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Vinte e oito passagens do mestre Dino Buzzati

Dino Buzzati
Foto: Divulgação | Arte: Mirdad


"Seu quarto permanecera idêntico, assim como o deixara, nem um livro fora deslocado. Porém, pareceu-lhe alheio. Sentou-se na poltrona, escutou os rumores dos carros na rua, o intermitente vozerio que vinha da cozinha. Deixou-se ficar só no quarto, a mãe rezava na igreja, os irmãos estavam longe, todo mundo vivia então sem ter necessidade nenhuma de Giovanni Drogo. Abriu uma janela, viu as casas cinzentas, telhado atrás de telhado, o céu caliginoso. Procurou numa gaveta os velhos cadernos de escola, um diário que mantivera por anos, algumas cartas; espantou-se por ter escrito aquelas coisas, nem se lembrava delas, tudo se referia a fatos estranhos e esquecidos. Sentou-se ao piano, ensaiou um acorde, tornou a baixar a tampa do teclado. 'E agora?', perguntava-se."


"Aos poucos a fé se enfraquecia. É difícil acreditar numa coisa quando se está sozinho e não se pode falar com ninguém. Justamente naquela época Drogo deu-se conta de que os homens, ainda que possam se querer bem, permanecem sempre distantes; que, se alguém sofre, a dor é totalmente sua, ninguém mais pode tomar para si uma mínima parte dela; que, se alguém sofre, os outros não vão sofrer por isso, ainda que o amor seja grande, e é isso o que causa a solidão da vida."


"Estrangeiro, perambulou pela cidade, à procura dos velhos amigos, soube que estavam ocupadíssimos com seus negócios, em grandes empresas, na carreira política. Falaram-lhe de coisas sérias e importantes, fábricas, estradas de ferro, hospitais. Um deles convidou-o para almoçar, outro tinha se casado, todos haviam tomado caminhos diferentes e, em quatro anos, já se haviam distanciado. Por mais que tentasse (mas também ele talvez não fosse mais capaz), não conseguia fazer renascer as conversas de antigamente, as brincadeiras, os modos de falar. Perambulava pela cidade à procura dos velhos amigos – e tinham sido muitos –, mas acabava por achar-se sozinho numa calçada, com muitas horas vazias antes de a noite chegar."


"Foi aí então que dos fundos recessos saiu, límpido e tremulante, um novo pensamento: a morte (...) Pareceu-lhe que a fuga do tempo havia parado, como se o encanto tivesse rompido. O vórtice tornara-se cada vez mais intenso nos últimos tempos, em seguida, repentinamente, mais nada, o mundo pairava estagnado numa apatia horizontal e os relógios andavam inutilmente. A estrada de Drogo estava terminada; lá está ele agora sobre a solitária orla de um mar cinzento e uniforme, e ao redor nem uma casa, nem uma árvore, nem um homem, tudo assim, desde tempo imemoriais."


"Finalmente Drogo entendeu, e um lento arrepio percorreu-lhe a espinha. Era a água, era uma longínqua cascata rumorejante, a pique nos despenhadeiros próximos. O vento que fazia oscilar o longo jorro, o misterioso jogo dos ecos, o diferente som das pedras em percussão, formavam uma voz humana, que falava, falava: palavras de nossa vida, que se estava sempre prestes a entender, mas que na verdade nunca se entendia (...) Não era então o soldado que cantarolava, não era um homem sensível ao frio, às punições e ao amor, mas a montanha hostil. 'Que triste engano', pensou Drogo, 'talvez tudo seja assim; acreditamos que ao redor haja criaturas semelhantes a nós e, ao contrário, só há gelo, pedras que falam uma língua estrangeira; preparamo-nos para cumprimentar o amigo, mas o braço cai inerte, o sorriso se apaga, porque percebemos que estamos completamente sós.'"


