Marilyn Monroe por Tom Kelley
"Ora, quem se mata tem, automaticamente, o meu amor. E, além disso, prefiro as neuróticas (...) Saí do portão, fui comprar cigarros e só pensava na suicida. Na sua adolescência, Marilyn posou nua para uma folhinha. E esse impudor mercenário foi, ao mesmo tempo, de uma fulminante eficácia promocional. Do dia para a noite, ela se tornou célebre: – célebre e nua, célebre porque se despira. Daí para Hollywood, a distância seria um milímetro.
A folhinha correu mundo. Foi desejada em todos os idiomas. Nos botecos de Bombaim, ou do Cairo, ou de Cingapura, os paus-d'água sonhavam com o frescor implacável de sua nudez. Ao mesmo tempo, ela se tornava uma grande atriz (...) Tudo espantosamente inútil. Se ela fosse nomeada Rainha da Inglaterra, ou promovida a Madame Curte, ou carregada num andor – daria no mesmo. Nenhuma coroa, nenhuma estrela, nenhum manto – nada a salvaria de sua própria nudez"
Nelson Rodrigues em "Memórias – A menina sem estrela" (Agir, 2007).
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