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A casa da árvore, de Herculano Neto

Herculano Neto
Foto: Divulgação | Arte: Mirdad


"trago nos ombros o nome
que meu bisavô deu a meu avô
que meu avô deu a meu pai
que meu pai me deu
e que eu não tenho para quem dar

esse nome morre em mim"


"não deixe a infância para os
principiantes
ser criança exige experiência
paciência
horas de voo

ser criança não é para amadores
a infância é para profissionais
para os veteranos
para quem sabe cair"


"gosto do meu passado
até quando ele me condena"


"sou feito de hipóteses:

a mais provável é a que
melhor me desmente

a mais cruel é a que melhor
me explica"


"não tenho medo de ser simples
tenho medo de ser oco
de ser raso

não tenho medo do esquecimento
tenho medo da lembrança feita de mágoa
do rancor"


"invadiram a casa
picharam os quadros
quebraram os vasos
chutaram os gatos
mas a minha ironia ninguém levou"


"quem me vê entristecido
na rua
não sabe que descanso o peso da felicidade"


"não quero uma casa no campo
com verdes e animais
longe de tudo

quero uma casa na getúlio vargas
com vista pro viaduto
a poucas quadras da repartição"


"demorei para perceber que o meu silêncio começa na minha saudade"



Trechos presentes no livro de poemas "A casa da árvore" (Mondrongo, 2014), de Herculano Neto.

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