Cristovão Tezza
Foto: Divulgação | Arte: Mirdad
Demorei seis anos para chegar no romance "O filho eterno", de Cristovão Tezza, mesmo após ele ter levado, de uma só vez, os seis mais importantes prêmios literários do país entre 2007 e 2009. Mesmo após todo o mercado comentar, e catapultar o escritor à sina "(I Can't Get No) Satisfaction" pra toda sua vida – sempre onde for, em cada entrevista ou palestra que der, vai ter que falar sobre o incrível romance.
Engraçado que, dias antes de começar a leitura, dois escritores amigos, que tenho admiração pelo conteúdo e obra que empenham, menosprezaram o livro. Fiquei intrigado, pois o amigo Márcio Matos tinha feito uma louvação à obra que não me deixou dúvidas ser merecedora de tantos louros. Pois bem, encarei "O filho eterno" com o atraso digno de um Barrichello com a disposição de ver quem estava correto. Márcio tinha razão – endosso seu comentário no Facebook: "Livraço aço aço!". Seguem abaixo as pílulas:
Parte I
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"O nascimento é uma brutalidade natural, a expulsão obscena da criança, o desmantelamento físico da mãe até o último limite da resistência, o peso e a fragilidade da carne viva, o sangue – cria-se um mundo inteiro de signos para ocultar a coisa em si, tosca como uma caverna escura"
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Parte II
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"O país teima, década a década, em não sair do lugar – quando se move, é para trás. Cruzadas medievais de reforma agrária, o modelo de massacre de Canudos como eterna inspiração da justiça e da polícia brasileiras, o vale-esmola como ponta de lança da política social do país. Um espírito de mendicância abraça a alma nacional – todos, ricos e pobres, estendem a mão; alguns abanam o rabo"
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Parte III
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"A felicidade. Sempre sentiu medo dessa palavra, que lhe soa arrogante, quando levada a sério; quando usada ao acaso, gastou-se completamente pelo uso e não corresponde mais a coisa alguma, além de um anúncio de tevê ou uma foto de calendário"
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