Neste dia 'novado', destaco o trabalho do cantor, compositor e violeiro Wilson Dias, mineiro de Olhos D’Água (Vale do Jequitinhonha), e o meu vício na música Canção de Siruiz, faixa 07 do álbum Picuá, de 2008. Segundo consta no encarte do CD, o Wilson explica sua composição em cima de obra de domínio público, registrada pelo genial João Guimarães Rosa: “Lendo Grande Sertão: Veredas, lembrei-me de uma melodia que surgiu quando fazia minhas caminhadas. Deparei-me com o texto, peguei a viola e cantei a canção do início ao fim”.
Wilson Dias - Canção de Siruiz
Canção de Siruiz
(Domínio Público-João Guimarães Rosa / Wilson Dias)
Urubu é vila alta
Mais idosa do sertão
Padroeira minha vida
Vim de lá, volto mais não
Corro os dias nesses verdes
Meu boi mocho baetão
Buriti, água azulada
Carnaúba, sal do chão
Remanso de rio largo
Viola da solidão
Quando vou pra dar batalha
Convido meu coração
Além de Canção de Suruiz, que tem um solo ‘entupiu tudo’ (expressão cunhada pelo percussionista figuraça Antenor Cardoso) de guitarra acústica do brilhante músico André Siqueira (lembrou-me a sensibilidade do genial Mou Brasil), destaco também duas canções viciantes: Martim Pescador e Jequitinhonha (faixas 03 e 14 do Picuá). A primeira tem um refrão singelo, adesivo por demais, qu’eu cheguei ao absurdo de cantá-lo sem parar por 15 minutos seguidos, sozinho ao volante em uma tarde de engarrafa'pensamentos. E a outra não tem vídeo, mas segue a letra e a deixa pra ouvi-la no Myspace do Wilson Dias.
Wilson Dias - Martim Pescador
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Jequitinhonha
(Wilson Dias / Gervásio Horta)
Jequitinhonha a morena sonha
Com o canoeiro
Jequitinhonha tá tão tristonha
No cativeiro
A noite chora
A noite emplora ao padroeiro
Que traga o cesto cheio de peixe
O ano inteiro
Rio vai pro mar
Rio vai levar
Leva minha mágoa
Em sua água
Quem te espera de braços abertos
É iemanja
Quem te espera de braços abertos
É a rainha do mar
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