Tive vontade de aplaudir de pé quando terminou. Quis gritar: "É isso, cinema é isso!" Uma porrada. Sem concessão. Sem afago. A expor a desgraça do ser humano, predador, hóspede indesejado, intruso, estranho, a venerar uma suposição ególatra que repete, a cada nascimento, o trágico destino de esbagaçar o planeta, transformar o coração de Gaia em cinzas, para recomeçar tudo de novo, perdido, faminto, violento, fanático.
Ele, com "e" maiúsculo, é poeta. Abusivo. O cão que nada faz, e entrega às hienas o seu filho para ser despedaçado e devorado pela turba em transe, fé ignorante.
Bravo, Darren Aronofsky (diretor e roteirista), um milhão de vezes bravo! Mother! (Mãe!, 2017) é o melhor filme que vi em 2017. Disparado! Ácido e lindo, que direção de arte e fotografia! Que roteiro, que roteiro! PQP! FODA! Estou em êxtase. Arte, pura arte! ESFREGUEM esse filme na cara dos caretas. Na cara de todos!
Bravo, Javier Bardem, que atuação, que atuação! Mais uma vez (depois da "morte" em No Country For Old Men, é inenarrável o prazer de assisti-lo como o "criador").
FAN-TÁS-TI-CO!
PS: Pela primeira vez, Jennifer Lawrence não me incomodou.
Fanpage do longa aqui
Foto: Emmanuel Mirdad
Ontem, no terraço do Glauber Rocha (Itaú Cinema), 20 minutos antes de começar a sessão, avistei Gaia aparecer, a iluminar as águas sagradas da Baía de Todos os Santos, para afirmar que o filme Mother! é abençoado.
Quando o filme é tão bom, continua a impactar por semanas e entra na lista de "filmes da minha vida", tenho o costume de guardar o ingresso (ou o canhoto). Foi assim com Dogville (2003), Amour (Amor, 2012) e Левиафан (Leviatã, 2014). E é assim com Mother!
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