Pular para o conteúdo principal

Mestres Hélio Pólvora e Ruy Espinheira Filho

Hélio Pólvora e Ruy Espinheira Filho em outubro de 2013
Foto: Mirdad

Enquanto muitos repetem o clichê confortável Jorge Amado e Castro Alves, eu afirmo constantemente: sou mais Hélio Pólvora e Ruy Espinheira Filho

Mestres da literatura brasileira (e mundial, porque não?), baianos de nascença, são pra mim os melhores escritores de ficção e poesia vivos no Brasil, dois intelectuais de profundo conhecimento, elegância e ácida ironia diante das incoerências que nos cercam. Pais, professores, membros da Academia Baiana de Letras por mérito literário, foram à Flica em 2011 (Hélio) e 2012 (Ruy), amigos queridos. Meus dois mestres da literatura, juntos, em uma mesma foto tirada no último lançamento de Hélio na última quinta 03/10. 

Sempre que ousar sentar à frente do computador para escrever, verei essa foto antes e lembrarei de podar os excessos, evitar os adjetivos e as auto-referências, dilapidar o melhor da pedra e, ao final, sempre achar que poderia ter feito melhor. Sou eternamente grato! Minha imensa admiração a Hélio Pólvora e Ruy Espinheira Filho!

Comentários

Analu Ramos disse…
Que lindo depoimento. Sincero, poético e cheio de respeito aso mestres. Desde que ouvi Ruy na Flica, fiquei encantada com ele. Agora, em frente ao computador, procurando textos dele, achei este depoimento... lindo.
Abraços, Emmnuel.
Emmanuel Mirdad disse…
Obrigado pela visita e pelo comentário, Analu. Aproveito para indicar este link: http://elmirdad.blogspot.com.br/2013/10/pilulas-estacao-infinita-de-ruy.html

São as pílulas que catei no indispensável livro "Estação Infinita" do mestre Ruy. Confira! Abraço.
Alcir Santos disse…
Sem dúvida um comentário que vai além de uma reverência. É o reconhecimento explícito de quem escreve aos que, pela qualidade, servem de modelo.

Postagens mais visitadas deste blog

Dez passagens de Clarice Lispector nas cartas dos anos 1950 (parte 1)

Clarice Lispector (foto daqui ) “O outono aqui está muito bonito e o frio já está chegando. Parei uns tempos de trabalhar no livro [‘A maçã no escuro’] mas um dia desses recomeçarei. Tenho a impressão penosa de que me repito em cada livro com a obstinação de quem bate na mesma porta que não quer se abrir. Aliás minha impressão é mais geral ainda: tenho a impressão de que falo muito e que digo sempre as mesmas coisas, com o que eu devo chatear muito os ouvintes que por gentileza e carinho aguentam...” “Alô Fernando [Sabino], estou escrevendo pra você mas também não tenho nada o que dizer. Acho que é assim que pouco a pouco os velhos honestos terminam por não dizer nada. Mas o engraçado é que não tendo absolutamente nada o que dizer, dá uma vontade enorme de dizer. O quê? (...) E assim é que, por não ter absolutamente nada o que dizer, até livro já escrevi, e você também. Até que a dignidade do silêncio venha, o que é frase muito bonitinha e me emociona civicamente.”  “(...) O dinheiro s

Oito passagens de Conceição Evaristo no livro de contos Olhos d'água

Conceição Evaristo (Foto: Mariana Evaristo) "Tentando se equilibrar sobre a dor e o susto, Salinda contemplou-se no espelho. Sabia que ali encontraria a sua igual, bastava o gesto contemplativo de si mesma. E no lugar da sua face, viu a da outra. Do outro lado, como se verdade fosse, o nítido rosto da amiga surgiu para afirmar a força de um amor entre duas iguais. Mulheres, ambas se pareciam. Altas, negras e com dezenas de dreads a lhes enfeitar a cabeça. Ambas aves fêmeas, ousadas mergulhadoras na própria profundeza. E a cada vez que uma mergulhava na outra, o suave encontro de suas fendas-mulheres engravidava as duas de prazer. E o que parecia pouco, muito se tornava. O que finito era, se eternizava. E um leve e fugaz beijo na face, sombra rasurada de uma asa amarela de borboleta, se tornava uma certeza, uma presença incrustada nos poros da pele e da memória." "Tantos foram os amores na vida de Luamanda, que sempre um chamava mais um. Aconteceu também a paixão

Dez poemas de Carlos Drummond de Andrade no livro A rosa do povo

Consolo na praia Carlos Drummond de Andrade Vamos, não chores... A infância está perdida. A mocidade está perdida. Mas a vida não se perdeu. O primeiro amor passou. O segundo amor passou. O terceiro amor passou. Mas o coração continua. Perdeste o melhor amigo. Não tentaste qualquer viagem. Não possuis casa, navio, terra. Mas tens um cão. Algumas palavras duras, em voz mansa, te golpearam. Nunca, nunca cicatrizam. Mas, e o humour ? A injustiça não se resolve. À sombra do mundo errado murmuraste um protesto tímido. Mas virão outros. Tudo somado, devias precipitar-te — de vez — nas águas. Estás nu na areia, no vento... Dorme, meu filho. -------- Desfile Carlos Drummond de Andrade O rosto no travesseiro, escuto o tempo fluindo no mais completo silêncio. Como remédio entornado em camisa de doente; como dedo na penugem de braço de namorada; como vento no cabelo, fluindo: fiquei mais moço. Já não tenho cicatriz. Vejo-me noutra cidade. Sem mar nem derivativo, o corpo era bem pequeno para tanta