/03/04
Terça, 2004
Mais do mesmo. Pela manhã, aulas na Facom/Ufba em Salvador-BA. À tarde, trabalhando, com honra, de motorista para meu pai avohai, enquanto resolvia assuntos ligados à banda The Orange Poem (DVD demo, sessão de fono e consulta com otorrino). À noite, assisti mais um episódio do sensacional desenho South Park.
03/04/05
Domingo, 2005
Domingo chuvoso em Salvador-BA, passei o dia inteiro hibernando com a namorada da época. À noite, fomos conferir o show (bem vazio) da banda de forró Aterraiá, do amigo Artur Paranhos, baixista das bandas The Orange Poem e Pedradura.
04/05/06
Quinta, 2006
Pela manhã, frequentei aulas na Facom/Ufba em Salvador-BA. Pela tarde, fiz o backup digital de arquivos da banda The Orange Poem, e analisei o CD da banda In Cactus, do baterista e amigo Dilton Borracha. À noite, o forró minguou porque o carro quebrou.
05/06/07
Terça, 2007
O dia em que vendi o Ford Ka preto, que me acompanhava desde 2002 e era carinhosamente chamado de “Black Bee”. Esse carro foi uma das marcas afetivas das lembranças do tempo de Facom/Ufba, e inspirou até a criação do hit forrozeiro “Fordi K”, e da ‘banda’ “Forró di K” com os amigos Afonso e Enzo - o trio (eu tocava zabumba) teve seu ápice ao tocar o hit no Trem do Forró na Paraíba em 2005. Ouça a canção aqui. Em Salvador-BA, na concessionária Tratocar, troquei-o por um Celta preto, o “Black Bean”, que me acompanhou até o final de 2011.
06/07/08
Domingo, 2008
Em Salvador-BA, pela manhã, após assistir o GP da Inglaterra da F1 (Hamilton ganhou e Barrichello chegou em 3º) na TV, fui ler o livro “Cafeína”, do amigo escritor Victor Mascarenhas (na época, pra mim, era apenas o sócio do meu primo Jorge Barreto), pra conferir porque ele tinha sido contemplado no Prêmio Braskem em 2007 e o meu livro não (concorri com uma versão preliminar do Abrupta Sede, diferente da versão final que foi publicada pela Via Litterarum em 2010). Pela tarde, acompanhado com a namorada da época, assistimos em DVD o tocante filme “Piaf - Um Hino ao Amor”, de Olivier Dahan.
07/08/09
Sexta, 2009
Atacado por um furúnculo abissal no pescoço, fui no médico pela manhã em Salvador-BA - tive que cair no antibiótico. Pela tarde, no trabalho da rádio Educadora FM, produzi os programas Especial das Seis (com o penúltimo CD do reggaeman Gregory Isaacs, “My Kind of Lady”) e Especial de Sábado (“20 anos sem Raul Seixas”, gravando com o amigo Carlos Eládio). À noite, fui conferir a exposição “Cão Cego” de Tatiana Blass no MAM e fui ao show de lançamento do hilário clipe da música “Ela me Disse”, da extensa Capitão Cometo e os Formidáveis Ladrões de Parafina da Terra do Nunca Extreme.
08/09/10
Quarta, 2010
Um dia enfadonho em Salvador-BA. Assim como no dia sequencial de 2009, fui ao médico - ao menos não foi uma emergência. Trabalhando à tarde pela Flica, só a noite prestou; ouvi diversos CDs da minha coleção para montar um playlist dos meus 30 anos.
09/10/11
Domingo, 2011
Último dia em Salvador-BA antes de viajar para a imersão total na Flica 2011 em Cachoeira-BA, foi um “hard work day” brabo, de manhã, tarde e noite, na minha casa e na casa de Alan Lobo, até finalizar à meia-noite e quinze minutos a impressão das tabelas e arrumação de todos os arquivos de trabalho para a 1ª edição da Flica.
10/11/12
Sábado, 2012
Em Salvador-BA, primeira vez que notei a existência das datas sequenciais. Então, fui aos meus arquivos e copilei não só as datas sequenciais (de 2003 a 2012), como também as datas idênticas dia-mês-ano (de 2001 a 2011). À noite, reunião de roteiro com Igor Souto, na finalização do curta “Distância”, adaptado no conto “Pai e Filho” de Hélio Pólvora.
11/12/13
Quarta, 2013
Coincidentemente passei todas as datas idênticas deste século (ex. 12/12/12) em Salvador-BA, minha cidade natal. Seria o mesmo com as datas sequenciais do século XXI, mas hoje, só pra contrariar, passei no Rio Grande do Sul, coincidentemente. Pela manhã, arrumando minhas tralhas e saindo de Canela, na Serra Gaúcha, onde pretendo realizar a festa literária Flican. À tarde, cheguei em Porto Alegre, almoço no aeroporto, check-in no hotel às 16h pra se enfurnar no quarto e não mais sair. Leitura de “Um Operário em Férias”, ótimo livro de contos de Cristovão Tezza; aviso no face da última oportunidade de ser ordinário: 11/12/13. Fui.
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