"(...) A enigmática mancha parecia imóvel, como se estivesse dormindo, e pouco a pouco Giovanni recomeçava a pensar que na verdade não havia nada ali, apenas um rochedo escuro, semelhante a uma freira, e que seus olhos tinham se enganado, um pouco de cansaço, nada mais, uma tola alucinação. Agora sentia até uma sombra de opaca amargura, como quando as graves horas do destino passam ao nosso lado sem nos tocar e seu ruído se perde ao longe, enquanto continuamos solitários, entre redemoinhos de folhas secas, a sentir saudade da terrível mas grande ocasião perdida."


"Hábitos, as desenfreadas corridas a cavalo, de ponta a ponta através da esplanada atrás do forte, em competição de bravura com os companheiros, nas tardes de folga, e as pacientes partidas de xadrez, à noite, que terminavam em voz alta, frequentemente ganhas por Drogo (o capitão Ortiz lhe dissera: 'É sempre assim, os recém-chegados no começo ganham sempre. Com todos acontece o mesmo, iludimo-nos de sermos realmente valentes, só que, ao contrário, é apenas questão da novidade, os outros também acabam por aprender o nosso sistema, e um belo dia não se consegue mais nada.')."


"Angustina estava pálido, agora não alisava mais o bigodinho, mas fitava diante de si a penumbra. Já pairava na sala o sentimento da noite, quando os medos saem das decrépitas paredes e a infelicidade se torna suave, quando a alma bate, orgulhosa, as asas sobre a humanidade adormecida."



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"Ao contrário do que dizem os cientistas, não é que a estrutura dos átomos que compõem a matéria se assemelhe vagamente a um sistema planetário: na realidade, cada átomo é um sistema planetário, infinitamente pequeno em relação a nós, com um sol, os planetas que giram ao seu redor e, eventualmente, vários satélites (...) Exatamente na última extremidade da segunda pata direita da mosca que estará atormentando o professor, há um átomo cujo sistema solar compreende um planeta habitado por seres idênticos a nós (...) Também o planeta no qual vive o professor Splitteri poderia pertencer a um sistema solar que constituísse um átomo da pata de uma mosca num universo de grau superior (...) Por sua vez, o planeta onde vive esta segunda hipotética mosca – evidentemente, do tamanho de milhares de galáxias – poderia pertencer a um sistema solar que constituísse um átomo da pata de uma terceira mosca de um universo ulterior (...) Como podemos excluir tal fato? De mosca em mosca, por assim dizer, podemos nos perder imaginando universos cada vez mais gigantescos, cuja dimensão é tão grande que não pode ser expressa, não digo por cifras, mas nem por fórmulas humanas."


"O homem é, na realidade, uma imprevista anomalia no curso do processo evolutivo da vida, não o resultado ao qual a evolução devia necessariamente chegar. De fato, é concebível que a oficina da natureza tenha posto deliberadamente em circulação um animal ao mesmo tempo fraco, inteligentíssimo e mortal, isto é, inevitavelmente infeliz? Foi uma espécie de erro, um acaso quase inverossímil que racionalmente não tem motivo para se repetir em nenhum planeta – existem talvez bilhões de bilhões de bilhões – que apresentem condições ambientais iguais às da Terra."


"(...) o pior, quando se morre, é ir embora sozinho. Se partimos todos juntos, e aqui não fica mais ninguém, não digo que seja uma festa, mas quase. Que medo se pode ter quando a sorte é comum? (...) como é bom ver abolida de repente a escandalosa superioridade de quem tem o único mérito de ter nascido depois de nós. E que belíssima lição para certos patifes que lutam dia e noite para avançar como búfalos para uma lira a mais no cofrezinho, por um degrau a mais de poder, por um aplauso a mais, por uma mulher a mais, por uma trapaça a mais e que já planejaram seus sucessos por uma horrível quantidade anos futuros. Que sacrossanta ducha para tantos jovenzinhos que se julgam os donos absolutos do mundo, da inteligência, do justo e do belo e olham para nós, velhos, como baratas petrefactas, como se fossem viver eternamente, que magnífica surpresa, todos carregados como um sopro no mesmo carro negro fúnebre e lá, de ponta-cabeça, nas cataratas do nada (...) 'Oh sim, venha, bendito asteroide, não erre o caminho (...)'"


