Bob Marley & The Wailers foi o primeiro grupo que de fato fui fã. Costumava colocar o rádio no banheiro pra tomar banho curtindo um som. Era 1995, tinha 14 anos, e a promo da coletânea Legend 2 pôs Iron Lion Zion pra tocar na Transamérica FM, eu acho. Bastou alguns segundos da canção pra que eu pirasse no banho; dancei freneticamente, quase em transe mamulengo. Experiência esquisita, coisa de doido. Quando o locutor anunciou Bob Marley, iniciei uma obsessiva compulsão; passei a pesquisar, na medida do possível (o PC só chegou seis anos depois em minha casa), tudo que estivesse relacionado ao imortal rei do reggae. E o caro amigo Jackson Rogério gravou uma fita K7 com algumas músicas da coletânea Legend.
Essa fita resistiu bravamente. Tocava o dia inteiro, seja no rádio ou no walkman, e o ano de 1996 foi o mais autista de todos. Com 15 anos, batizei-me de Besouro Marley, e só ouvia Bob Marley & The Wailers o tempo inteiro, às vezes outros ícones do reggae também, além de ser ouvinte fiel do programa Cidade Reggae, com o hoje camarada Ataíde no comando. E todo mês gastava 50% da minha mesada comprando dois discos importados do rei na extinta Wine Music do Itaigara, a caríssimos R$ 25,00 (pra época, que um nacional custava no máximo $ 10/15) cada.
Quando finalmente ganhei um som que tocava CD (comprei quase toda a coleção de BMW e a guardava como jóias no armário, pois não tinha como ouvir), descobri, através do Legend 2, a canção Natural Mystic (originalmente lançada em 1977, no álbum Exodus).
Pra mim, é a canção maior do grupo Bob Marley & The Wailers, que possui a essência bruta do que é o roots reggae (o estilo do gênero que mais curto, o mais hipnotizante, meditativo e lombrador), em três fundamentos basilares:
a) o baixo gravão, com poucas notas, respirando nos espaços, que faz o ‘tum/duum_dum-dum’ pulsante que nos conduz a Jah;
b) a bateria ‘one drop rhythm’, marca do mestre Wailer Carlton Barrett, simples e genial, cymbal e caixa, pegada da paz ‘tss-tss/tá_tss-tss’;
c) teclado e/ou guitarra fazendo um ‘tchek’ singular, sem dobrar (que é bom, mas é mais elaborado), temperinho cuja função é ressaltar o pulso do baixo.
Além disso, tem os solos ‘bluesy’ de guitarra, lá no fundinho, em resposta aos versos cantados, e os metais sarcásticos, bem temperados, anunciando que a mística já está fluindo no ar.
Natural Mystic
(Bob Marley)
There's a natural mystic blowing through the air;
If you listen carefully now you will hear.
This could be the first trumpet, might as well be the last:
Many more will have to suffer,
Many more will have to die - don't ask me why.
Things are not the way they used to be,
I won't tell no lie;
One and all have to face reality now.
'Though I've tried to find the answer to all the questions they ask.
'Though I know it's impossible to go livin' through the past -
Don't tell no lie.
There's a natural mystic blowing through the air -
Can't keep them down -
If you listen carefully now you will hear.
There's a natural mystic blowing through the air.
This could be the first trumpet, might as well be the last:
Many more will have to suffer,
Many more will have to die - don't ask me why.
There's a natural mystic blowing through the air -
I won't tell no lie;
If you listen carefully now you will hear:
There's a natural mystic blowing through the air.
Such a natural mystic blowing through the air;
There's a natural mystic blowing through the air;
Such a natural mystic blowing through the air;
Such a natural mystic blowing through the air;
Such a natural mystic blowing through the air.
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Comentários
Lá na década de 90,só só tinha condições de ter uma fita,e essa mesma se partia,e eu remendava com Kkkk, só não podia ficar sem ouvir esse cara.