Crítica do livro Quem se habilita a colorir o vazio? pelo jornalista e escritor Valdeck Almeida de Jesus
Crítica do livro Quem se habilita a colorir o vazio? — Todos os poemas de Emmanuel Mirdad (2017) em destaque no blog do jornalista e escritor Valdeck Almeida de Jesus em 19/10/2017.
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Por: Valdeck Almeida de Jesus
Este é o título do livro de poemas de Emmanuel Mirdad. A interrogação sugere uma provocação a uma leitura, ou apenas uma questão que o próprio livro utiliza para instigar respostas diversas. Aqui poderia o leitor se deter e tecer considerações as mais variadas. Como leitura é algo muito individual, com caminhos e destinos distintos a cada passada de olho, peguei o primeiro atalho e segui, curioso, por um lado, e tentando ser despretensioso, por outro.
Enfim, comecei na linha do prefácio, segui um a um os textos. Encontrar respostas objetivas é inútil, pois poesia não tem receita, sequer minha interpretação seria a única e acertada. Resolvi fruir, sorver, aproveitar o fluxo e viajar nesse trajeto poético de trezentas e vinte e seis páginas, tentando não me afogar, parando quando o fôlego pedia, porém sem desistir da viagem.
Na jornada fui anotando os textos que me chamaram mais a atenção, mas, como dito, esta é uma viagem solitária; outros e outras leitores/as terão, cada um/a, sea própria linha de mergulho. “Antes tocava Gonzaga” (pág.26) e “Reaprender a simplicidade” (pág. 41), versos de dois poemas do livro, me deram a pista para “colorir o cotidiano / em um P&B intimista” (pág.137). Então, desci fundo, aportando para respirar, pausa para descansar, pois o trem da poesia não parou; eu segui numa arrancada e deixei a memória volátil marcar as pedras (preciosas pedras) do caminho.
Vi cuscuz, inhame, o lar, orgulho de ser nordestino, sonhos, amores incompreendidos, desejos de mudar o mundo e a si mesmo (delírios de poeta) e uma infinidade de belezas plásticas, imagens que falam e ouvem e sentem, vivas, o mundo invisível de Mirdad.
Sem nenhuma hierarquia e, de novo, assevero que aqui é a minha primeira impressão, da primeira leitura, marquei os poemas prediletos: “O rangido” (pág.27), “Unskonto on vaara” (“A religião é um perigo” – pág.34), “A mendiga e eu” (pág.288), “8/8/88” (pág.286), “A anedota do tolo” (pág.50), “Último voo” (pág.277), “Questão dúbia” (pág.275), “Livrai-nos do Botox, Matusalém!” (pág.64), “Armadilha” (pág.264), “Fagia” (72), “Escrever é doloroso demais” (pág.73), “A ouvir “The Moon” (pág.76), “Chuva” (pag.241), “Microtons de sóis” (pág.91), “Danilo na ceia das hienas” (pág.226), “El’eu” (pág.224), “Fantoche” (pág.222), “Quando escrevo, é assim” (pág.110), “O milagre” (pág.219), “Féfa” (pág.120), “Haqui” (pág.132), “Hábito” (pág.137), “Os meninos sem badogues” (pág.179), “Forever alone” (pág.176), “Sereia” (pág.153), “Casulo” (pág.155), “Erupção” (pág.157), “Olhos de ogiva” (pág.159).
A primeira leitura terminou e deixou em mim uma “saudade que devora” (pág.21). Não há o que colorir, pois o livro já é pleno de nuances/cores, do pincel invisível do autor; nem há vazio, de alguma forma o poeta preencheu todos os seus anseios de temas, abordagens, invenções e desinvenções. Emmanuel Mirdad aborda temas difíceis, melancólicos, inusitados, tradicionais, modernos. O que há é espaço para navegar, sem precisão, sem buscas, deixando as águas desse poeta fazer a parte que lhe compete: navegar o leitor.
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(*) Valdeck Almeida de Jesus é jornalista, poeta, escritor e militante cultural.
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