"(...) A morte física é um fenômeno eterno e, afinal de contas, excessivamente banal. Mas há outra morte, que algumas vezes é até pior. O desmoronamento da personalidade, o hábito mimético, a capitulação ao ambiente, a renúncia a si mesmo... Olhe ao seu redor. Fale com as pessoas. Não percebe que estão mortas, pelo menos 60%? E a cada ano cresce esse número. Apagadas, niveladas, submissas. Todos desejam a mesma coisa, dizem as mesmas coisas, todos pensam as mesmas e idênticas coisas. Nojenta civilização de massa (...) Há hoje nações imensas, todas feitas de pessoas mortas. Centenas de milhões de cadáveres. E trabalham, constroem, inventam, criam terríveis ocupações, estão felizes e contentes. Mas são uns pobres mortos."


"(...) O que é desagradável num hospital? A doença, talvez? Não. O que é desagradável é ver todos os outros, que não estão doentes. Quando chega a noite, nós condenados, para a cama, e os médicos, as enfermeiras, os assistentes etc. vão embora como passarinhos pela cidade, para casa, para a casa de amigos, para o restaurante, o cinema, o teatro, o amor. E isso deprime terrivelmente, creia, nos faz sentir diminuídos, influi de forma decisiva no processo. Ao contrário, se a gente está moribundo e os outros já estão todos mortos, a gente se sente um imperador. E aqui, exatamente, realizamos o milagre. Em primeiro lugar, nenhuma visita de parentes e de amigos, para evitar comparações desagradáveis. E depois, depois... médicos, assistentes, cirurgiões, anestesistas, enfermeiras etc., todos gravemente doentes. Ao fazer a comparação, os doentes sentem-se donos, sentem-se sãos. Sentem-se? Tornam-se sãos. Às vezes curam-se sem nem precisar de uma pílula."


"Embora nunca o tenha dito a ninguém, minha mulher, meus filhos e os médicos percebem claramente o que estou pensando e se esforçam de todas as maneiras para me tranquilizar. Riem, brincam, falam de coisas agradáveis e frívolas, fazem projetos a longo prazo (...) Minha cura completa está sendo descontada a partir do ponto de partida. Em dez dias, no máximo, estarei de novo em casa; em vinte, estarei ótimo como antes (...) Contudo, quanto mais se demonstra despreocupação e alegria ao meu redor, tanto mais me convenço de que tenho razão (...) a alegria e a serenidade que se dispensa ao doente na véspera das operações são, em geral, diretamente proporcionais ao perigo. É sobretudo quando os médicos asseguram, sorrindo, que não existe nenhum perigo, que mais devemos ficar alerta."



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"É paradisíaca a escadaria de onde se assiste ao triunfo do Eterno."


"E sobre a morte, você não diz nada? Não cogitou dela? Ela continua a subir dentro de você. Ainda que em todo o seu corpo não houvesse nem uma célula gasta, da mesma forma ela avançaria. Desde o dia em que você nasceu, está subindo milímetro por milímetro (...) Você não pensa nisso, é verdade, por enquanto esqueceu completamente, mas quando parece que lhe falta somente um sopro, uma distância imperceptível, menos de um passo, para ser feliz, aí você tropeça e não avança nem consegue saber por quê, esse intervalo infinitesimal é sempre ela, a morte, e você pode fugir pelos oceanos e pelos montes, você a trará sempre dentro de si mesmo e, odiando-a mais do que qualquer outra coisa, a nutrirá de si próprio dia e noite: nunca houve mãe tão dedicada ao filho."


