Cidinha da Silva - Foto daqui
“Os trabalhos nas pedreiras, cachoeiras, rios e matas são mobilizadores das forças da natureza. (...) As pedras nos trazem a noção de resistência, silêncio e a compreensão do quanto somos ínfimos diante da criação. (...) As raízes, flores e frutos da mata, tudo o que se transforma, apresentam a impermanência do que nasce e morre, os novos estados a cada estação. (...) Os rios e cachoeiras nos ensinam, água que brota não cessa, cria e recria a vida, nutre segredos tal qual o rio, calmo a nossos olhos, mas polvilhado de redemoinhos e quedas. (...) O mar nos dá o sentido da travessia, da profundidade de sentimentos, da imensidão de horizontes, das forças maiores que fazem surgir da inconstância das ondas, a serenidade em nós.”
“Talvez o sabor mais recôndito do quiabo consista na flexibilidade para buscar novos caminhos; se não der de um jeito, que seja de outro. (...) Xangô não sabe escrever um nome na areia, esculpe-o na pedra. Seu consolo é saber que a pedra um dia foi água e a natureza das coisas permanece, mesmo quando muda de forma.”
“A lágrima é palavra abafada que escapa quando a maré dos olhos vaza e nos derrama pela face proteínas, sais minerais e gordura que lubrificam e limpam os olhos, retiram os véus, diminuem nossa acidez.”
Trechos presentes no livro de crônicas Baú de miudezas, sol e chuva (Mazza Edições, 2014), de Cidinha da Silva, páginas 42-43, 101 e 94-95, respectivamente.
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