Ricardo Thadeu
Foto: Divulgação | Arte: Mirdad
"sou inquilino inadimplente
do meu próprio eu"
"só não se sente a falta
de quem vai para o além
quando quem sente a falta,
também"
"o silêncio do tao
ilumina as auras
tal (e qual) o som
de uma só mão
batendo palmas"
"O poema, senhores,
nem fode
nem sai de cima"
"sou o homem que não é
nem rápido nem rasteiro
(...)
sou o homem de pedra
entre o não e o sim
(...)
sou o extermínio imóvel
entre o gozo e a dor"
"Cinema mudo
ao som
do silêncio
sorrir"
"Alienígena
resolvi jogar fora os móveis
começando pela minha avó"
"Morte aos oitenta
o vento soprava
as velas de aniversário
no bolo da velha"
"Eu sou o sonho de outro eu
e esse eu é o sonho de outro"
"Viver de silêncios:
desvendar a caatinga destruída,
desbravar o curral vazio,
decifrar os esqueletos
na varanda"
"Mão boba
em meu caderno
desenho um coração
com seios e bunda"
"Traje a rigor
o sol, sempre nu
brilha"
"Tanto silêncio
e um homem a contemplar
os corpos.
(...)
Tanto sigilo
e um rato a nos decifrar
no escuro"
"Saída
ainda estamos
sozinhos"
Trechos presentes no livro de poemas "Trilogia do tempo" (Kalango, 2014), de Ricardo Thadeu.
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