"Que é você, criatura? Um gracioso grãozinho de pó perdido no universo, tão só, simples e desprotegido (...) Uma camada infinitesimal de ar sempre nos divide, nunca, realmente nunca, poderemos superá-la. Assim, você ficará fora de mim, com todos seus estranhos mistérios. Sorrisos, abraços, ternos olhares, quanto esforço inútil. Mas nos encontraremos. Somos ilhas solitárias, semeadas no oceano, e um imenso espaço as separa. Beijos, juramentos, lágrimas; são como pequenas pontes, ridículos gravetos que atiramos, da margem, para ultrapassar os abismos. E todo dia se repete esta história absurda."


"As páginas da vida, quero dizer, as horas, os dias astronômicos e os meses, sem necessidade de estúpidas metáforas, se sucedem com grande rapidez (...) Caminham lentamente, como grandes senhores. Mas nunca param, os malditos, não dão nem um segundo de descanso, em vão corremos na frente, preparamos, planejamos, cálculos, projetos. Somos homens, ai de mim, e de vez em quando devemos parar. Paramos e adormecemos. Mas assim, enquanto estamos parados à beira da estrada, sonhando com estranhas coisas, as horas, os dias, meses e anos nos alcançam, um por um, com sua abominável lentidão nos ultrapassam, perdem-se no fim da estrada. Depois, pela manhã, notamos que ficamos para trás, começamos a perseguição (...) Queremos dizer simplesmente que, neste exato momento, acaba a juventude."


"(...) Nenhuma sociedade, de fato, é tão baixa e desonrosa como a que repele os velhos para as margens da estrada, humilha-os e esquece-os, dizendo-lhes com pobres palavras: – Viveram suficientemente, agora fora! (...) Nenhuma sociedade é tão ignóbil como a nossa (...) onde aos velhos se deixa mais ou menos o lixo e se acha graça (...) E então os vemos pela rua, olhando ao redor, tímidos, pedindo desculpas por ainda estarem aqui (...) As crianças têm a infinita vantagem de terem sido postas no mundo por vocês, vocês têm o crédito, enquanto os velhos carregam o erro imperdoável de terem consumido a vida por vocês, para vocês tudo, trabalho, sacrifícios, amor, na melancólica ilusão de que um dia vocês lhes restituiriam um pouco daquele bem. Pior ainda: carregam o erro de não lembrar mais a infinita conta que lhes poderiam apresentar: e aqueles olhares humildes, cansados e submissos os cortam mais do que um remorso."


"Nunca a conheci tão bela, embora nos víssemos frequentemente. É claro, você não pensava nem em mim nem neste ou naquele homem. Talvez, quem sabe, num vestido novo ou nos sapatos que a machucavam. Sobre essas misérias havia porém algo de maior que a transformava; todo o seu destino, infeliz, estava celebrando o único possível e amargo triunfo: o de dirigir-se com tamanha e cega desfaçatez para a ruína."


"(...) Com os cotovelos no peitoril, em silêncio (...) ouviremos bater a porta de casa, obra de nossos filhos, que, cansados de nós, estão impacientes por sair. Da rua, levantando a cabeça, nos cumprimentarão alegremente, mas sem nenhum entusiasmo, para libertar a alma também deste último dever, e depois se dispersarão pelos jardins para entregar-se ao amor (...) Veremos, portanto, nossos filhos felizes – quanto se possa ser nesse mundo – orgulhosos de sua idade, estranhamente satisfeitos, como acontece com os jovens, por serem a fileira de maior frescor, os últimos e ao mesmo tempo os primeiros, ainda em jejum e por isso insaciáveis, certos de que tudo, desde o princípio dos séculos, foi preparado exclusivamente para eles."


