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O oco-transbordo, de Tiganá Santana — Parte 01

Tiganá Santana
Foto: Rodrigo Sombra | Arte: Mirdad


"A morte
é o que a sinopse
não abordou"


"O instante é
puir a cera do ouvido para cheirar as vistas
enquanto o fogo circula a febre ou
a fuga dos espíritos"


"Fossem vitais os tecidos, não haveria rio,
que delonga a
emoção grossa do que é pisado
pelo peso ou pelo fato"


"Não há nada no mundo
que se importe com o mundo enquanto coisa extrínseca.
O rio, à noite, faz um sol esquecido do protagonismo"


"Das moradas que invadimos, uma se dedica a ser espaço, a segunda, à desordem; a mesma, à autotrofia (...) Outras pontes conectam o corpo com o sumiço (...) é sempre solar a estagnação sobre a sombra (...) é sempre sombria a riqueza concentrada dum corpo mudo"


"O lacre é o que permite identificar a nudez em novelo, na rua, geminando as oficinas de filosofia. Pra quando se ocupa de fazer o próprio ânimo, a paisagem de extremos. O blues na navalha ou vadiagem que amplia, no berimbau, a árvore; ou então a lança restituída no imprensar-se pelas camadas de atenção, regresso e pândega"


"Na interioridade é tudo material e pensamento-transbordo. O engaste das fascinações, ordens comparadas e revelações bem argumentadas da mentira de viver"


"A técnica que incomoda a casa de adobe, que lhe inscreve as cinzas de fim de fogueira, do rio que lhe vaza o som"



Trechos extraídos do livro de poemas "O oco-transbordo" (Rubra Cartoneira Editorial, 2013), de Tiganá Santana.

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