Nancy Viégas é a voz do novo EP da Orange Poem
O produtor Emmanuel Mirdad continua a série de relançamentos da obra da banda psicodélica progressiva The Orange Poem, repaginados com vozes diversas. O novo EP se chama Wide, e será lançado na segunda 02 de junho, e a grande novidade é que pela primeira vez com a presença de um vocal feminino, da cantora, compositora, produtora e múltipla artista Nancy Viégas (atual Radiola e ex-Crac! e Nancyta e os Grazzers), considerada uma das divas do rock baiano (ao lado de Pitty e Rebeca Matta).
O EP Wide, que foi gravado por Tadeu Mascarenhas no estúdio Casa das Máquinas e tem Glauber Guimarães assinando a bela capa, traz duas composições de Emmanuel Mirdad, o blues "Wideness" e a psicodélica "Lost Mails", e a única música composta até então pela banda, o groove rock "Shining". Foi um desafio para Nancy gravar as músicas, já que o tom delas está numa região bem grave para sua voz, e o resultado surpreende, com a abertura de vozes pela artista, em interpretações distintas, do bluesy ao freak, da fluidez vibrante das divas à força rasgada do rock, da sutileza melódica suave do folk ao groove de quem é o vocal de muito suingue da Radiola.
Nancy Viégas grava a voz no
EP Wide no começo de
maio de 2014 – Foto: Mirdad
"Acompanho o trabalho de Nancy há anos com muita admiração em tudo que ela faz, e já trabalhamos juntos na 1
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A BANDA
De 2001 a 2007, a Orange Poem apresentou sua singular sonoridade baseada no psicodélico rock progressivo em inglês, com pitadas de blues, folk, groove e hard rock setentista. Formada por desconhecidos do cenário do rock baiano (e até entre si mesmos), conduzida pelo multifacetado Emmanuel Mirdad (escritor, compositor e produtor da Flica), foi uma banda guitarreira de canções autorais do seu produtor e então cantor. Marcus Zanom e Saint, guitarristas tão antagônicos de estilo, combinaram como yin-yang seus timbres em solos de puro feeling ou velocidade intensa. Na gruvada cozinha laranja, a segurança e técnica dos músicos Hosano Lima Jr. (baterista) e Artur Paranhos (baixista).
Pertencente à geração 00 do rock baiano, de bandas cantando em inglês como The Honkers e Plane of Mine, a Orange Poem gravou dois discos no estúdio Casa das Máquinas, do psicodélico Tadeu Mascarenhas (na época, ainda ostentava uma potente barba Talibã). "Shining Life, Confuse World", o primeiro, chegou a ser prensado e lançado no extinto World Bar em 2005, de forma totalmente independente, sem gravadora nem selo. A banda optou por não trabalhar a divulgação dele e partiram pra gravar o seguinte, "Sleep in Snow Shape", que foi concluído no final de 2006, poucos meses antes da banda acabar em março de 2007. Não chegou a ser lançado, e os membros se mudaram pra estados distintos. Mirdad nunca se conformou com o engavetamento das canções laranjas.
Tadeu Mascarenhas, Emmanuel Mirdad
e Nancy Viégas – Foto: Germano Estácio
A NOVA FASE
Depois de sete anos cabalísticos, Mirdad retomou o som laranja com a inusitada proposta de várias vozes distintas. "Pra que ter um vocalista fixo? O original, por exemplo, comprometeu as músicas e merecia ter sido demitido", comenta ironicamente, pois era ele mesmo o tal vocalista ruim. Devido à velocidade da contemplação moderna, que não tem mais o tempo para apreciar os álbuns com dez, doze músicas, o produtor decidiu investir no lançamento de EPs com três músicas cada, com a novidade de uma nova voz a cada lançamento. "Começamos em janeiro com o EP Ground na voz de Glauber Guimarães do Teclas Pretas (ouça aqui), lançamos em abril o EP Unquiet com a voz de Rodrigo Pinheiro, da Mulher Barbada (ouça aqui), e agora temos a linda voz feminina de Nancy Viégas, da Radiola, no EP Wide. Já estamos preparando os convites para os dois próximos, e se tudo der certo, teremos um EP bem nervoso, e outro 'ancestrodélico'", explica Mirdad.
As músicas foram gravadas entre 2005 e 2006 e estavam engavetadas desde o fim da banda. Com a volta da Orange Poem, as músicas ganharam uma nova mixagem e a presença do novo membro da banda: o tecladista Tadeu Mascarenhas, responsável pelos sintetizadores que estão temperando mais ainda a psicodelia do som laranja. Tadeu, engenheiro de som das gravações e co-produtor das músicas, sempre orbitou pela banda e agora topou fazer parte do grupo. "Somos amigos há 10 anos, curtimos as sequelas criativas proporcionadas pelo poema, e como a Orange é uma banda de estúdio, não interfere em sua agenda concorrida", informa Mirdad.
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AS CANÇÕES
Wideness
(Emmanuel Mirdad)
Blues progressivo, com tempero psicodélico, espaço democrático de improvisação dos músicos laranjas e uma diva bluesy na voz. Foi a primeira composição de Mirdad, iniciada em julho de 1997, e só concluída agora, após diversas versões e mudanças de melodia (a 1
Lost Mails
(Emmanuel Mirdad)
Psicodelia progressiva, bem ambientada por belos efeitos de guitarra (lembram desde arranjo oriental a um cello suave e harmônico) e uma interpretação fluida nos momentos suaves e forte/rasgada nos momentos altos. Os versos tratam de algumas automações de uma vida moderna, de correspondências perdidas, poesias ao redor e referências artísticas como Salvador Dalí e Clarice Lispector.
Shining
(The Orange Poem)
Primeira composição em conjunto do poema laranja, traz uma sonoridade diferente, um groove rock com solos diversos, do nervoso ao suingue, do blues-rock ao sintetizador psicodélico, intercalando com o groove pesado do baixo e muita plasticidade e rítmica nas interpretações vocais. O poema traz aquele ocasional “às vezes eu me sinto” que sempre nos interfere e provoca sérias reflexões internas.
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O EP WIDE
01. Wideness
(Emmanuel Mirdad)
BR-N1I-14-00008
02. Lost Mails
(Emmanuel Mirdad)
BR-N1I-14-00009
(The Orange Poem)
BR-N1I-14-00010
Mirdad (violão 12 cordas e gritos)
Marcus Zanom (guitarra)
Tadeu Mascarenhas (sintetizador e guitarra)
Saint (guitarra)
Hosano Jr. (bateria)
Artur Paranhos (baixo)
Gravação, mixagem e masterização: Tadeu Mascarenhas (Estúdio Casa das Máquinas)
Produção artística e executiva: Emmanuel Mirdad
Arte do EP: Glauber Guimarães
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