"É possível que há pouco, no refúgio, antes de partir, deitado na enxerga, ele tenha devaneado longamente sobre o esquálido amanhã (...) Talvez se tenha visto andar de um lado para outro, oferecendo seus trabalhos literários ou musicais, que provavelmente precisavam de tempos mais fáceis e calmos, propensos à arte, precisavam de gente refinada; ou talvez se tenha visto bater às portas dos jornais, dos editores, dos teatros, dos velhos amigos que têm outras coisas na cabeça, dos amigos distraídos e egoístas como eu. Talvez tenha percebido este melancólico entardecer de uma tarde que nem existiu. E ao redor, o alvoroço de um mundo ávido e estrangeiro que não sabia o que fazer dele (...) – Zapparoli, Zapparoli! – gritamos, usando as mãos como porta-voz, às geleiras que não respondem; – Zapparoli, por que não volta?"


"Deixou o guichê com o certificado na mão. Estranho. Agora que o conseguira, não lhe dava mais nenhum valor. Rodeando com passos rápidos a sua fila, percebeu, com vergonha, seus semelhantes pregados ainda na espera; eram idênticos a ele meia hora antes: rostos ansiosos, tensos no estupor da inutilidade e do egoísmo, com olhares de inveja e de ódio voltados para ele, toda aquela preocupação miserável, aquele desejo, aquele fanático amor por si mesmos."


"(...) ele vagueava na vida sem maiores necessidades profundas, como se não sofresse mais nenhum insulto do mundo ou como se seus sofrimentos fossem exclusivamente pessoais e não pudessem concernir os outros. Ao passo que, antes, não era assim. E como não se pudesse imaginar que fosse a qualidade das aflições que tivesse mudado, restava pensar que ele mudara, que estivesse vazio, que tivesse perdido a faculdade de recolher numa só as dispersas e secretas vozes dos homens."


"O mais importante está lá atrás, no fundo das casas onde estagna o cheiro dos corpos nus. De lá saem as grandes descobertas, os vícios, os filhos, as ideias que fazem avançar o mundo, a morte. Misteriosos esconderijos do homem: são também a grande maravilha da vida, o que torna as pessoas suportáveis. Como poderíamos continuar, mesmo por um dia, se deles soubéssemos tudo?"


"(...) nos espelhos olha-nos um rosto ao mesmo tempo velhíssimo e novo, que conhecemos, ai de mim, bem demais; porém, nunca nos aparecera tão pálido, sarcástico e, em seu conjunto, desolado. E do silêncio profundo, sobre o pálido eco do tango, o murmúrio da água, escorrendo dos grandes mictórios de maiólica, fala-nos, traiçoeiramente, com acento humilde e amigo, lembrando-nos bondosamente as misérias do homem e as esperanças perdidas (...) Escapa-nos o domínio do mundo e, revolvendo sempre a voz dos mictórios em nossos amargos pensamentos, sacudimos a cabeça para ver o outro, aquele rosto néscio, no espelho, que nos faz um sinal negativo."


"Muita gente, ao cumprimentar um artista, faz essa maldade: a de louvar não suas obras recentes, que são realmente suas, mas trabalhos velhíssimos, cujo verdadeiro autor não existe mais. Porque o eu de vinte anos atrás é para mim um estranho, com o qual tenho muito pouca coisa em comum. E se escreveu alguma coisa realmente boa, tenho quase raiva. O eu a quem quero bem é o de hoje, no máximo o de ontem, de anteontem. Mais longe, é um estrangeiro desconhecido cujos méritos me são indiferentes."


"Uma praça imensa, portanto, tendo ao redor uma infinidade de casas, esta é a vida; e, no centro, os homens que negociam entre si e nunca alguém consegue conhecer as outras casas; somente a sua e, mesmo esta, geralmente mal, porque permanecem muitos ângulos escuros e às vezes quartos inteiros que o dono não tem paciência ou coragem de explorar. E a verdade se encontra somente nas casas e não fora delas. De maneira que, do resto do gênero humano, nunca se sabe nada."



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